quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Quem é o palhaço?


Meu amigo e blogueiro Flávio Mesquita postou este tragicômico texto.
É pra gargalhar ou chorar?

No último domingo, diversos humoristas promoveram um protesto bem humorado contra a proibição da criação de piadas, montagens ou paródias de candidatos ou coligações durante 90 dias antes da eleição.
Na verdade, a tal proibição, apesar de prevista desde 1997, foi regulamentada ano passado pelo Tribunal Superior Eleitoral.
A medida, além de absurda e completamente equivocada, é, literalmente, uma piada de mau gosto. Primeiro, porque é anacrônica, reacionária e antiquada; segundo, porque rir é nossa vingança contra as desgraças cotidianas.
Ok. Não podemos fazer piadas sobre eles até outubro. Mas até lá só eles podem tirar sarro de nossa inteligência?
Aí é sacanagem. E da grossa!
Ou alguém em sã consciência vê seriedade nisso?

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O nada e o porra nenhuma

O Globo online descobriu uma maneira de colocar o Serra a frente da Dilma: é o Promessômetro!, ou seja, não é mais preciso recorrer ao Datafalha ou ao Igolpe, apenas montar o nada disfarçado de porra nenhuma.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Pessimismo Condensado

Por Halem Souza - Professor e editor do (excelente) blogue Sinistras Bibliotecas.



Memórias póstumas de Brás Cubas* é considerado por muitos o ponto de inflexão na obra de Machado de Assis, momento em que o escritor passa a produzir seus textos mais artisticamente elaborados. De fato, esse romance, publicado em 1881, ao menos do ponto de vista da forma, é estruturado de maneira nada usual, sobretudo se o compararmos a outras obras da ficção nacional da época. As constantes mudanças de ritmo na narrativa - perfeitas para seus capítulos curtos - fazem desse livro o palco ideal para algumas das mais célebres frases criadas por Machado de Assis. Roberto Schwarz (no livro Um mestre na periferia do capitalismo**), ressaltou que

"[...] a narrativa passa do trivial ao metafísico, ou vice-versa, do estrito ao digressivo, da palavra ao sinal (o capítulo à moda shandyana, feito de pontinhos, exclamações a interrogações), da progressão cronológica à marcha ré no tempo, do comercial ao bíblico, do épico ao intimista, do científico à charada, do neoclássico ao naturalista e ao chavão surrado etc. etc.."

O personagem Brás Cubas também é visto como um legítimo representante da parasitária oligarquia brasileira típica do século XIX. E é possível, como provaram Schwarz (no estudo acima mencionado) e outros críticos, fazer uma profunda análise sociológica a partir do romance.

Contudo, penso que Memórias póstumas... não deixa de ser por isso uma sensacional história sobre o egoísmo.

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Durante a leitura desse romance não é difícil constatar: Brás Cubas tem tudo para ser odiável, mas está longe de ser odioso.

A "simpatia" do narrador-personagem decorre, em grande parte, do lugar de onde provém sua narração: o pós-morte, único modo de diminuir sua hipocrisia.

O famoso último capítulo do romance consegue condensar toda a veleidade do protagonista - veleidade esta que proporciona o esquema narrativo da obra - , mas, principalmente, nos expõe seu arraigado egoísmo:


"Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a celebridade do emplastro, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto. Mais; não padeci a morte de Dona Plácida, nem a semidemência do Quincas Borba. Somadas umas coisas e outras, qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra, e conseguintemente que saí quite com a vida. E imaginará mal; porque ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas: - Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria".

A última frase - concisa, direta e impactante -, entretanto, revela ainda outro elemento: um pessimismo imenso. Porém, julgo que esse pessimismo não é do narrador - um garoto mimado na infância, bon vivant na juventude e um ocioso entediado na maturidade - e sim do próprio autor, Machado de Assis. Criador falando pela boca de sua criação. A miséria de que fala o escritor é a da espécie humana como um todo.

* ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. 14 ed. São Paulo: Ática, 1990 [Série Bom Livro]

** SCHWARZ, Roberto. Um mestre na periferia do capitalismo: Machado de Assis. 4 ed. São Paulo. Ed. 34, 2000 [Coleção Espírito Crítico]

sábado, 14 de agosto de 2010

Fórceps



Meu poema é mudo
o pensar é surdo
a mão na escrivaninha é inútil
suspira
inerte

O poema na escrivaninha é inútil
meu pensar é mudo
suspira
inerte
a mão é surda

A escrivaninha
o pensar árido
a mão submissa.
o poema
inútil
inerte
surdo
mudo
germinará?



quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Urra, Urra!

