sexta-feira, 24 de julho de 2009

Proibido Proibir

De acordo com o que ando assistindo e lendo por aí, a polícia militar vai proibir a realização de baile funk em áreas consideradas violentas. O debate está lançado e, do canal MTV ao popular jornal O Dia, passando por nota do deputado Picciani, todos andam metendo o bedelho no assunto. Eu também irei.
Acredito que não exista, de fato, um debate sobre isso. Debater é por na mesa os prós e contras sobre um determinado tema e, sinceramente, não há como debater sobre a proibição do baile funk. Proibir um estilo musical com a alegação de incitar a violência é que deveria ser proibido! A competente, sutil e maravilhosamente educada polícia militar do Rio de Janeiro afirmar algo assim já deveria ser motivo o suficiente para nem debruçarmos sobre o assunto.
O que causa violência nas cidades é a ausência completa do Estado, o descaso da sociedade e a corrupção desenfreada, indecente e apavorante dos que fodem com este país. Se muitos meninos, de comunidades carentes, veem o traficante como herói, isto nada mais é do que um reflexo sobre como tais comunidades estão abandonadas, como o governo as ilhou, jogando todos os seus moradores ao deus-dará-ou-o-diabo-os-carregue. Traficantes são heróis quando não há a antítese, o espelho; quando não há a decência, a escola, o emprego, a dignidade, a cidadania. Traficantes são heróis quando a esperança e a expectativa resolvem ir embora.
As letras das músicas de funk revelam-se aulas de história, sociologia, economia, revelam de que é feita a escola da vida miserável e sobre como tratamos os nossos miseráveis. As letras estão repletas de aparelhos repressivos, assassinos, mundo-cão, muros erguidos e pontes dinamitadas. As letras falam de sexo e violência porque é no nível da animalização e da falta de perspectivas que tratamos os nossos “favelados”.
Eu, particularmente, detesto funk, assim como detesto berinjela, cerveja sem álcool, axé music (seja lá o que isso signifique), entre outras porradas de coisas, mas a proibição de um estilo musical é algo que não aceito, principalmente com tão tosca alegação.
Ou resolvemos os problemas do país com alguma seriedade ou viraremos, todos, pinturas de Salvador Dali.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

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enquanto brincava de Ser
(barquinho de papel)
atracava os sentidos
num píer de ilusões
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até que os desejos
(gotejando fluidos)
assaltaram a razão
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joguei fora
os lemes do passado
passei a limpo
a identidade
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e naufraguei as certezas
na paixão
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Elza Noronha

Caetano, a Folha e a Lei Rouanet

Eu prefiro o Chico e, sinceramente, a Folha ultimamente anda muito acima do seu nivel normal de tendenciosidade, mas o que o Caetano fala sobre utilização dos incentivos é certeiro! A porra da imprensa, que sempre sataniza àqueles a quem ela quer satanizar, revela-se o diabo na hora de mamar nas tetas do que ela própria critica.
Boa levantada do Caetano e, é claro, da Folha, que resolveu publicar um artigo contra si mesma (ainda acho que vem retaliação por aí, mas...).

Caetano Veloso critica a Folha e fala sobre documentário.

