segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Entre tosqueiras e terrorismo

            Soa quase como uma heresia saborear os pensamentos que me percorrem, mas preciso materializá-los para o bem da sinceridade: essa campanha presidencial me deixou com saudade das bolinhas de papel...
            Se achávamos a campanha do nosso querido vampiro José Serrador de um calão abaixo das notas do Enem, o que se viu em torno deste tucano amestrado e aterrorizado pela memória do (presidente-que-não-foi-mas-quase) avô foi de lamber os beiços do subterrâneo. A mídia PIG deste país está de parabéns. Nunca antes na história este país foi tão melecado e enlameado por jornalismos de esgoto e denuncismos irresponsáveis. Fora as manifestações públicas de proprietários midiáticos e filhos destes com cartazes de xingamentos a países vizinhos, entre outras tosqueiras sem noção. O golpe de misericórdia foi a capa-plágio daquela revista que jogou o jornalismo fora (já não tinha quase nenhum) e aderiu ao terror.
            Muita coisa estava em disputa, mas o ódio que se seguiu a isso tinha origens genéticas e pré-concebidas em outros níveis ideológicos que convém, com o tempo, ser refletido, debatido e sanado. Houve um gigante adormecido, há muito, que acordou de fato, mas esse gigante desperto atende pelos nomes de preconceito e intolerância. Ele é enorme e saiu pela epiderme da nossa classe dominante atrasada, egocêntrica, altamente religiosa e racista. O que se viu nas redes sociais e nas ruas foi uma explosão furiosa contra os “inferiores”. O próprio FHC-Catinga fez coro  e “preconceituou”: votar na Dilma era coisa de desinformados, ou seja, coisa de gente sem instrução. Só faltou chamar de vagabundos, mas isso ele já fizera com os aposentados.
            A esquerda pegou pesado também. O show de horrores não teve fim. Precisamos pensar mais sobre o que queremos fazer com toda essa liberdade que a democracia nos dá.
            Enfim, entre mortos e feridos salvaram-se os que permaneceram de pé. Que este governo possa colocar certas coisas no prumo e que venha a reforma política imediatamente. Clamamos por isso.

            No mais é parabenizar a presidenta e desejá-la um bom governo. Os brasileiros merecem.

sábado, 18 de outubro de 2014

Por que eu voto (novamente) em Dilma Rousseff?


Não podemos tampar o sol com a peneira. Houve erro e provavelmente muito roubo na gestão da Petrobrás. O caso da refinaria de Pasadena é o paradigma disso e este é o calcanhar do valente guerreiro Aquiles do atual Governo.

Entretanto, mantendo minha posição de 2010, quando firmei meu voto em Dilma Rousseff, não tenho simpatia nem pelo PT, nem pelo PSDB. Ambos os partidos sempre fizeram alianças espúrias e cometeram atos nefastos em nome da governabilidade, rezando pela cartilha de Maquiavel de que os fins justificam os meios...

Só que no governo do PSDB, o Brasil avançou na miséria e na desigualdade social, enquanto o PT, criou escolas, faculdades, concedeu bolsas de estudos e retirou 42 milhões de pessoas da extrema pobreza.

Para mim, este continua a ser o argumento definitivo.


O BRASIL REAL - DE 2002 A 2013
Por Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira. Fonte: Pátria Latina


