segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Chama o síndico!


Moacyr Franco estava no Bate-Bola da ESPN Brasil, segunda edição, desta segunda-feira, e contou que, nos shows que ele faz pelo Brasil afora, sempre que o assunto futebol vem à tona, ele chuta esse balde: “O Beckham ganha por dia o que o nosso Garrincha não ganhou a vida inteira; em compensação, vai passar a vida toda para jogar o que o nosso Mané jogou em uma tarde.”

Caríssimos amigos, não consigo imaginar definição melhor para ilustrar a injustiça e a sacanagem nossa de cada dia.

Eu adoro futebol e, como já revelei, sou rubro-negro de etnia e de afinidade, sou negro na pele e vermelho no coração. Claro que, nascido no Rio, gosto de boteco, Mangueira, Flamengo e chapéu Panamá – não necessariamente nessa ordem, mas com igual sentimento. Aprecio um papo reto, a justiça e o churrasco. Simples assim. Se estou de ressaca, sinto que o antes foi bom, então, não tenho que reclamar do durante.

Portanto, vamos ao papo-reto: ingressos a R$ 100,00 (o mais barato!) para assistir a um jogo de futebol no Maracanã é injusto e sacana. Injusto porque isso deixa os verdadeiros torcedores fora do espetáculo, sacana porque realiza o branqueamento do velho Maraca; aliás, do novo Maracutaia (que esta belíssimo, mas cheio de irregularidades torpes e invernais). Pena. Maracanã sem torcedores de verdade é como dinheiro na conta da Paris Hilton: não serve pra nada. Aliás, Maracanã, boteco, Flamengo e Mangueira têm que ter negro, senão é música do Latino: parece festa no apê, mas é só bunda-lelê.

A verdade é que tem muito Beckham dirigindo e ganhando dinheiro com futebol, muito dinheiro, e tem pouco Garrincha na jogada, pouquíssimo, enfim.

É gente com charuto tentando a ressurreição, dentro do futebol carioca, mesmo depois de ter falido um time e ser roubado com o dinheiro da arrecadação de um jogo dentro do próprio carro. É gentinha que assinou embaixo das assinaturas dos coronéis e dos torturadores e hoje posa de chefe das cartolagens, repetindo palavras dentro de frases banais, feito um gagá. É cartola que faz contratos estapafúrdios com jogadores de mais de milhões e se diz falida, perseguida, tadinha. Gentinha! Estádio que é do time, mas só vai ser, mesmo, de fato, depois do pagamento de quase bilhão deReais... Por falar em Garrincha, o estádio que leva o seu nome, lá em Brasília, custou mais de 1 bi e não pega wi-fi, não tem água quente no vestiário. Há, há. Agnelo Beckham! Eu vou chamar o síndico!

E os pobres moradores que estão sendo expulsos das suas casas para a construção do “entorno” dos estádios? Já chegam a 200 mil? Pois é.

E o conserto das ferragens do João Havelange (homenagem melhor não houve!), que não tem 10 anos e vai ficar por 18 meses de cadeado a porta e ninguém é responsabilizado? Minto, o Botafogo foi responsabilizado e, parece, começa a se desfazer de jogadores para regularizar salários.

Bem, eu poderia escrever mais umas 03 ou 30 parágrafos sobre isso, mas a minha reflexão continua lá com o bom Moacyr Franco: eu trocaria a vida inteira desses Beckhans que temos por uma tarde ensolarada com Garrincha entortando o cartola e endireitando o nosso futebol.

Só no futebol? Chama o síndico! Beckham que se foda!



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