sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Um "algo melhor" a todos


Pensávamos ser só uma daquelas trovoadas que nos amedronta, que nos lembra um deus terrível e irado a nos alertar, mas que depois dilui-se em chuva purificadora e refrescante.
            Pensávamos que tínhamos o controle harmônico do sol.
            Foi aí que nos debruçamos sobre a fragilidade das nossas certezas e a desventura do nosso horizonte: a democracia, tal qual a idealizamos, não só é uma abstração como sua profundidade é extremamente aquosa. Um vento mais forte e a tempestade brota.
            E foi assim que protestos lindamente válidos viraram reuniões insanas e deprimentes daqueles vultos que antes viviam pelos lodos do obscurantismo com suas ideias de país troglodita e disforme, onde apenas os homens brancos heterossexuais possuem direitos. Vultos que tinham medo de vomitar seus preconceitos na multidão e, hoje, saem como que canonizados pelo apoio de outros que só enxergam a realidade no espelho quebrado de suas mentes. E dá-lhe apoio à intervenção militar, gritos de ódio a um governo (triste, ruim e confuso) eleito democraticamente e dentro da lei; dá-lhe xingamentos, palavras desconexas e brados por justiça. Tudo muito lindo não fossem os representantes (deles e nossos) legislativos investigados por “n” desvios, subornos, mesadas, safadezas. Tramoias! E a mídia sedenta vomitando textos cínicos e tendenciosos.
            E foi assim que irresponsáveis, pensando no umbigo e na barganha, colocaram um inconsequente na presidência da Câmara e anos de luta e negociações quase foram para o ralo.
            Eu já ajudei a misturar cimento para a feitura de uma laje e sei de uma coisa: consertar a besteira dos outros é pior do que construir tudo.
            Portanto, o que desejo para este final de ano é isso: que a tosca e golpista oposição, junto com este governo, perdido entre o agradar para cicatrizar e o romper para renovar, não foda ainda mais com o país.

            Um melhor 2016 a todos.


sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

"Temer decide como pretende entrar para a história"



Imagine um casal numa relação de 5 anos.
tempo suficiente para que se conheçam bem.
bons momentos divididos e celebrados.
maus momentos superados.

trabalham juntos.
de repente, na firma, acusam a mulher de roubo.
não dizem "houve roubo".
vão baixo, chamando-a de "ladra!".
aqui e ali, vão além: "corrupta!".
ela resiste.
sozinha.

e a coisa piora: querem sua demissão.
ela resiste.
sozinha.

a fofoca se espalha.
nas ruas, é chamada de "puta!","vagabunda!", "vaca!", "desgraçada!".
ela resiste.
sozinha.

e também a manada passa a exigir que saia da firma.
ela, enfim, reage.
sozinha.

interesses e grosserias fora, o normal em disputas.
anormal - mais: absurdo - é o silêncio do companheiro.

numa situação assim, não é nada difícil decidir que atitude tomar: ou luta com sua companheira, enfrentando o que e quem for para defender a honra dela - e também a sua, ainda que na condição de cúmplice -, ou, acreditando nas acusações, surpreso e indignado, se separa dela.

silêncio, numa situação assim, não e nunca.
porque, das duas, uma: ou é um covarde, ou está traindo.
abjetamente inaceitável, seja o que for.

esse casal atende por Dilma e temer.

dá o papo, temer.
ou fala ou rala.

bom dia, pé na Rua, fé na Rua e à luta.


sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

O que nos leva a escolher fazer coisas certas e não erradas? (Ética para infantes)


Platão, quase quatrocentos anos antes de Cristo, já nos contava (na verdade contava aos seus contemporâneos) a história de um pastor que encontrou um anel mágico e quando usava o anel, ficava invisível. O pastor era bom e honesto, mas será que o pastor “de Platão” resistiu à tentação de fazer tudo o que quisesse, mesmo que algo fosse errado, já que ninguém poderia descobrir? 

A história de Platão chama-se: O anel de Giges, onde um determinado anel tornaria que o usasse invisível sempre que desejasse… É um anel mágico, que um pastor encontra por acaso. Basta virar a pedra do anel para dentro da palma para se tornar totalmente invisível, e virá-la para fora para ficar novamente visível… Giges, que antes era tido como um homem honesto, não foi capaz de resistir às tentações a que esse anel o submetia:aproveitou seus poderes mágicos para entrar no palácio, seduzir a rainha, assassinar o rei, tomar o poder, exercê-lo em seu único e exclusivo benefício. Platão – o filósofo - conclui que o bom e o mau, ou os assim considerados, só se distinguem pela prudência ou pela hipocrisia, em outras palavras, por e pelo quanto o ser humano consegue esconder e dissimular suas atitudes erradas...

Isso equivale a sugerir que a moral não passa de uma ilusão, de uma mentira, de um medo maquiado de virtude. Bastaria poder ficar invisível para que toda proibição sumisse e que, para cada um, não houvesse mais que a busca do seu prazer ou do seu interesse egoístas.

