Leio no Jornal do Brasil (14/06/07 – A3) que o Supremo Tribunal Federal garantiu, tanto aos governadores quanto aos ministros, foro privilegiado em caso de ações de improbidade administrativa, mesmo que tais políticos já tenham abandonado o cargo. Ou seja, não basta a vergonha de termos políticos gastando (sabe-se lá como) o nosso pouco e suado dinheirinho sem qualquer planejamento ou concisão; agora podem também gastá-lo sem a preocupação de, num futuro, próximo ou não, prestarem contas de fato.
É claro que tal medida não visa a beneficiar apenas àqueles que se excederam na “queima de estoque” do tesouro/bem público. Por seis votos a cinco tal medida beneficia os que são suspeitos de corrupção, os que respondem a inquéritos, além de dificultar, e muito, o magnífico trabalho de investigação da Polícia Federal e sua linha padrão de combate ao lamaçal que nos atola até as nádegas. Com decisão tão inteligente e benéfica ao país, ficam aliviados homens de bem como Antônio Palocci, Pedro Malan, Ronaldo Sardenberg, e outros. Obviamente, tal decisão, assim como toda a decisão tomada neste país, pode ser revogada por uma nova composição do plenário. Esperamos que seja assim.
A questão maior talvez não seja mais deixar livre um acusado de improbidade administrativa – muitos poderão dizer que há coisa mais cabeluda boiando em terra brasilis –, o que nos estarrece e revolta é como são tomados certos rumos e decisões por aqui: sempre na surdina, no obscurantismo, na penumbra dos corredores frios do congresso, da câmara. Impressionante como está virando rotina a sem-vergonhice! Alguns esperam a vinda de um Papa para poder aumentar os próprios salários, outros fazem acordos por baixo do pano e declaram-se oposicionistas quando, na verdade, estão secretamente obedecendo ao mesmo pastor que proclamam inimigos.
Elegemos imensa camada de políticos despreparados ou sem a menor noção do que seja política, enfiamos um terno nessas pessoas e mandamos-nas para o ócio, “coçar o saco”, falar besteira, pregar a intolerância, o preconceito, bajular os caciques e coronéis, enfim, gastar o dinheiro nosso-de-cada-dia sem qualquer responsabilidade. Está tudo tão ruim que andamos aplaudindo políticos que fazem algo pela saúde e educação, como se isso não fosse obrigação de todos os nossos representantes enquanto políticos: homens preocupados com o bem-estar da polis.
Diante de certas notícias, diante das decisões ambíguas que nos cercam e da sensação de completa impotência como cidadão, como trabalhador que respeita às leis do seu país, tenho que dar o braço a torcer e concordar com a nossa ministra maior do turismo: o melhor que posso fazer é relaxar e gozar para esquecer todos os transtornos.
3 comentários:
Grande Marcelo: a decisão do Supremo protege as elites, confirmando que no Brasil cadeia é só para os lambaris. Os tubarões se protejem.
Acredito que, antes de qualquer outra reforma, temos que fazer a do Código Penal, a fim de que as leis sejam iguais para todos e não como hoje, onde favorecem os que estão no topo da pirâmide social. Para isso, precisamos todos aprender a votar. Com Arthur Virgílio, Tasso Jereissati et caterva tudo vai continuar como está. A luta é dura.
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PS: excelente o artigo do Pirata. Ainda não tinha lido. Vou lá parabenizar o cara.
Um abraço e bom findi.
PS: te linkei lá em casa.
Estar lá na sua casa, no pirata, no Quelemém, Sandra, enfim, ter uma porta entre os grandes é uma alegria.
É verdade, Jens, aprender a votar é a única saída, mas, infelizmente, tambémacho que "eles" fizeram o trabalho direitinho com o povo... Lavegem cerebral é pouco.
Abraço forte!
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