quarta-feira, 6 de junho de 2007

Legislativo ou ócio relativo?

Impressionante, ou pelo menos deveria ser, como o cargo de vereador é um prêmio. Digo isso porque trabalho mais ocioso não deve haver (ou há?). De acordo com reportagem do Jornal do Brasil (03/06/2007), dos setenta e oito (78) projetos promulgados este ano, vinte (20) são medalhas e onze (11), criações de dias oficiais. Podemos dizer sem medo de errar que a casa (nossa) chamada Câmara nos dá prejuízos, pois seu orçamento gira em torno de R$ 385 milhões e o retorno desta dinheirama – projetos de leis ou algo que vise o bem-estar da polis – está longe de acontecer.

Sabe o que acontece quando não existe crítica ao nosso ponto de vista? Ele vira uma verdade absoluta, mesmo quando se sabe que não há verdades absolutas. Sabe o que acontece quando não há partidos verdadeiramente de oposição em um país que tenta se governar? “Democradura”, rolo compressor, esmagamento e a aprovação de tudo o que seja contrário ao bem-estar social, tudo o que não é do interesse do povo. Mesmo quando somos aliados do “Chefe”, precisamos, a todo tempo, tentar descartar todas as possibilidades de erro, olharmos para trás sempre, para os lados e, o mais importante, aprender a autocrítica.

Tais aberrações também são fruto ou espelho dos eleitores. Afinal de contas, quem vai à Câmara municipal de sua cidade fiscalizar, “ficar por dentro” do que acontece na Casa (repito, nossa), que projetos são redigidos pelo nosso vereador? Que projetos são aprovados pelos que lá estão? Culpados somos todos, as leis (ou a falta delas) são espelhadas na sociedade que a submeterá.

Isto não significa que é explicável alguém que ganha vinte vezes (será mais?) o que ganha a maioria dos trabalhadores deste país ficar de pernas para o ar na Casa que deveria ser o centro da observação e exemplo para as demais casas deste Estado. Quando a prefeitura teve a “grande idéia” de colocar em prática a aprovação automática nas escolas municipais, ninguém, nenhuma viva alma caridosa (salvo dois ou três, é verdade) se manifestou contra a “genialidade” da secretaria de educação(?), mas quando a opinião pública (leia-se mídia e educadores) se mobilizou contra tal resolução, os mesmos vereadores, como em um passe de mágica, resolveram nadar a favor da maré (revoltada e com razão!). Mas foi pelo bem da sociedade ou para o bem das urnas futuras? Arrependimento ou oportunismo?

Lembremo-nos dos vereadores que lá estão, esqueçamos a quantidade de projetos lançados pelo candidato “x”, averigüemos os projetos verdadeiramente comprometidos e prometidos aos seus eleitores. Se o Sr. “x” não corresponde ao nosso perfil político, que seja eleito o próximo “y” e assim por diante.

Lembremo-nos que na lata do político (infelizmente) tudo-nada cabe. Político não foi feito para ser metafórico, muito menos paradoxal. A ele cabe apenas a denotação, pura e simples.

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