Está lá, na coluna do “jornalista”Augusto Nunes, na “revista” Veja: a foto do Presidente Lula, de óculos, lendo O Aleph, do Paulo Coelho e, acima, o título-pergunta “Ficou na orelha? Estacionou na dedicatória? Ou conseguiu chegar à primeira linha?

Como sempre (e olha que o esforço é tremendo!), eu presto atenção ao que o Augusto diz, mas ele não diz nada...

Dá-lhe PIG!


Ficou na orelha? Estacionou na dedicatória? Ou conseguiu chegar à primeira linha?Por Augusto Nunes

Grávido de emoção, o escritor Paulo Coelho decidiu dividir com o país o espanto causado pela cena: de óculos, caprichando na pose de professor de Linguística, Lula examina um livro. “A grande surpresa do dia fica por conta desta foto do Presidente Lula com O Aleph, meu novo livro”, avisou no twitter nesta segunda-feira.

Encaminhada à coluna pela twitteira Heloísa De Carli, a imagem só não vale como prova de que Lula agora aprecia leituras por um detalhe que aparentemente escapou a Paulo Coelho: o olhar do presidente está estacionado na orelha. Talvez se anime a decifrar a letra do autor na dedicatória. Jamais se saberá se conseguiu chegar à primeira linha do livro.

Viva o 'atchim' de sempre!

Está na revista Veja online: OMS anuncia o fim da pandemia da gripe A.

Nós, deste portal phoderoso (Algodão Pólvora), já dizíamos isso...

http://www.algodaopolvora.com.br/pt/component/content/article/77-tamofu.html

Enfim, viva o capitalismo e os seus canalhas!


OBS: Já está circulando um novo alerta:

http://oglobo.globo.com/vivermelhor/mat/2010/08/11/bacteria-mutante-resistente-todos-os-antibioticos-disponiveis-deixa-mundo-em-alerta-917369170.asp

Enfim, viva, viva!


Aliás, no blogue do meu amigo Flávio Lima, pequenas e valorosas palavras sobre o assunto que transcrevo a seguir:

Deu nO Globo e na Veja.
A pandemia da gripe H1N1, assim como o meu salário, chegou ao fim hoje.
Depois de ter consumido bilhões dos cofres dos governos mundo afora, com a compra de doses e mais doses de Tamofu, digo, Tamiflu.
Depois do Ministério da Saúde ter montado o maior esquema de vacinação pública do país, porque comprou mais de 100 milhões de doses da vacina e depois não sabia o que fazer e onde enfiar (ui!).
Depois de ter alavancado as ações da roche, detentora da patente do tal remédio.
Depois de ter enriquecido Donald Rumsfeld.
Depois de ter feito a alegria dos paranoicos e hipocondríacos de plantão.
Levando em consideração de que um CD do É o Tchan vendeu 2 milhões de cópias, essa gripe não foi um sucesso retumbante. Nem chegou a se apresentar no Gugu e no Faustão ou saiu um DVD no camelô. Na verdade, teve muito mais paranoia generalizada do que necessariamente uma epidmia.
No fim, fiz certo eu, que não tomei a tal vacina.

Enfim, o PIG!

Os retratos do PIG andam cada vez mais parecidos com os da turma do PCC: violência pra tudo quanto é lado, tanto intelectual quanto financeira.

Primeiro foi a Maitê que, talvez por participar do horroroso programa de bobagens (machista, inclusive! Pois feito para implicitar que há mulheres inteligentes no mundo) Saia Justa, resolveu, ela mesma, entrar numa: no blogue da Sonia Racy, do jornal (paulistano e Serrista) Estadão, a “Dona Beija” afirma nutrir esperanças de que o machismo possa derrotar a Dilma. Isso mesmo, pessoal, a Maitê gostaria que os trogloditas de plantão votassem no Serra, no Martelo, No Prego ou na Puta-que-o-pariu, menos na Dilma.

Depois foi a vez do jornalista Homer Simpson, do JN, se irritar com a postura serena da candidata do PT. O desespero pelo nocaute não vir e a óbvia superficialidade intelectual dos dois âncoras foram quase constrangedores.

Eu disse ‘quase’ porque foram salvos na última hora pela melhor notícia do dia: o Candidato Serra prega a campanha com pouca verba. Bem, claro que ele só disse isso depois de saber que a arrecadação da Dilma está 63% a mais do que todos os outros. É o Serra dependendo do Bolsa-Família!

Depois dessa, só uma Veja para eu relaxar e seguir acreditando nas grandes corporações midiáticas!

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Porra, PIG!