1. Produto Interno Bruto: 
2002 – R$ 1,48 trilhões
2013 – R$ 4,84 trilhões 

2. PIB per capita:
2002 – R$ 7,6 mil
2013 – R$ 24,1 mil

3. Dívida líquida do setor público: 
2002 – 60% do PIB
2013 – 34% do PIB

4. Produção de veículos: 
2002 – 1,8 milhões
2013 – 3,7 milhões

5. Safra Agrícola: 
2002 – 97 milhões de toneladas
2013 – 188 milhões de toneladas

6. Investimento Estrangeiro Direto: 
2002 – 16,6 bilhões de dólares
2013 – 64 bilhões de dólares

7. Reservas Internacionais:
2002 – 37 bilhões de dólares
2013 – 375,8 bilhões de dólares

8. Empregos Gerados: 
Governo FHC – 627 mil/ano
Governos Lula e Dilma – 1,79 milhões/ano

9. Taxa de Desemprego: 
2002 – 12,2%
2013 – 5,4%

10. Falências Requeridas em Média/ano: 
Governo FHC – 25.587
Governos Lula e Dilma – 5.795

11. Salário Mínimo: 
2002 – R$ 200 (1,42 cestas básicas)
2014 – R$ 724 (2,24 cestas básicas)

12. Dívida Externa em Relação às Reservas:
2002 – 557%
2014 – 81%

13. PROUNI – 1,2 milhões de bolsas

14. Salário Mínimo Convertido em Dólares:
2002 – 86,21
2014 – 305,00

15. Exportações:
2002 – 60,3 bilhões de dólares
2013 – 242 bilhões de dólares

16. Inflação Anual Média:
Governo FHC – 9,1%
Governos Lula e Dilma – 5,8%

17. PRONATEC – 6 Milhões de pessoas

18. Taxa Selic:
2002 – 18,9%
2012 – 8,5%

19. FIES – 1,3 milhões de pessoas com financiamento universitário

20. Minha Casa Minha Vida – 1,5 milhões de famílias beneficiadas

21. Luz Para Todos – 9,5 milhões de pessoas beneficiadas

22. Capacidade Energética: 
2001 - 74.800 MW
2013 - 122.900 MW

23. Brasil Sem Miséria – Retirou 22 milhões da extrema pobreza

24. Criação de Universidades Federais: 
Governos Lula e Dilma - 18
Governo FHC - zero

25. Criação de Escolas Técnicas:
Governos Lula e Dilma - 214
Governo FHC - 11
De 1500 até 1994 - 140

26. Desigualdade Social: 
Governo FHC - Queda de 2,2%
Governo PT - Queda de 11,4%

27. Produtividade: 
Governo FHC - Aumento de 0,3%
Governos Lula e Dilma - Aumento de 13,2%

28. Taxa de Pobreza:
2002 - 34%
2012 - 15%

29. Taxa de Extrema Pobreza:
2003 - 15%
2012 - 5,2%

30. Índice de Desenvolvimento Humano:
2000 - 0,669
2005 - 0,699
2012 - 0,730

31. Mortalidade Infantil:
2002 - 25,3 em 1000 nascidos vivos
2012 - 12,9 em 1000 nascidos vivos

32. Gastos Públicos em Saúde:
2002 - R$ 28 bilhões
2013 - R$ 106 bilhões

33. Gastos Públicos em Educação:
2002 - R$ 17 bilhões
2013 - R$ 94 bilhões

34. Estudantes no Ensino Superior: 
2003 - 583.800
2012 - 1.087.400

35. Risco Brasil (IPEA):
2002 - 1.446
2013 - 224

36. Operações da Polícia Federal:
Governo FHC - 48
Governo PT - 1.273 (15 mil presos)

37. Varas da Justiça Federal:
2003 - 100
2010 - 513

38. 40 milhões de pessoas ascenderam à Nova Classe Média (Classe C) e 42 milhões de pessoas saíram da miséria.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Delação Premiada: lendas, mitos, talvez verdades

Por Carlos Brickmann
Observatório da Imprensa


Como dizia a vovó, gato escaldado tem medo de água fria. Cachorro mordido por cobra tem medo de linguiça. Cidadãos normais, quando o governo anuncia que o preço da gasolina não vai subir, vão ao primeiro posto para encher o tanque. Pois caldo de galinha e bom senso nunca fazem mal a ninguém.

Observando o país real, nada mais justo do que acreditar, sempre que alguém acusa uma estatal, que houve mesmo superfaturamento. Se há empreiteiras no negócio, coisa boa não é. E se alguém anda com um belo dinheiro no bolso, embora nenhuma lei o proíba – é perigoso, porque bandido é o que não falta, mas não é ilegal – pode prender o afortunado, porque alguma deve ter aprontado.

Tudo isso pode estar errado, mas é fácil de entender: já vimos este filme muitas vezes, e no fim sempre roubam a bilheteria. O que é difícil entender é a cega confiança em delação premiada. O sujeito está preso, sujeito a toda sorte de constrangimentos, sua família é constantemente ameaçada daquilo a que chamam de esculacho, informações são vazadas todos os dias, a conta-gotas, para destruir sua reputação; e ele é informado de que, se não colaborar, estará sujeito a centenas de anos de prisão. Em compensação, se colaborar, passa do inferno ao céu de um dia para outro, com direito aos gozos dos bem-aventurados.

Este colunista não entende nada de Direito; bons amigos, da área, acham que tudo está bem. Mas não consegue ver direito a diferença entre as ameaças ao preso e sua família e as torturas físicas que todos condenamos. Não há, ao que se saiba, violência física; mas a violência moral contra o preso escolhido como candidato à delação premiada é permanente.

