quarta-feira, 18 de julho de 2012

Feliz Aniversário!



Ele poderia até ser o vilão dos que, por cima, estupraram, por 27 anos, a sua liberdade física.
Ele poderia até ser o líder que, no rancor, observa de cima da montanha do superhomem nietzscheriano os pretos engolindo os brancos.
Ele poderia ser deus e se aposentar naquele derradeiro instante em que o sol brilhou e ele saiu dos braços da prisão.
Escolheu errar e ser humano. Escolheu acolher a todos, sem ressentimentos ou revanchismos. Escolheu dar a cara a tapa. Escolheu. E as escolhas são assim, sem méritos ou previsões.
Eu o amo porque não faço ideia de como é estar na sua pele linda, negra e africana. Amo a sua característica de amar incondicionalmente, mesmo no ódio alheio. Amo-o porque sei jamais ser tão lindo.
Ele está muitos mil quilômetros de mim, mas eu o tenho aqui, como uma referência nas decisões, como a materialização da Democracia que tento ter ao meu lado, orientando-me nas horas sedentas da noite escura.
Madiba, feliz aniversário!

sexta-feira, 13 de julho de 2012

13 de julho

Hoje, às 18 horas, haveria, se ainda existisse, um puta tributo ao Dia Mundial do Rock na rádio mais foda que já passou pelo Rio de Janeiro: Fluminense FM (A Maldita)!
A Maldita acabou, mas os seus órfãos ainda estão por aí... 
E esta música era "de lei" num dia como este!



quinta-feira, 12 de julho de 2012

Pára o mundo!


Para o mundo!
(Porra, o verbo parar sem o acento necessário mais parece que o texto é uma homenagem ao mundo... Esses letrados não sabem escrever).
Pára o mundo, porra!
(Agora, sim! Este palavreado chulo e este acento, jogados assim, como uma ejaculação... Olha, comoveu-me!).
 Pára o mundo qu’eu vou sair desse troço. O substituto do Demônies é o ex-marido da mulher do dono da Arca, responsável por essa melecada toda?
Pára, porra! Duvido o Costinha, lá de cima, inventar piada melhor que essa! É brincadeira, não é?
Não é? Então, pára!
Mas parece que eles não são amigos. A mulher trocou-o para morar na Arca e ele ficou magoado.
Ele vai depor na CPI (que descobriu que a revista óia está suja até os pentelhos, mas que jamais vai chamar o Victor Cívico Corleone) para dizer que jogou no veado e ganhou no burro.
Ele vai depor naquela CPI (que não vai convocar o Pedro A. Cabral porque, este, tem show do U2 para assistir na França) para dizer que não tem nada a dizer.
Chama o Glauber! Essa porra é Cinema Novo! Uma ideia na cabeça e muito dinheiro no bolso!
Posso terminar com duas perguntas bobas?
19 senadores votaram pela permanência do Demônio. Estavam convencidos da inocência ou com medinho?

terça-feira, 10 de julho de 2012

O sol e o gramado



O sol batia no gramado através do enorme luar acima da goiabeira. Parecia coisa de fotógrafo de filme hollywoodiano colocando filtro especial para que o dia parecesse noite. E ela estava totalmente inacreditável naquele vestido de gabardine tomara-que-caia sobre a grama, braços jogados acima do corpo e um semblante de satisfação excepcionalmente erótico. Os cabelos despojados, a pele aveludada que, sob o luar, refletia-o como as lâminas que o sol produz na água toda vez que ele atravessava a ponte Rio-Niteroi.
O sol batia no gramado e ela era toda luz quando disse que havia conseguido aquele apartamento tão sonhado, mobiliado, lavrado, escriturado. Ela disse de forma tão orgânica e vital que ele não percebeu o sangue se dissipar do rosto, tornando-o gelatinoso. Estremeceu diante da pergunta que inevitavelmente teria que fazer e fez: “mas como?” E ela, elevando as pernas em estado trigonal, deixando visível a sua calcinha branca e os pequenos pelos dourados da coxa, encarou o homem a sua frente e com apenas um fio de sorriso à la Mona Lisa vomitou de forma surpreeendentemente simples: “Ora, meu amor, você não se lembra daquele velho empresário?”
O sol batia no gramado e o fogo que, dentro dela, reluzia, nele era como o inferno que consome. Ele queria chorar e correr enquanto houvesse sol. Queria gritar ao mundo sobre o quanto ele era puro e honesto e, ela, uma vagabunda sem compaixão, uma rameira que não tinha respeito por nada e nem por ela mesma. Uma meretriz que se vende de forma nojenta e perniciosa. 
Por dias ele ficou vagando pelas ruas do Rio de Janeiro, sem precisão ou muita vontade de se barbear. Uns diziam que ele era um tolo, outros, que ele estava certo. Ele não dizia nada. E assim ficou por um tempo.
Um dia, quando ele assistia a Flamengo e Vasco pela TV aberta, ela entrou toda de seda e, sabendo a reação da seda em corpo diabolicamente perfeito e magnético, deixou-o cair pelo chão frio. Ele deixou o copo cair. Ela disse: “comprei aquele carro que sempre achei bonito”.
Ele, agora, mora no apartamento dela e, sempre que podem, atravessam a Ponte sentido Cabo Frio.
O velho comprou colchão d’água semana passada. 

domingo, 8 de julho de 2012

O Gato Escondido

Minha filhota, depois de olhar para a tela do computador por algum tempo sem nada fazer, encarou-me e disse: "Papai, me ajuda a fazer uma estorinha?"; mas eu queria fazer um churrasco pro almoço, estourar uma cerveja gelada, assistir ao jogo do mengão (péssimo futebol), enfim, encarei-a de volta e disse: "e por que você não faz sozinha? Você sabe contar estórias!"
A medida que uma página (ou foto no paint) ia ganhando forma escrita e desenhada, o churrasco perdia completamente a importância e a cerveja já havia ido para as cucuias... Coisa de gente que baba, mesmo; eu sou desses.
Minha filha ali no computador produzindo Literatura sozinha e o sentimento aquoso que a notícia do Gabriel G. Marquez fez inundaram-me.
A vida não é assim mesmo?
Quis corrigir e pontuar, mas, quer saber? Literatura é viva e movimenta-se. Deixa a gramática pra lá. Clarice tem 06 anos!