sábado, 15 de dezembro de 2007

Só uma conversa de boteco


A piada que se ouvia alguns anos atrás era que Luís Inácio havia feito duas faculdades, mas não conseguira terminar a terceira, pois o cimento acabara (aqui os verbos são muitos, tanto quanto o pré-conceito que se tinha do candidato à presidência).
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Hoje, tal piada não faz mais sentido, se o país não avança como a esquerda gostaria ou não corresponde às expectativas que se tinham quando Lula chegou (tomou) ao poder, também é verdade que o país não retrocedeu como muitos analisaram ou caiu em desgraça. O Brasil continua sendo o Brasil: país dividido entre muitos ricos e muitos pobres, uma classe média quase inexistente, inoperante, e uma vala de desigualdade (social, econômica, educacional, etc).
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Semana retrasada, encontrei-me com um homem que afirmava, há alguns anos, que sairia do país caso Lula se tornasse presidente. O motivo era, teoricamente, simples: o Luís Inácio não sabia governar. Talvez, não tenha passado pela sua cabeça que um presidente não governa sozinho, aliás, em uma democracia como a nossa, um presidente é quase uma alegoria dentro do sistema. Importante é a equipe por trás do governante, importante são Câmara e Senado, prefeituras, além dos inúmeros profissionais que, longe dos holofotes, trabalham para o desenvolvimento do país.
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Semana retrasada, o homem que defendia a falácia da sigla FHC, hoje afirma ser Lula um dos grandes governantes da “terra brasilis”. Se a música não acompanha a cadência do “Chico Buarque”, pelo menos não chegou ao “É o tchan”. E isso é um fato.
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Digo tudo isso para colocar na mesa virtual uma afirmação e uma pergunta: talvez a revista Veja e imprensa do tipo não tenham percebido, mas surge no país uma política nunca antes vista, uma política que afaga a esquerda sul-americana sem deixar de sorrir para Bush ou Europa, que elogia Hugo Chávez e Evo Morales, sem perder o comprometimento com FMI, Bird e todos os urubus ricos. Surge uma política que fala com os pobres sem deixar de dar lucro aos ricos (vide bancos), que aproxima a América do Sul sem se distanciar do G7 (Rússia não conta). Esse é um ponto. E isso é um fato (também). Portanto a afirmação é: esse tal de Lula (e sua equipe) é mais esperto do que imaginava o mais feliz dos petistas.
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Quando vejo a guerra travada pela CPMF e todo o desgaste ocorrido por ambos os lados e pela suprema burrice da oposição que colocou a cara na t.v. e que, futuramente, pode ser taxada de politiqueira e birrenta – porque o Governo não perderá a oportunidade de se fazer de vítima e jogar a culpa de certas desgraças no PSDB e no DEM, além de ter causado um racha, em quase época eleitoral, entre o PSDB legislativo e o PSDB executivo – pergunto se de fato a CPMF era tão importante assim, se o Governo não atirou a CPMF aos leões e distraiu a oposição com um pedaço de carne que nem era de primeira. Ou seja, a pergunta que faço é: o PT não teria criado uma bolha para distrair a oposição enquanto os grandes projetos estão passando pela surdina?

3 comentários:

Jens disse...

Sei não, Marcelo. Sei não... Acho que o governo tinha sim interesse real em aprovar a CPMF. Seja como for, não é o fim do mundo. Lula é nordestino e o nordestino é antes de tudo um forte (só não é mais forte que o gaúcho, of course).
E a oposição? Esta vai pagar caro por ter sucumbido ao rancor vingativo de FHC.
E o baile continua...
Um abraço.

Anônimo disse...

Não havia pensado por este lado, Marcelo. Mas concordo com o Jens: acho que o governo esforçou-se - mais até do que gostaria - para salvar a CPMF. O que serviu pra mostrar também que os articuladores políticos a serviço do Lula (Ideli Salvati,Walfrido dos Mares Guia, e agora José Múcio, etc.) são bem ruinzinhos... Um abraço.

AB disse...

Não discuto futebol, MARCELO querido...(Nem política..)