Moacyr Franco estava no
Bate-Bola da ESPN Brasil, segunda edição, desta segunda-feira, e contou que, nos shows que ele
faz pelo Brasil afora, sempre que o assunto futebol vem à tona, ele chuta esse
balde: “O Beckham ganha por dia o que o nosso Garrincha não ganhou a vida
inteira; em compensação, vai passar a vida toda para jogar o que o nosso Mané
jogou em uma tarde.”
Caríssimos amigos, não consigo
imaginar definição melhor para ilustrar a injustiça e a sacanagem nossa de cada
dia.
Eu adoro futebol e, como já
revelei, sou rubro-negro de etnia e de afinidade, sou negro na pele e vermelho
no coração. Claro que, nascido no Rio, gosto de boteco, Mangueira, Flamengo e
chapéu Panamá – não necessariamente nessa ordem, mas com igual sentimento.
Aprecio um papo reto, a justiça e o churrasco. Simples assim. Se estou de
ressaca, sinto que o antes foi bom, então, não tenho que reclamar do durante.
Portanto, vamos ao papo-reto:
ingressos a R$ 100,00 (o mais barato!) para assistir a um jogo de futebol no
Maracanã é injusto e sacana. Injusto porque isso deixa os verdadeiros
torcedores fora do espetáculo, sacana porque realiza o branqueamento do velho
Maraca; aliás, do novo Maracutaia (que esta belíssimo, mas cheio de
irregularidades torpes e invernais). Pena. Maracanã sem torcedores de verdade é
como dinheiro na conta da Paris Hilton: não serve pra nada. Aliás, Maracanã,
boteco, Flamengo e Mangueira têm que ter negro, senão é música do Latino: parece
festa no apê, mas é só bunda-lelê.
A verdade é que tem muito Beckham
dirigindo e ganhando dinheiro com futebol, muito dinheiro, e tem pouco
Garrincha na jogada, pouquíssimo, enfim.
É gente com charuto tentando a
ressurreição, dentro do futebol carioca, mesmo depois de ter falido um time e
ser roubado com o dinheiro da arrecadação de um jogo dentro do próprio carro. É
gentinha que assinou embaixo das assinaturas dos coronéis e dos torturadores e
hoje posa de chefe das cartolagens, repetindo palavras dentro de frases banais,
feito um gagá. É cartola que faz contratos estapafúrdios com jogadores de mais
de milhões e se diz falida, perseguida, tadinha. Gentinha! Estádio que é do
time, mas só vai ser, mesmo, de fato, depois do pagamento de quase bilhão deReais... Por falar em Garrincha, o estádio que leva o seu nome, lá em Brasília,
custou mais de 1 bi e não pega wi-fi, não tem água quente no vestiário. Há, há.
Agnelo Beckham! Eu vou chamar o síndico!
E os pobres moradores que estão sendo expulsos das suas casas para a construção do “entorno” dos estádios? Já
chegam a 200 mil? Pois é.
E o conserto das ferragens do João
Havelange (homenagem melhor não houve!), que não tem 10 anos e vai ficar por 18 meses de cadeado a porta e ninguém é responsabilizado? Minto, o Botafogo foi
responsabilizado e, parece, começa a se desfazer de jogadores para regularizar
salários.
Bem, eu poderia escrever mais
umas 03 ou 30 parágrafos sobre isso, mas a minha reflexão continua lá com o bom
Moacyr Franco: eu trocaria a vida inteira desses Beckhans que temos por uma
tarde ensolarada com Garrincha entortando o cartola e endireitando o nosso
futebol.
Só no futebol? Chama o síndico! Beckham que se foda!
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