SILVANA ARANTES
.Caetano Veloso tem medo da morte, mas menos do que tinha "quando era mais moço e mais narcisista". Aos 66, ele tem "saudades do equilíbrio e da elasticidade do corpo, da força dos cabelos, o jato de urina forte, as ereções firmes, a alegria física da juventude".
Leia outros trechos da entrevista com Caetano Veloso"Odeio a cultura do desprezo no Brasil", diz CaetanoCaetano Veloso nega ter mudado de opinião sobre benefícios fiscais"O que é bonito tem de ser mostrado", diz ex de Caetano sobre nu do cantor
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Caetano Veloso odeia "a hipocrisia" e teme "o fanatismo". Ele acha que "dadas as revelações da personalidade pragmática do político Lula", a adesão de seu amigo e também músico Gilberto Gil ao governo, como ministro da Cultura (2003-2008) "não teve o caráter negativo" que ele temia.
Tudo isso o cantor e compositor baiano contou à Folha, numa entrevista a propósito de "Coração Vagabundo", documentário a seu respeito, que chega aos cinemas nesta sexta-feira (24). O diretor do filme, Fernando Grostein de Andrade, diz que sua intenção era realizar "não uma biografia, mas uma passagem pela vida de Caetano".
Com orçamento em torno de R$ 700 mil, considerado baixo pelos parâmetros brasileiros, "Coração Vagabundo" contou com patrocínio de empresas que tiveram incentivo fiscal para realizar o investimento no filme. O incentivo é proporcionado pelas leis federais de incentivo à cultura, das quais quase todos os filmes produzidos no Brasil lançam mão.
Quando fala no tema da subvenção estatal ao fazer artístico, representada sobretudo pela Lei Rouanet, que movimenta cerca de R$ 1 bilhão por ano, Caetano Veloso engrossa o discurso e critica a Folha, certo jornalismo "travestido de investigativo" e a coluna "Mônica Bergamo" nesta entrevista, que preferiu fazer por e-mail.
A polêmica sobre o uso da Lei Rouanet envolvendo o nome de Caetano tem origem na revelação feita pela Folha de que a turnê de seu mais novo álbum, "Zii e Zie", só pôde recorrer a patrocínio com benefício desse mecanismo de renúncia fiscal depois que o ministro da Cultura, Juca Ferreira, interveio em decisão da Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC).
A comissão analisa os projetos submetidos à Lei Rouanet e avaliou, originalmente, que a turnê de Caetano era comercialmente viável, podendo prescindir do incentivo. O orçamento era de R$ 2 milhões.
Caetano julga a cobertura da Folha "uma pobreza". Por um lado, ele estrila. Por outro, não se cansa de ter esperança de um dia "melhorar mais", como afirma a seguir.
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Folha - Na última vez em que falou à Folha sobre a Lei Rouanet, você deixou clara a sua impressão de não estar sendo devidamente compreendido. Poderia dizer qual é sua opinião sobre o subsídio estatal à produção artística e que avaliação faz do principal mecanismo em prática no Brasil --a Lei Rouanet?
Caetano Veloso - Uma moça entrou na fila de fãs no camarim e, ao chegar junto de mim, pediu para fazer duas perguntas. De cara, não percebi que era uma jornalista. Quando entendi isso, eu a encaminhei para a assessora de imprensa. Eu tinha uma fila grande para atender. Julguei que a assessora fosse dispensá-la.
Mas ela reapareceu depois, dizendo agora que faria uma pergunta só. Respondi rindo que sim, que fizéssemos logo para nos livrarmos. Era sobre a Lei Rouanet. Não sou bom nesses assuntos e já tinha lido na Folha sugestões de que eu estaria usando dinheiro público indevidamente. Ora, eu não pleiteei nada junto à comissão que se encarrega de julgar esses pedidos. O produtor que me contratou é que pleiteia. Como a comissão não aprovou, sob o pretexto de que uma turnê minha se sustenta sem isso, o jornal achou que havia um caso aí.
Em entrevista à revista "Cult", eu tinha dito que nunca pensava em Lei Rouanet quando tratava de música popular e que só me pronunciei a respeito por causa do cinema: eu havia me manifestado contra o projeto da Ancinav. A música popular, eu dizia, não me parece precisar de incentivos além dos que já tem. Continuo pensando assim (embora pudesse perfeitamente ter mudado de ideia).
Pois bem, a moça não só não fez uma única pergunta como na terceira de umas cinco punha na minha boca frases que eu não disse. Ela tinha sido enviada por Mônica Bergamo, que mantém uma página de fofocas meio "sociais", meio políticas (ou meio de autoridades, meio de celebridades) e o fito era nitidamente me tratar como se eu fosse um misto de Sarney com Dado Dolabella.
Ao fim da quarta resposta, disse-lhe que fosse embora. Ela perguntou triunfante: "Você está me mandando embora?". Respondi que estava e insisti para que fosse logo. Depois a Bergamo foi para o rádio gritar meu nome com aquela voz de taquara rachada, competindo em demagogia e má-fé com [o jornalista Ricardo] Boechat.
Claro que não ouvi isso na hora: uma amiga me mandou por e-mail em MP3. Havia um desejo ridículo de criar um caso em que eu aparecesse como um cara que não merece respeito. Li artigos de outros na Folha (e cartas de leitores) meio eufóricos com isso. Uma pobreza.
Mas um conhecido me escreveu o seguinte: "Não sei se você sabe, mas o papel de imprensa onde eles destilam o veneninho goza de 100% de isenção fiscal. Será que os próprios repórteres sabem disto? Estamos falando de dezenas e dezenas de milhões de reais em incentivos fiscais, não só federais (0% de PIS, Cofins, imposto de importação etc...) mas também estaduais, já que papel de imprensa também não paga um centavo de ICMS. E a isenção é dada a todo mundo, não só ao jornal do AfroReggae mas também a enormes corporações como a Folha, cujo faturamento está na casa do bilhão. A isenção de impostos do papel de imprensa é provavelmente a forma mais antiga de incentivo fiscal à cultura no Brasil. Acho que vem dos anos 50. Não sou contra ela. Ao contrário, sou muito a favor, tanto para os jornais quanto para os teus shows. Só sou contra a hipocrisiazinha vingativa --e boba-- travestida de jornalismo investigativo."
É um aspecto a ser pensado por mim e por você, Silvana. O ministro da cultura disse que achava desequilibrada a decisão da comissão (no meu caso como no de Bethânia e no de Fernanda Montenegro). Se não fosse assim, o produtor da minha turnê que se virasse para fazê-la seguir ou a suspendesse. Eu não ligo a mínima. O ministro quer mudar a lei. Seja como for, hoje todos a usam.
Mas eu não peço isso a ninguém. Conversei depois com Maurício Pessoa (o produtor contratante) e ele me disse que, sem isso, não teríamos espetáculos como o de Juazeiro do Norte, em que os ingressos custavam R$ 30. Mas eu não faço essas contas. Por mim, os ingressos todos dos meus shows deveriam ser menos caros porque o público que tem muito dinheiro é, em geral, muito careta --e eu não sou careta. Muitas pessoas que se identificam com o que faço não podem, em certas cidades, ir ver o meu show. Quem quer que me contrate deverá, contando ou não com isenção fiscal, tentar resolver essa questão, que me interessa. O resto --os casos jornalísticos de excitação por tentar destruir reputações-- não me interessa.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Notícias do nosso quintal

