segunda-feira, 29 de março de 2010

Porra, Dimenstein!

Por Flávio Mesquita

Editor do (ótimo) blogue Teoria do Khaos

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Venho acompanhando de fora os desdobramentos da greve dos professores em São Paulo. Como morador do Rio, não vivo “na pele” o problema, o que me impede de fazer um juízo completo se as reivindicações da categoria são justas ou injustas, se possuem ou não propósito ou se são “partidárias”, apesar de seu caráter político, no sentido primaz da palavra. Agora, reduzir a discussão a uma “greve contra o pobre”, como faz Gilberto Dimenstein, peraí!

O nobre colunista da “Pholha”, um dos tentáculos do PIG, afirma, entre outras coisas, que a greve pode revelar que a categoria é a favor do “absenteísmo” e “contra os méritos para a progressão na carreira”. Em outras palavras, Dimenstein tenta nos convencer de que, em sua maioria, o professor que adere à paralisação é um profissional preguiçoso, que quer sempre receber mais do que merece e que quer mais que o pobre se foda, em todos os sentidos que o termo pode abranger.

Claro que existem maus professores. Aliás, a figura do mau profissional é um mal comum a todas as profissões. No serviço público, então, é responsável por um estigma, quase uma maldição. O problema, a meu ver, parece a falta de um política consistente de formação para a progressão do servidor. E aí, um plano de carreira sério, responsável e coerente ainda é a saída contra as invencionices de gente, como o Sr. Gilberto Dimenstein, que sequer sabe o que significa dar aula em uma sala úmida e mal ventilada em Queimados, na favela da Rocinha ou na Zona Leste de São Paulo e fazer seu aluno acreditar que é o estudo, e não a porra de um fuzil, o passaporte para uma vida melhor.

Não sou contra a política de formação. Também não sou contra cobrar do servidor sua responsabilidade com a população mais carente, seu público e verdadeiro patrão. Sou sim contra a politiquinha cínica e nefasta do acordo do rabo preso, comum nas escolas país afora, na qual a maioria dos governos faz vista grossa e cujo mau profissional adora se abalizar.

Para que haja avanços de fato e de direito para o trabalhador, em prol da população, é preciso:

  • Que o sindicato, noves fora a pulverização de tendências políticas e interesses difusos que venha a ter, seja o canal de negociação entre governo e categoria, agindo com compromisso, responsabilidade e coerência diante dos interesses da maioria dos trabalhadores na educação.
  • Que o governo, independente de sua corrente ou tendência, mantenha sempre o diálogo com o sindicato, excluindo as diferenças políticas de cada lado, agindo dentro da responsabilidade fiscal e de seu compromisso para o qual foi escolhido pela população.
  • Que a população torça para uma solução rápida para o impasse, cobrando tanto do governo quanto do sindicato, soluções que não prejudiquem o andamento do serviço público no futuro.
  • E que o senhor, caro Dimenstein, CALE A BOCA!

Fonte: www.teoriadokhaos.blogspot.com

3 comentários:

Anônimo disse...

Marcelo, o que me espanta é o tanto de colegas meus, alguns professores há bastante tempo, que ainda levam a sério o que o Gilberto Dimenstein fala e escreve a respeito de educação!

Você sabia que ele agora se apresenta como "jornalista e EDUCADOR"? É rir pra não chorar!

Como escreveu o Flávio Mesquita esse camarada - cheio de "boas intenções" (e sabemos que o lugar delas é o inferno - não "sabe o que significa dar aula em uma sala úmida e mal ventilada em Queimados, na favela da Rocinha ou na Zona Leste de São Paulo e fazer seu aluno acreditar que é o estudo, e não a porra de um fuzil, o passaporte para uma vida melhor.

Com uma mídia dessa, quem ganha e quem perde no debate público com os usuários do serviço educacional? Eu já tenho, infelizmente, a minha resposta...

Um abraço.

Flávio Mesquita disse...

E aí, Marcelo.
Obrigado pela divulgação. Espero que o teoria dê caldo.
Um abraço.

Jens disse...

Oi Marcelo.
Pesquei um texto lá no Cloaca News que ajuda a entender o posicionamento do Gibinha.

"O baba-ovo profissional Gilberto Dimenstein, o Gibinha, membro do Conselho Editorial da organização mafiomidiática Folha de S. Paulo, é também o dono de uma certa Associação Cidade Escola Aprendiz, empreendimento supostamente dedicado a "criar e articular oportunidades que fortaleçam a educação integral de crianças e jovens por meio da utilização de tecnologias sociais inovadoras".
Em operação desde 1997, o negócio de Gibinha só deslanchou mesmo a partir de 2006, quando o tucano Zé Chirico elegeu-se governador de São Paulo e o demo Kassab herdou a prefeitura da capital paulista. Curiosamente, foi a partir daquele momento que os artigos e comentários de Dimenstein na Folha e na CBN (do Sistema Globo) adquiriram a tonalidade castanha que os distinguem até hoje.
A lembrança daquele repórter audaz da Era Collor esmaeceu-se definitivamente quando Gibinha passou a assinar toletes com os títulos "Parabéns, Serra" e "Professores dão aula de baderna", como exemplo. A coleira de Gilberto Dimenstein, no entanto, não foi comprada numa pet shop qualquer, não. Segundo o rastreamento feito pelo blog NaMaria News, publicado ontem, Gibinha recebeu, de 2006 até o momento, nada menos que R$ 3.725.222,74 em bondades da prefeitura de Kassab e do governo estadual tucano.
Tudo informado pelo nosso jornal favorito, o Diário Oficial."

Mais uma vez, a motivação é o dinheiro.
Um abraço.