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Tudo bem que o PIG(*) não morre de amores pelo Lula. Isso não é novidade para ninguém.
Tudo bem também que o PIG está acostumado a escolher para nós do Presidente da República ao técnico da seleção e, quando não dá certo, atacar de revanchismo.
Até aí, morreu o Neves.
Agora, mentir e ser leviano não dá!
O Bonner Simpson dá show de descompostura, não se aguentando com a Dilma se saindo bem na sabatina.
Depois despejou o fel do PT em cima da Marina.
O Jabor afirma que Lula deveria se contentar em ser mascotinho do G8 a ter que defender o Irã (peraí, este não era o sonho do FH?).
Falam que o melhor momento de nossas vidas foram nos áureos anos de 1999 de FH, com dólar a mais de R$ 2,00 e crise asiática batendo à nossa porta.
Para isso, inventaram até um estudinho sacana.
Depois disseram que o ENEM não vem, porque a licitação da gráfica de impressão das provas foi suspensa.
Mas a suspensão é por looongos dois dias, pouco relevante em termos de administração pública, e o cronograma continua mantido.
Por fim, põe a Maitê para pregar o voto machista a favor do Serra e o Chico Anísio para falar que a Dilma é mais perigosa que o Bin Laden.
Porra, PIG!
Daqui a pouco, vocês vão dizer que o Serra continua na frente.
Ah! Mas isso vocês também já
disseram.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

O PIG é POP

Está em O Globo online: Serra defende campanha barata, pois candidatos não podem ser tratados como produtos.

Enfim, deixa eu ver se entendi: Dilma arrecada 63% a mais que todos e o Serra defende campanha barata... Enfim, o PIG, outrora oligarca, agora depende do Bolsa-Família.

Pequena lista dos deuses cujos nomes começam com a letra 'a' nos quais você não acredita .

Achei esta maravilha no ótimo blogue do Marcello Cabral (O Diabo no Meio da Rua). É conferir!

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Abassi Abeona Abgal Abuk Abundantia Ac-Yanto Acan Acat Achelois Achelous Acolmiztli Acolnahuacatl Adamanthea Adeona Adimurti Adityas Adonis Adrammelech Adrasteia Adroa Adroanzi Aegea Aengus Aeolus Aequitas Aether Aethon Aetna Africus Agastya Age Aghora Aglaea Agni Agoue Agrotora Agwe Ah-Bolom-Tzacab Ah-Cancum Ah-Chun-Caan Ah-Chuy-Kak Ah-Ciliz Ah-Cun-Can Ah-Cuxtal Ah-Hulneb Ah-Kin Ah-Kumix-Uinicob Ah-Mun Ah-Muzencab Ah-Peku Ah-Puch Ah-Tabai Ah-Uincir-Dz'acab Ah-Uuc-Ticab Aha-Njoku Ahau-Kin Ahmakiq Ahulane Ahura-Mazda Aida-Wedo Ailuros Aine Airmid Aita Aizan Aizen-Myoo Aja-Aja Ajbit Aji-Suki-Taka-Hi-Kone Ajok Aker Akhushtal Akkan Alaghom-Naom Alauwaimis Alcyone Alecto Alectrona Alemonia Allah Alom Alpan Alpheus Ama-Arhus Amaethon Ama-No-Minaka-Nushi Amaterasu Amathaunta Amatsu-Mikaboshi Amatsu-Kami Ama-Tsu-Mara Amaunet Ambika Ame-No-Mi-Kumari Ame-No-Wakahiko Ament Amida Amimitl Ammavaru Ammon Am-No-Tanabata-Hime Amphitrite Amun Amun-Re Amurru An Anala Ananke Anansi Anantesa Anatu Andhrimnir Andjety Angerona Angita Angitia Angrboda Anhur Ani Anila Ankt Anna Perenna Annamurti Annapurna Anouke Ansa Anteros Antevorte Anti Antu Anu Anubis Anuket Anumati Anunitu Anuradha Apa Apam-Napat Apep Apet Aphrodite Apis Aplu Apo Apocatequil Apollo Apsaras Apsu Apu Illapu Apu-Punchau Aquilo Aradia Aranyani Arazu Ardhanari Ardhanarisvara Ardra Arebati Arensnuphis Ares Arianrhod Artemis Artume Arundhati Aruru Aryman Asa Asclepius Ashnan Aslesa Astamatara Astraea Astrild Asuras Asvayujau Asvins Aten Athena Aticandika Atl Atla Atlas Atlaua Atri Atum Audhumla Aurora Auster Avatars-of-Vishnu Aya Ayyappan Azaca

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"Afirmo que somos ambos ateus. Apenas acredito num deus a menos que você. Quando você entender por que rejeita todos os outros deuses, entenderá por que rejeito o seu."
Stephen Henry Roberts
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O Kibe é cru e a campanha é temperada!