A justificativa da delação premiada não é, porém, o tema deste colunista – entre outras dezenas de motivos, por não entender nada de Direito. O que parece assustador é a confiança dos meios de comunicação nas informações obtidas por esse meio. Digamos que o prisioneiro seja informado de que, quanto melhor se comportar, quanto mais gente de determinadas listas apontar, mais benefícios terá com a delação premiada. Digamos que, para amarrar direitinho uma boa história de acusação, seja necessário incluir na trama alguém absolutamente insuspeito – alguém, por exemplo, como a Madre Tereza de Calcutá.

Voltemos ao delator (eta, palavra mais carregada de significados negativos!). Não podemos esperar dele que tenha a moral ilibada; ou não teria participado das manobras que agora denuncia. Também não podemos esperar que esteja absolutamente tranquilo, imune a eventuais pressões e ameaças à senhora sua mãe, à senhora sua esposa, a seus filhos e outros parentes. Não é lógico que resista: se quiserem que delate São Francisco de Assis, ele o fará. Ou não, como diria Caetano Veloso. E como é que os meios de comunicação irão distinguir a falsa delação da delação verdadeira? Investigando, ouvindo gente, tentando entender a papelada. Mas o que se vê, hoje em dia, é que não há jornalistas investigando o caso do “petrolão”: há repórteres, ótimos repórteres, usando seus bons contatos para obter, das autoridades, os vazamentos mais saborosos.

Laudos? OK, os laudos são importantes. Mas já houve laudos que apontaram problemas em próstatas de mulheres, lembra? Um repórter, grande amigo deste colunista, descobriu que seu índice de PSA, importante indicador de câncer na próstata, estava altíssimo. Seu irmão, médico, desconfiou, e mandou refazer o exame. O PSA estava normal. Foram ao laboratório do primeiro exame, um grande e bem reputado laboratório, e descobriram que lhe tinham entregue um laudo errado. E o tempo de terror que passou entre a descoberta do índice do primeiro laboratório e o índice normal do segundo laboratório? Não há maneira de compensar esse tipo de falha.

Este colunista viu laudos diversos no caso PC Farias, contraditórios, mas todos atestados por profissionais reconhecidos.

Voltemos ao tema original.

1. Um cidadão submetido às pressões habituais para que se transforme num delator premiado é digno de confiança? Quem garante que o que diz é verdade?

2. Considerando-se que o prisioneiro está nas mãos dos acusadores, quem garante que se comportarão como bons meninos, incapazes de tentar influir nas narrativas do delator?

Só há uma maneira de a imprensa lidar com esse tipo de caso: da mesma maneira que o irmão médico do repórter com PSA alto. Buscar confirmação em outra fonte, estudar profundamente o caso, envolver-se na pesquisa, duvidar dos presentes informativos que recebe. E lembrar-se de que a função do jornalista não é confiar em ninguém, muito menos em autoridades. A função do jornalista é desconfiar sempre – e mais desconfiar quanto mais poderosa for a fonte.


Faltou combinar com os russos


As urnas trouxeram más notícias para os institutos de pesquisa no domingo passado (5), quando parte das previsões eleitorais aferidas na véspera ou até na boca de urna foram atropeladas pela apuração.

As divergências entre previsão e apuração afetaram a credibilidade das pesquisas e levaram junto a cobertura dos jornais, amplamente escorada nos levantamentos --nunca as pesquisas eleitorais foram tão predominantes como neste ano.

Além delas havia basicamente mais dois ingredientes: trocas de acusações entre candidatos e denúncias de corrupção. O primeiro é o prato-feito fácil de todas as campanhas eleitorais, aquecido pela polarização e pelo micro-ondas insano de blogs e redes sociais.

No segundo, o protagonismo é do Ministério Público Federal, e os jornais ficaram no papel de publicar títulos e manchetes quase sempre construídas com um fio de notícia, em vazamentos feitos a conta-gotas por gente envolvida na investigação. O lide das reportagens trazia dois dedos de novidade, e o restante do texto era contexto e memória do que já havia sido publicado.

Nesse cenário desanimador, o infortúnio ajudou a pauta, e a adversidade que jogou Marina Silva na disputa garantiu uma montanha-russa que aumentou o trabalho dos institutos e facilitou o das Redações. Em 44 dias, a Folha deu oito manchetes para o Datafolha e uma para o Ibope, fora os títulos menores.

