Duas polêmicas rondam o texto como nuvens que ameaçam chuva, mas, no fim, mostraram-se ser brisas reflexivas, sequer um chuvisco para agradar aos jornais (jornais?).
O ministro da saúde diz que o grande sambista Zeca Pagodinho é patético – apontava, na verdade, para o mal que artistas do seu quilate fazem ao propagar o consumo de bebidas alcoólicas. Foi taxado de tudo (poupou-se a mãe), menos de coerente com o cargo que ocupa. A um ministro da saúde cabe tal declaração, sim, claro que com tons menos brutos – o Brasil, apesar da corrupção e do “jeitinho”, é um país sensível a tais concordâncias nominais e verbais. Deveria ter ele, o ministro, palavras mais sutis para dizer o quanto não precisamos de alguém fazendo campanha em prol do alcoolismo. Sinto-me a vontade para falar de tal “polêmica”, pois adoro uma cerveja/chope acompanhado de uma música ao violão. Ao ministro cabe tudo que seja relacionado à saúde deste país, inclusive fazer campanha contra as propagandas que circulam em apologia a qualquer bebida alcoólica. Dizer que ele deveria se concentrar em melhorar os hospitais e afins sem “mexer com quem tá quieto” é reclamar que o policial está lhe revistando quando deveria estar prendendo os “verdadeiros” bandidos.
Clodovil vai ao congresso declarar tudo o que está errado com a moral e os costumes femininos. Certamente, diante da pouca ou nenhuma sutileza e coerência que possui, vomitou o que não devia (mesmo) e foi extremamente mal interpretado no momento único em que foi lúcido. Mas quem acha que as coisas estão em seu devido lugar quando falamos de dignidade e moral levante o dedo (mindinho se quiser). A geração de hoje anda perdendo um pouco o pudor e a trava que aprendíamos a ter com nossos pais antigamente. Tudo se reduz a ter ou não dinheiro. As pessoas vendem o corpo, a alma, a dignidade em troca de estabilidade, de sucesso vão, de quaisquer “Bundas” que apareça por aí. Pode parecer inofensivo agora, mas daqui a pouco ficará incontrolável. Temo pela minha filha de um ano. Que valores devo incutir? Os de sempre. Mas isso vai contrastar com a nova norma dos “tempos modernos”? Eis a questão. Estou preocupado, aflito até. Deveríamos refletir sobre os valores dilacerados da família, sem religiões, dogmas ou estereótipos. Mas se não conseguirmos, que a discutamos sob qualquer aspecto. É necessário.
Requião e Clodovil, vilões para a mídia? Certamente serão sempre. Um porque está no cargo mais ingrato do mundo, assim como o goleiro de futebol; o outro porque ainda não mostrou a que veio e, talvez, jamais mostrará – seu currículo fala por si. Porém, ambos levantaram questões e não foram questões tão supérfluas assim.
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