Vamos colocar alguns pingos nos “is” do Kibe, nem sempre Loco (às vezes calculadamente tendencioso, mesmo. Assim como eu!). O vídeo do Leandro é maravilhoso, os políticos são desbocados e debochados e eu, devo admitir, nem gosto muito do Serginho Band-aid, mas...

1) Segundo o advogado Ricardo Gama, que publicou o vídeo na internet, Leandro faz “marcação cerrada” no governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho, desde que este teria, segundo o jovem, lhe prometido um notebook que nunca foi entregue.

Peraí! O garoto faz marcação serrada no Cabral porque ele prometeu um pirulito que nunca deu? O garoto faz marcação, então, porque é revanchista e interesseiro, não por ser cidadão ou por estar de fato preocupado com conduta-política?

2) O presidente, visivelmente preocupado com a imagem, avisa:“O dia que a imprensa vier aí e pegar um final de semana com essa p*%rra fechada, o prejuízo político será infinitamente maior que colocar dois ‘guarda’ aí. Coloca dois ‘guarda’ aí. Coloca ‘o Bombeiro’ para tomar conta e abre isso.”. Cabral concorda.

Peraí! Alguma coisa errada no que o Presidente fala? Não entendi o estardalhaço.

3) Depois, abraçado com o presidente, Leandro reclama que todo dia acorda com o barulho doCaveirão, nome popular do carro blindado usado pelo BOPE em incursões nas favelas. Cabral, ao lado, pergunta: “Caveirão ou traficante na porta, ‘malandragem’?”. Leandro reafirma o que disse, alega ter vídeos para comprovar e ainda ouve risadas quando fala que na rua onde mora não há tráfico de drogas.

Peraí! Se não há tráfico na rua do Leandro, na praça do Leandro, no morro do Leandro, então, quem é que troca tiros com o caveirão? Eu?

4) O Leandro quer jogar tênis? Eu adoro golf, contudo, não exijo campo de golf na minha Baixada Fluminense. Alguém consegue imaginar o por quê? Sim, o Governador, o seu Vice e o Presidente foram sacanas, debochados e etc., mas cá entre nós, o Kibe e o Leandro sabem mais do que eu que esse vídeo é campanha eleitoral.



quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Quantos governos você conhece com tamanha eficiência?

Esta é daquelas que só o Brasil sabe fabricar, tamanha originalidade e surrealidade!

Está no Jornal O Dia online de hoje:

Cadeia sob o comando de presos

Ação da Polícia Civil e MP descobre que detentos tomavam conta da porta principal, tinham controle das chaves e faziam revistas na carceragem da Polinter de Queimados, onde 170 cumprem pena. Chefe da unidade e inspetor foram detidos

Rio - As chaves da carceragem da Polinter de Queimados, na Baixada Fluminense, estavam nas mãos de homicidas e acusados de estupro. As equipes do Grupo de Atuação Especial ao Combate do Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público e agentes das Corregedorias Geral Unificada (CGU) e da Polícia Civil foram recebidos por um preso no portão principal. A ‘administração’ da cadeia, com 170 internos provisórios à disposição da Justiça, era feita por Jefferson Ferreira Mafra, detento acusado de homicídio e tratado como se fosse policial.

Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia
Um dos detentos recebia e fazia a revista dos visitantes dos presos. Outros dois controlavam as algemas e faziam a contabilidade do grupo | Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia

A polícia apreendeu revólver 38 com a numeração raspada e munição, R$ 300, 21 dólares (R$ 36,75), 20 telefones celulares, chips e a contabilidade da propina cobrada pela quadrilha por regalias no xadrez.

Na sala de Mafra, havia um circuito interno de TV para monitorar os outros internos. Para ‘organizar’ a carceragem, que funciona ao lado da 55ª DP (Queimados), Mafra contava com o trabalho de outros três presos. Alex Charret seria o responsável por controlar as algemas; Robson da Silva faria a revista dos visitantes dos internos, enquanto Eber Alves dos Santos seria o ‘contador’.

Para desmantelar o esquema de propina na carceragem, o Ministério Público, que investigava o tráfico de drogas em Paracambi, interceptou conversas telefônicas, autorizadas pela Justiça, nas quais parentes de presos negociavam até R$ 3 mil pela permanência e mordomias na carceragem. Durante a ação dos agentes, foi descoberto que das sete celas, quatro eram ‘vips’, com ventiladores, TV, DVD e colchões. Para ter direito, pelo menos 20 presos pagavam R$ 100 por semana. Se quisessem usar celular, a taxa era de R$ 10, segundo a polícia. “Havia presos do lado de fora fazendo atendimento aos familiares”, repudiou o promotor Jorge Magno Vidal, do Gaeco.