Pelo predomínio e pela influência das pesquisas no noticiário --e nos votos--, era obrigatório que o jornal fizesse uma avaliação consistente das divergências entre urnas e pesquisas, abordando os casos um a um e tentando fornecer explicações claras para não dar margem a desconfianças sobre manipulação.

Não foi o que aconteceu. A reportagem publicada na terça (7) soou como discurso chapa-branca, com título anódino (“Institutos de pesquisa sofrem críticas”) e linha-fina que dizia que as diferenças haviam gerado reclamações de políticos. Não foram só eles, a grita foi geral. Não foram só reclamações, foi incompreensão e desejo de entender.

Observei a inconsistência na crítica interna, ponderando que jornal deveria ter procurado outros especialistas, para ouvir opiniões independentes. Deveria ter aprofundado a discussão sobre as metodologias adotadas e seus limites.

A Secretaria de Redação acha que minha crítica está errada, porque parte do pressuposto de que os números da apuração precisam ser iguais aos da pesquisa e argumenta: “Quando o resultado da urna é igual ao da pesquisa divulgada na véspera, não é acerto do instituto. É apenas indício de que não houve transferência relevante de votos no sábado e no domingo, quando as pessoas mais falam de eleição”.

Bom, o jornal costuma celebrar o acerto quando os números coincidem. Deveria parar de fazê-lo. Depois, o problema não é do pressuposto, e sim do tratamento conferido a dados que deveriam ser extensivamente relativizados.

Conversei com Mauro Paulino e Márcia Cavallari, responsáveis pelos dois principais institutos de pesquisa, que enfatizaram as condicionantes das pesquisas. Paulino me informou, por exemplo, que dois terços das entrevistas do Datafolha foram feitos na sexta e um terço na manhã de sábado. Ele diz que havia um movimento de mudança de voto iniciado com o debate da “TV Globo” (em que Marina Silva foi mal) e intensificado ao longo do fim de semana pelas pesquisas de sábado, que deram o tucano em ascensão. O índice foi mudando.

A explicação faz sentido, mas nenhuma dessas ressalvas era contemplada na reportagem do domingo nem nas explicações de terça. No dia da eleição, havia uma longa análise do Datafolha, mas esses aspectos não eram mencionados.

Houve outras diferenças até mais gritantes que a da disputa presidencial, mas não é papel da ombudsman avaliar o desempenho dos institutos de pesquisas. É do jornal, que faz desses levantamentos a peça de resistência de seu noticiário.

A Secretaria de Redação afirma que a cobertura da Folha é cuidadosa e não trata pesquisa como tentativa de previsão do resultado das urnas. Se é essa a percepção, é bom acender a luz amarela, porque os russos não estão entendendo.

***
Vera Guimarães Martins é ombudsman da Folha de S. Paulo


sábado, 11 de outubro de 2014

WandNews - 59ª edição


E é chegada a edição de número 59 da sua WandNews, a coluninha que vem recheada com os absurdos mais sensacionais da semana.

Hoje temos a dignidade médica como escudo do chorume, a revista VEJA trocando “Guerra e Paz” por “Walt Disney”, a retumbante ignorância da revolta bandeirante contra nordestinos, e um Wando Responde ao separatista.


CHORUMINHO

Muitos comentaristas gostam de dizer que minha intenção é dividir o Brasil entre brancos e negros, pobres e ricos, norte e sul. É como se vivêssemos em plena igualdade de condições, sem conflitos de qualquer tipo, numa harmonia social de fazer inveja a qualquer país escandinavo. Hoje vamos dialogar com um chorumito que mostra que a realidade é bastante diferente.

Uma comunidade de quase 100.000 médicos e estudantes de medicina no Facebook foi alvo de uma reportagem do IG, que mostrou o peculiar ativismo político de alguns doutores brasileiros. O grupo não poderia ter um nome mais adequado: 


E é com toda essa dignidade que alguns integrantes têm destilado ódio contra quem não escolheu o mesmo candidato da maioria da classe médica. Segundo a reportagem, os militantes-doutores "pregam ‘castrações químicas’ contra nordestinos, profissionais com menor nível hierárquico, como recepcionistas de consultório e enfermeiras, e propõe um ‘holocausto’ entre os eleitores da petista"

Quanta dignidade! Médicos pisoteiam o Juramento de Hipócrates em público e propõem métodos nazistas para impedir a proliferação daqueles que optaram por um outro projeto político.