Gostaria de abrir a coluna com seriedade, crítica e profundidade analítica, mas como estou péssimo, resfriado e sem dinheiro, comentarei assuntos mais leves, cômicos inclusive.
A primeira notícia é um momento de fé e de união: de acordo com o jornal Folha de São Paulo, o filho do Senador Sarney, Fernando, foi indiciado pela Polícia Federal sob a acusação, entre outros crimes, de falsificar documentos para favorecer empresas em contratos com estatais. O órgão mais beneficiado pelos supostos crimes foi o Ministério de Minas e Energia, controlado politicamente pelo papai Sarney. Lindo, não? Fernandinho, quem diria, depois do imbróglio com a irmã, igualmente Sarney (em todas as suas adjetivações de Sarney), Roseana, e acusações de caixa dois e saque de 2 milhões da campanha da maninha para o governo do Maranhão. Família unida permanece unida!
A segunda é, digamos, tragicômica: o nosso querido senhor Presidente da República Federativa do Brasil, o Lula, disse que nossos Senadores da República são uma cambada de pizzaiolos. Alguns Senadores exaltaram-se e, na tentativa de provar que não são o que são, os que se dizem oposição pularam enraivecidos, acenderam a fogueira e foram assar uma pizza, outros oposicionistas, como o Sr. Cristovam Buarque, realmente indignados com a generalização, disse, segundo jornal O Dia, não ser possível que a gente tenha o presidente da República chamando os senadores de pizzaiolos. Concordo que um presidente não pode dizer isso, mas, cá entre nós, os nossos senadores também não deveriam fazer o que fazem, contudo...
E como estamos neste clima familiar e festivo, repasso a notícia que li em O Globo: a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou nesta quarta-feira um projeto de lei que torna crime fazer sexo com menores de idade. Ou seja, os pizzaiolos, quer dizer, senadores, deixam finalmente claro o que todos já sabem há tempos: foda, com ou sem consentimento, nos meninos de rua, nas prostitutas mirins, no alcoolismo de menores, na exploração escravocrata do trabalho infantil, só quem pode fazer é o governo, seus senadores e afins. Comer menina de 17 anos dá merda, explorá-la, escravizá-la, humilhá-la, assassiná-la, pode.
Enfim, bom final de semana a todos e um ótimo mundo para os cegos!

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Alguma mentira nesta charge?


Ganhei este e-1/2 e, por achá-lo totalmente "verossímil" dentro das Unidades Escolares da Baixada Fluminense, repasso com algum sorriso e lamento na boca.

Foi-me vendido com o título:

"Essa pergunta foi a vencedora em um congresso sobre vida sustentável":
"Todo mundo 'pensando' em deixar um planeta melhor para nossos filhos... Quando é que 'pensarão' em deixar filhos melhores para o nosso planeta?"

Não pesquisei para saber a verdade, apenas futuquei o Google (o que não quer dizer nada), mas a Charge, em questão, adaptada para a Língua Portuguesa, parece ser do francês Emmanuel Chaunu.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Algodão Pólvora

Amigos deste desajustado blogue,
A partir de agora, também estarei no sítio Algodão Pólvora.
Algodão Pólvora é uma realização de mentes etílicas e filósofos de botequim, a saber: William Gouveia, Flávio Lima e este que voz escreve.
Por enquanto está tudo meio que “em construção”, mas, parece, ficará tinindo muito em breve. Espero que dê certo.

