Este blog é de uma introspecção "clariceana": contida, palavra em conta-gotas, abraço forte no silêncio, beleza. O nome da autora continua do outro lado do sol, eu a chamo mentalmete de esfinge, ela prefere "B". Seja qual for o seu nome, a verdade é que a sua obra já possui assinatura.
Parabéns!
.Quase dito
Por viver entre sólidas paredes conceituais era um alguém que vivia só. As vezes até sentia vontade de conhecer o pedaço de mundo que aparecia pela janela, mas escolhia ficar sentado em cima de algumas tradições (era mais seguro).Um dia, uma vontade surgiu mansa. Era doce como a infância e insistente como birra. Ele nem percebeu quando começou a suspirar, ouvir música e observar a lua. Todo o seu corpo parecia querer se conectar ao mundo. Quis dançar, abrir os braços, tocar a existência.Essa energia toda deve ter atraído o outro alguém. O encontro seria fora das quatro paredes. Teve o ímpeto de ir e foi. Dividiu, tocou, voltou. Gostou mais do que previu. O susto da excitação se transformou no susto do medo. Sentiu as paredes crescendo ao seu redor. Palavras queriam escapar pela sua boca, mas faltou coragem. Esperou para ver se o outro entendia e lhe poupava o trabalho. Mas coração do outro é terra difícil de chegar (e de sair).Sentou num lugar onde batia um pouco de sol, olhou as mãos e chorou.
2 comentários:
olá Professor,
este da B é de olhar para as mãos e chorar.
Parabéns pra ela e pra você
Abraço Marcelo
Lindo, lindo. Adorei!
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