Uns confessam fazer campanha com pacientes dentro do consultório, outros dizem colocar ”a recepcionista no lugar dela” ameaçando com demissão caso Dilma ganhe.

Algumas frases revelam o tamanho da sensibilidade social desses médicos:

Um verdadeiro pot-pourri de chorumes encharcados de ódios contra quem não compartilha do mesmo nível hierárquico desses deuses do Olimpo. Sem muito o que dizer diante desse holocausto de dignidade, encerro a seção mais nobre dessa coluna com um trecho do Juramento de Hipócrates:



BEIJO NO CORAÇÃO

Em 1983, dois cientistas alemães da Universidade de Hamburgo revolucionaram o mundo da ciência. Uma fusão entre células de um boi e células de um tomate criou o “boimate”, o “fruto da carne”.

Essa notícia era uma brincadeira de 1º de abril da revista New Scientist, mas VEJA levou muito a sério. Além de criar um diagrama explicando o processo, a revista entrevistou um biólogo pra comentar a anedota com ares científicos. 

O beijo no coração não tinha como não ser pra revista, que novamente ficou confusa e protagonizou mais um capítulo da série “boimate”. 

Na última sexta, em entrevista dada a Globo depois do debate presidencial, Eduardo Jorge se saiu assim quando perguntado sobre o uso da maconha:

" (…) prefiro ler Tolstói, Romain Rolland, observar pássaros, brincar com meu neto, jogar futebol. Tenha paciência!"

Mas a VEJA entendeu:

"Prefiro assistir a Toy Story com meu neto ou jogar futebol”

Além da edição magistral das falas do candidato, a revista trocou o nome do escritor russo por o de um desenho animado da Disney. 

Se cientistas alemães pudessem fundir células de Tolstói com células de Buzz Lightyear, o personagem de Toy Story, talvez conseguiríamos criar esse incrível personagem:



IMAGEM WANDALIZADA

Mesmo com tantos motivos pra criticar o governo e sua candidata, a revolta contra os eleitores mais pobres parece ser mesmo a tática preferida de alguns militantes opositores.

Se você acha que os médicos esvaziaram os reservatórios de chorume, prepare-se para ler um texto vindo diretamente das profudenzas do volume morto, O manifesto anti-nordeste foi publicado na Revista Actual, que circula gratuitamente pelo interior de São Paulo. O título da coluna é “DESESPERO”:


O colunista Anderson Magalhaes propõe uma estratégia terrorista pra dificultar a participação dos pobres na festa da democracia. A coluna começa até que bem tranquila:

"Ainda tem salvação!!! Nesta eleição, diga não ao povão e faça com que a Dilma e sua corja perca seus votos na última hora”

Até aí, nada tão absurdo perto das declarações feitas no “Dignidade Médica”. Preste atenção apenas no erro de concordância em negrito, ele lhe será útil daqui a pouco.

"Vamos fechar as bocas de urna e as bocas de fumo, trancar as nossas ‘secretárias do lar’ em casa, interditar as casas de forró e proibir os porteiros de saírem dos prédios. Vamos paralisar todas as linhas de trem e ônibus, tirar a tv aberta do ar e obrigar todos assinarem pay per view. Subornar todos os que tenham ajuda de custo para o supermercado. Cancelar os vôos vindos do Nordeste e fazer sanções econômicas à Bahia enquanto Carlinhos Brown não prometer voto de silêncio … Ate la, Salvador e adjacências vão viver apenas do que produzem: dendê, cocada e Luiz Caldas"

A coisa alcançou um nível tão chorumesco, que chego até imaginar que o colunista seja um petralha infiltrado na revista pra difamar a oposição.

Mas tudo que está ruim ainda pode piorar:

Alagoas, Piaui e Maranhão ficariam de fora do cenário eleitoral por falta de quorum alfabetizado. E, para ter seu voto validado, todos terão de formular uma frase inteira sem erros de concordância e com todos os plurais - a regra vale para Goias e Tocantins, que politicamente pertencem a região Norte. Será que da certo?

Numa democracia isso não dá certo, não, querido. Sua proposta é o mais puro creme de chorume fascista. E, nesse mundo idealizado, está claro que sua carreira de carrasco gramatical seria um fracasso


WANDO RESPONDE

No post "Fernando Henrique o preconceito contra o nordestino", em que escrevo sobre a desqualificação histórica do nordestino em períodos eleitorais, um bandeirante confuso apareceu pra dar um recado aos leitores:


(Siga-me no Twitter: @JornalismoWando)