Para quem quiser se aventurar:
http://www.algodaopolvora.com.br/portal/

Ofício nº 666

Caros amigos,
Vimos por meio deste notificar que a Secretaria Nacional do Toma-Lá-Dá-Cá (também conhecida como Uma-Mão-Lava-a-Outra) acabou de decretar quatro pareceres fundamentais para os que nunca foram pássaros, mas que, assim como os urubus que passeiam entre os girassóis, insistem em mergulhar nas roseiras da pouca-vergonha:

1) Entra em vigor, a partir de agora, que o parlamentar que não declarar seus castelos de areia, não importando quantos milhões sejam gastos, está isento de tal declaração transparente, ou seja, a partir desta data, é possível mentir e sonegar a vontade, pois nenhum conselho de ética se prostrará contra, muito pelo contrário, é possível até que, partindo deste princípio, a honradíssima Casa exija que o nobre parlamentar abra uma empresa de assessoria a fim de prestar serviços exclusivos a outros deputados, ensinando-os a construir castelos, cachoeiras ilícitas, etc.
2) É muito provável que seja, ainda este ano, aprovada uma medida importantíssima que visa legalizar a doação oculta para as campanhas. Exatamente! Nenhum partido precisará declarar que candidato foi o beneficiado com os obscenos milhões recebidos para as campanhas.
3) Ah!, é claro, como não poderia deixar de ser, uma notícia maravilhosa para os... Digamos... menos limpos: a facilitação para os que quiserem concorrer a uma vaga na Câmara dos Despudorados Federais, ou Impudicos Estaduais, e estiver com a “ficha suja”, foi aprovada. Foda-se se vocês respondem processos, de agora em diante, está oficializado, carimbado e ratificado que os filhos-da-puta do nosso país também amam.
4) Todas estas leis e decretos ficam nulos caso vocês sejam trabalhadores, honestos e, principalmente, pobres.

Sem mais a acrescentar (por enquanto), com os votos de altíssima paz e elevada estima,

Somos
Àqueles que não prestam.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Em cima da antevéspera

Hoje, no Notícias de Penúltima Hora, achismos bombásticos para o meu próprio deleite, que já é o bastante, pois nada mais repugnante do que meu sarcasmo diante das maravilhas do mundo:

1) Michael Jackson fará sua última apresentação! Um show espetacular com vários convidados especialíssimos e muitos, mas muitos fãs eufóricos (gritando, lambuzando, chorando, cantando) como em qualquer república show-businense, na maior demonstração, como já escreveu Pato Fu, da Anecrofilia da Arte. O Staples Center, em Los Angeles, ficará pequeno para o maior espetáculo do astro, prova de que, mesmo ou até morto, o capitalismo não pode parar de consumir.
Agora, já que é pra foder com a memória de um gênio e capitalizá-lo até os ossos (opa!, alguém aí já pensou nos ossos?!), pensemos diabolicamente no seguinte: Michael tinha muitas dívidas e, talvez, mesmo com os milhões de dólares em vendagens de CDs e downloads, sobre pouco para os herdeiros... Contudo, é bom lembrar, eles (os herdeiros) detêm (arg... eu não consigo tirar esse circunflexo!) metade dos direitos dolarizados dos Beatles! Ou seja, se o Paul morrer...
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2) Os soldados-robôs-idiotizados Norte Americanos estão deixando o Iraque (a maior roubada estadunidense desde o Vietnã). Atenção muçulmanos de plantão! Tomem cuidado, pois sair de um país não significa deixar o continente! Ligo a tv e vejo todas as mídias atacando o Irã... Sei não... Mas, cá entre nós, o Irã que se cuide...
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3) Esta última é uma pena: o nosso Capitão Pirata resolveu acabar (por enquanto) com a Pirata Zine (versão e-1/2). O Pirata é, na minha modesta opinião, um dos grandes jornalistas do país e o mais italiano (em todos os sentidos!) de todos. Falta fará esta que, para nós, já se eternizou na biblioteca dos nossos pensamentos.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Esta do Santiago eu peguei no ótimo Tinta China.


Recomento a visita e já "prognostico" a gargalhada!








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Esta do Kayser eu peguei no próprio Blog do Kayser

Mais uma vez, seriedade e comédia caminhando juntas no imenso plágio humano!



quarta-feira, 1 de julho de 2009

Ando pensando muito neste livro ultimamente e ,como ele foi um bom acontecimento na minha vida, hoje o recomendo com um aviso: se você acredita no homem, não perca tempo lendo o velho Leo; se você acredita na personificação do deus das religiões, não compre este livro.
Noves fora, é uma excelente leitura.