Era o momento do um? O instante novo? O antistante? O pré-momentâneo? Era o acaso molhando suas barbas nas águas escuras ou o big bang no vácuo divino?
Era o que viria a ser. Inestimável, absoluto, etéreo. Era o que surgiria nos moldes de phi, das leis de thelema, das ruínas de Petra, do coração improvável.
Era o levante, a circundação da Sardenha, a impressionante ocasião em que todos os gozos atingem a morte fracionária.
As palavras sussurradas, o choro silencioso, a transformação do homem-pai em objeto bobo, passivo, vulnerável.
De repente, acontece! O homem grisalho abre o papiro, convoca. Todos ficam em fila. O sol brilha e eu sinto o calor no meu peito, apesar do templo ser coberto e as estrelas romperem a escuridão. O sol é Rá, estou no edifício de Osíris, no meio da plateia epifânica. E lá, junto a outros deuses, está ela, subindo as escadas, indumentária preta. Sorrimos, choramos, aceitamos a bandeira.
O momento é paradoxalmente eterno, no palco, todos em câmera lenta recebem os aplausos. Um filme percorrendo toda a nossa vida passa diante dos meus olhos internos. E ela. Ela. Toda humana, toda deusa, toda-toda. Agora, também, diplomada!
3 comentários:
Parabéns, a ela (suponho que seja a filha do objeto-bobo, passivo, vulnerável). Que sua estrela brilhe.
Um abraço e parabéns também pra você.
Jens, acredite se quiser, fui inspirado pela foto no seu blogue e pelo relato já escrito por você uma vez (sobre sua filhota ter se formado em jornalismo.
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Minha filha tem 3 anos (longe, ainda, das formaturas)... Mas fiquei imaginando como seria. A emoção, a epifania... Enfim.
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Abraço forte!
Olá Professor,
que visão, desejo mais emocionante, cheios de ternura
lindo, Marcelo.
beijo
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