Foto: Divulgação
Anotações seriam de pagamentos | Foto: Divulgação

Ontem, o chefe da carceragem, identificado como Paulo Renato, e o policial de plantão, conhecido como Da Silva, foram presos. Sete envolvidos foram levados à CGU para serem ouvidos. O delegado Orlando Zaccone, coordenador das carceragens, alegou que o esquema desarticulado em Queimados é reflexo da falta de estrutura. “Os fatos são graves, mas não há novidade. É repetição de fatos antigos nas carceragens do Rio, pela falta de estrutura. Será investigado”, afirmou Zaccone. Para o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, o trabalho é uma resposta: “Punir e colocar na rua não é problema. As corregedorias têm que mostrar a capacidade de reagir, como ocorreu hoje (ontem)”.

Suspeita de ligação com milicianos


Os agentes vão investigar a suspeita de que o detento Jefferson Ferreira Mafra teria envolvimento com integrantes de milícia que atua em São Gonçalo. Também querem saber se ele tinha regalias para passear em pontos turísticos do Rio, já que foram encontrados em sua cela dois bilhetes do Corcovado com data do dia 17 de janeiro.

Com as propinas cobradas na cadeia, Mafra teria ainda comprado casa para a família, como constatado nas investigações através de gravações telefônicas, autorizadas pela Justiça. Nas conversas foi identificado ainda que ele costumava dormir em casa.

Os agentes apreenderam bilhete de perito de Teresópolis que pede a Mafra — acostumado a ser tratado como policial — um favor: atender uma servidora. Em outro trecho, o perito agradece: ‘Estou ao seu dispor no IML de Teresópolis’.

Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia
Chefe da carceragem, identificado como Paulo Renato, foi detido | Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia

Ex-detento ainda colaborava

O esquema de corrupção montado na carceragem era considerado tão lucrativo que, segundo a polícia, até depois de ganhar liberdade, o ex-detento Adilson Lima dos Santos ainda frequentava a unidade.

Ontem, o revólver calibre 38 com a numeração raspada e munição também para calibre 40 estavam em uma bolsa com os documentos pessoais de Adilson, mas ele escapou da operação da polícia e do Ministério Público.

“Temos informações de que a arma pertencia a Adilson, que continuava trabalhando como colaborador na carceragem”, afirmou o delegado Jaime Filho, da Corregedoria Geral Unificada (CGU).

Reportagem de Adriana Cruz e Geraldo Perelo

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Pressa ou qualquer coisa

Óbvio que, em época de eleição, como diz a música da Rita Lee, “tudo vira bosta”. Mas é bom lembrar que mídia toma posição partidária, cidadãos o tomam e o mundo se divide em milhões de candidatos. Esta é a parte boa da democracia. E eu acredito que, em se tratando de democracia, qualquer parte já é boa, independente da escrotidão.

Um certo candidato disse que certo partido tem ligação com narcotráfico. Uma revista de grande circulação reproduziu a declaração (e isto é o certo a ser feito; jornalismo é jornalismo doa a quem doer) e, não satisfeita em apenas reproduzir, taxou no título: “’Fulano’ acertou no alvo”, dando a entender que tal declaração procede (Sem investigação e má-fé, chamamos isso de jornalismo marrom ou jornalismo arbitrário, panfletário, ideológico ou de merda, mesmo).

Nessa época agitada, de ânimos aflorados e correntes enlouquecidas, é bom serenarmos na reflexão: mídia partidária não informa, faz ibope.

Claro que não posso deixar de publicar outra pontinha de coluna do jornalista Carlos Brickmann, no Observatório da Imprensa:

Pressa e imperfeição

Aconteceu de novo: uma funcionária negra do governo americano fez uma série de declarações, sem nada ofensivo. Um maluco dos grupos Tea Party, nacionalistas de direita e adversários da imigração, editou as declarações, conseguindo montar uma frase racista: a funcionária teria dito que jamais contrataria um branco. A montagem repercutiu na Fox News, e o presidente Barack Obama decidiu de bate-pronto: demitiu a funcionária. Agora já se sabe que houve montagem e Obama está sem saber o que fazer. É complicado: a comunicação se tornou muito mais rápida, a difusão de notícias é quase instantânea, mas a checagem continua necessariamente lenta. Notícia errada difundida rapidamente significa que mais pessoas serão atingidas mais depressa por informações não confiáveis.