A decisão do Governo Federal relativo à instalação de salas de informática nas escolas públicas de todo o país é de uma relativa eficiência. Se tudo der certo e o ensino da “linguagem digital” for um sucesso, ainda faltará resolver o maior dos problemas: tirar o Brasil do triste ranking dos países de ensino medíocre. Isso não se faz com informática.
Não se pode, no entanto, menosprezar a implantação de tais salas em rede pública; isso significa um avanço rumo à meta da “inclusão digital”. Todos precisam estar inseridos neste contexto, pois só assim progrediremos em um mundo que exige “diferenciação”, “multifuncionalidade” dos seus trabalhadores. Informatizar os colégios é dar um passo importante e verdadeiro para o futuro.
Obviamente, a inclusão digital não trará benefício algum se o objeto da inclusão (o aluno) não receber as condições básicas para assimilar ou mesmo colocar em prática tal ferramenta. Se um adolescente não consegue entender conceitos mínimos de contextualização, coerência textual, intertextualidade, enfim, se não consegue analisar corretamente um texto simples, que futuro há para esse aluno? Se a estrutura escolar não oferece segurança, luz, água, que espécie de sociedade estaremos criando? Se os profissionais responsáveis pela ponte entre o conhecimento e o estudante recebem uma miséria de salário e é depreciado pela própria sociedade (é o coitadinho, o sofredor), fica e ficará cada vez mais difícil atingirmos alguma qualidade ou luz nesse túnel fétido e escuro que se chama educação no Brasil.
Aliás, presentear com um (ou uns) computador um colégio sem eletricidade ou funcionando em algum quintal improvisado, com educadores recebendo menos de três reais (R$ 3,00) por dia não é virtude, é afronta.
Mostrar os benefícios de um software livre e ensinar sua respectiva “linguagem”, pesquisas na Internet, aulas de Geografia aliadas aos programas certos (google earth, etc.), programas educativos, ministrar cursos para a sociedade participante (pais e vizinhos da escola) é de uma sensibilidade política exemplar, mas ficar só nisso é mostrar o novo e ficar preso ao velho. Sem orientação não há produção.
Contudo, o desejo do Governo é positivo e pode gerar frutos difíceis de se ver por aqui, basta que a sociedade não se cale, manifeste a vontade de participar e contribua para que a decisão tenha diálogos abertos.
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