Soa quase como uma heresia saborear
os pensamentos que me percorrem, mas preciso materializá-los para o bem da
sinceridade: essa campanha presidencial me deixou com saudade das bolinhas de
papel...
Se achávamos a campanha do nosso
querido vampiro José Serrador de um calão abaixo das notas do Enem, o que se
viu em torno deste tucano amestrado e aterrorizado pela memória do
(presidente-que-não-foi-mas-quase) avô foi de lamber os beiços do subterrâneo.
A mídia PIG deste país está de parabéns. Nunca antes na história este país foi
tão melecado e enlameado por jornalismos de esgoto e denuncismos
irresponsáveis. Fora as manifestações públicas de proprietários midiáticos e
filhos destes com cartazes de xingamentos a países vizinhos, entre outras
tosqueiras sem noção. O golpe de misericórdia foi a capa-plágio daquela revista
que jogou o jornalismo fora (já não tinha quase nenhum) e aderiu ao terror.
Muita coisa estava em disputa, mas o
ódio que se seguiu a isso tinha origens genéticas e pré-concebidas em outros
níveis ideológicos que convém, com o tempo, ser refletido, debatido e sanado.
Houve um gigante adormecido, há muito, que acordou de fato, mas esse gigante
desperto atende pelos nomes de preconceito e intolerância. Ele é enorme e saiu
pela epiderme da nossa classe dominante atrasada, egocêntrica, altamente
religiosa e racista. O que se viu nas redes sociais e nas ruas foi uma explosão
furiosa contra os “inferiores”. O próprio FHC-Catinga fez coro e “preconceituou”:
votar na Dilma era coisa de desinformados, ou seja, coisa de gente sem
instrução. Só faltou chamar de vagabundos, mas isso ele já fizera com os
aposentados.
A esquerda pegou pesado também. O
show de horrores não teve fim. Precisamos pensar mais sobre o que queremos
fazer com toda essa liberdade que a democracia nos dá.
Enfim, entre mortos e feridos
salvaram-se os que permaneceram de pé. Que este governo possa colocar certas
coisas no prumo e que venha a reforma política imediatamente. Clamamos por isso.
No mais é parabenizar a presidenta e
desejá-la um bom governo. Os brasileiros merecem.