Imagine aquele motorista que só para no sinal vermelho quando há um guarda controlando, o outro que não excede o limite de velocidade só no trecho que tem radar, ou aquele que consome bebida alcoolica e mesmo assim dirige, só porque não há blitz nesse dia. Será que essas pessoas só se preocupam com a vida quando há alguém vigiando? Se não tivesse lei, nem guarda, nem câmeras: você sempre faria o que é certo?

Entretanto existem coisas “só um pouquinho erradas”? 

É certo fazer essas coisas um pouco erradas se você também não puder ser pego?

Você faz as coisas certas porque gosta, ou por causa da opinião dos outros?

Fazer coisas boas e corretas deixa você mais feliz? Por quê?

Se achasse uma carteira com dinheiro, ou se fosse comprar seu biscoito favorito e recebesse um pacote a mais. Mesmo sem ninguém vendo, você se sentiria melhor devolvendo ou ficando com essas coisas? Por quê?

Se num dia de prova, o professor tivesse que sair da sala por alguns minutos, o que você faria? Praticaria uma transgressão, abrindo o caderno para olhar a matéria? Será que você somente faz as coisas certas na escola, quando o professor está tomando conta?

Pense sobre as escolhas que temos que fazer a toda hora, a cada instante de nossas vidas.

Não se trata de dirigir o tema para lições moralistas sobre o que é certo ou errado. Explicar o porquê de seus atos e suas escolhas, refletir sobre os valores, de que não há respostas certas ou erradas. O mais importante são as perguntas que fazemos para nós mesmos e as atitudes que tomamos com essas “perguntas”.

Quem diz o que é bom ou mau, certo ou errado? Se somos livres, o que nos leva a escolher entre o bem e o mal? A lei, ou a nossa consciência? Quem é o juiz da sua vida: Deus? Sua família? Você mesmo?

Muitas vezes as crianças dizem “Eu faço isso, porque afinal todo mundo faz”. Ora, porque todo mundo faz, algo passa a ser correto?

Se “ser ético” é um aprendizado de toda uma vida, então como se ensinar ética?

Ensina-se aquilo que se é. Ética se transmite. O que será apreendido e processado pelos filhos não é o que advém de um discurso verbal, de uma pregação ou de um sermão, mas sim o que eles captam no pensamento e na ação de seus pais. 

Não se trata de ensinar o filho a ser “bonzinho”, pois ele corre o risco de ser bobo, mas sim de torná-lo um ser responsável por suas ações, desde os primeiros tempos de vida. Como pais, cumpre dar exemplo de autonomia e liberdade interna para fazer escolhas e assumir posições e se responsabilizar por elas. Uma pessoa só é ética quando se orienta por princípios e convicções.

As crianças precisam ser ensinadas a “ver a verdade” e sobretudo respeitar “a verdade”.

“Eu não quero que meu filho minta” — essa é a expressão do desejo de todos os pais.
Mas quando um filho percebe que os pais estão mentindo...por exemplo: Quantas pessoas, quando toca o telefone, dizem para o filho: “Fala que eu não estou”? Quantas vezes as pessoas ensinam uma coisa e praticam outra? Quantas vezes se lida com a ética como se ela fosse algo maleável, adaptável a cada contexto?

Mentindo, os adultos ensinam seus filhos a mentir, pois eles perdem a referência do que é certo ou errado. Nada justifica uma mentira, não existem “mentirinhas”, mentiras “piedosas” nem mentiras “politicamente corretas” — todas fazem mal. É falso tentar fazer separações entre mentira boa e mentira ruim. Toda mentira já por si só é ruim. E isso precisa ser transmitido às crianças. Falar a verdade implica ser honesto consigo mesmo e com os outros e assumir as consequências de seus atos. Essa é a base da ética o que é certo e o que é errado, o que faz bem e o que faz mal. Ser ético é ser responsável.

Outro ponto importante é “saber” que diferente não é sinônimo de errado. Diferente é apenas diferente. Isso nos ajuda a perceber que você pode ter amigos respeitandoeticamente as diversidades de raça, crença, sexo, nacionalidade. Fica difícil para uma criança ter o aprendizado da ética quando os pais, em casa, zombam de uma pessoa por ser de raça ou nacionalidade diferente.

No esporte também se forma a ética da criança (lembre-se sempre: a criança é o futuro adulto). Vencer sempre será nosso objetivo. Para isso se faz a contenda, entretanto jamais se deve admitir ganhar mediante fraude ou algum tipo de trapaça. “Jogo é jogo” é um dito popular, que reafirma que deve ganhar o melhor ou quem teve mais sorte. 

E não existe melhor vitória, do que a conquistada graças as nossas virtudes! Essa é única vitória que vale!

Infelizmente nossa época é pobre em ética. Modelos de corrupção, de indignidade, de desonestidade, de sonegação são numerosos em nossa sociedade. Porém, a ética é essencial, ao que princípios e valores sempre foram e continuarão a ser o que caracteriza a humanidade no homem e continuarão imprescindíveis para nos manter o minimamente civilizado.

Não nascemos com moral e ética. Tornamo-nos éticos e com moral ao longo de nossas vidas...E quanto antes começamos: melhor!