O mundo não se encaixa nos parâmetros bem escritos, roteirizados, definidos e, principalmente, dirigidos e vendidos por Hollywood. O mundo nem de perto parece uma telenovela, não importando qual canal – todas vendem um produto perecível e irrealizável, todas possuem pobres morando em apartamentos requintados em zonas nobres e choram a desgraça da vida comento bolo de milho e tomando suco de laranja (alguém poderia me dizer qual pobre toma suco e come bolo no café da manhã?).
O mundo real não se encaixa dentro da literatura porque a literatura é a procura do belo. Mesmo que a sua intenção seja expor o feio, as mazelas da sociedade e do homem, sua estética e corpo o condenam à beleza, ainda que dentro do lodo. A arte não imita a vida, pois a transforma em algo melhor porque reflexiva, melhor porque espelho. A arte reflete a vida e a amplia para a imaginação, aquilo que somos em pequenas e necessárias doses de eus virtuais.
O mundo não se encaixa dentro do mundo porque é paradoxal. E existe o homem.
O homem pensa que o mundo ideal deveria ter dois lados bem dispostos para uma escolha quase no “u-ni-du-ni-tê”. Infelizmente o mundo (o homem) é cinza, carregado de complexidade, com anjos e demônios, claro-escuro, bem-mal, tudo ao mesmo tempo agora. O homem é capaz de conceber profundos gestos fraternais e, ao mesmo tempo, aniquilar uma nação inteira; tudo num piscar de olhos. Mas se repararmos bem, a aniquilação acontece mais rapidamente que a manifestação fraterna. Por quê?
Obviamente, a psicologia e filosofia tentam “dissecar” o assunto de forma mais palpável, mas o texto em questão é puro ato de indagar e chegar a (certamente) conclusões “oblíquas”. Não me importa estar errado, importa mais jogar as perguntas no ar, quem sabe não voltam com as respostas certas?
Acredito que nosso espírito obscuro é mais evidente porque somos vítimas de nós mesmos: na procura do belo, do ideal, colocamos-nos sempre no principal papel, estamos sempre representando a personagem principal e, se não temos capacidade para tanto, esperamos que ninguém a tenha, até para não roubar-nos a condição de estrela. Somos auto-destrutivos nesse sentido porque competitivos, brigamos pelo espaço geográfico e existencial, Darwin faz-se presente em cada gen humano, em cada realização. Não queremos que o outro ocupe o lugar que nos pertence (?). Infelizmente, como já escreveu Drummond (em O Morto de Mênfis), o ser humano não se reconhece no seu semelhante, o homem anoitece. Ou ainda, continuando com o poeta mineiro: sua intenção é matar-se na morte do irmão?
É claro que, como o tom é cinza, não cabe dizer se mais escuro ou claro. Há progresso humano em todas as áreas, há sede de justiça em todas as áreas, há, sim, um forte sentimento de mudança, mas como se dá isso? É aí que esbarramos na outra-mesma encruzilhada do homem: se não for coletivo, é realização pessoal, contudo, quando o coletivo é posto em prática?
Se o sucesso de outrem não nos beneficia, para que admirá-lo? Se Jesus não me trouxer a salvação, por que amá-lo? É tudo um jogo de troca? É tudo benefício próprio? Até quando cedemos o lugar no ônibus é para satisfazer o sentimento de moral que carregamos, antes mesmo de satisfazer o próximo? É para nos sentirmos “incluídos”?
As indagações não acabam por aqui, continuam numa próxima oportunidade ou em texto de melhor profissional.
O mundo real não se encaixa dentro da literatura porque a literatura é a procura do belo. Mesmo que a sua intenção seja expor o feio, as mazelas da sociedade e do homem, sua estética e corpo o condenam à beleza, ainda que dentro do lodo. A arte não imita a vida, pois a transforma em algo melhor porque reflexiva, melhor porque espelho. A arte reflete a vida e a amplia para a imaginação, aquilo que somos em pequenas e necessárias doses de eus virtuais.
O mundo não se encaixa dentro do mundo porque é paradoxal. E existe o homem.
O homem pensa que o mundo ideal deveria ter dois lados bem dispostos para uma escolha quase no “u-ni-du-ni-tê”. Infelizmente o mundo (o homem) é cinza, carregado de complexidade, com anjos e demônios, claro-escuro, bem-mal, tudo ao mesmo tempo agora. O homem é capaz de conceber profundos gestos fraternais e, ao mesmo tempo, aniquilar uma nação inteira; tudo num piscar de olhos. Mas se repararmos bem, a aniquilação acontece mais rapidamente que a manifestação fraterna. Por quê?
Obviamente, a psicologia e filosofia tentam “dissecar” o assunto de forma mais palpável, mas o texto em questão é puro ato de indagar e chegar a (certamente) conclusões “oblíquas”. Não me importa estar errado, importa mais jogar as perguntas no ar, quem sabe não voltam com as respostas certas?
Acredito que nosso espírito obscuro é mais evidente porque somos vítimas de nós mesmos: na procura do belo, do ideal, colocamos-nos sempre no principal papel, estamos sempre representando a personagem principal e, se não temos capacidade para tanto, esperamos que ninguém a tenha, até para não roubar-nos a condição de estrela. Somos auto-destrutivos nesse sentido porque competitivos, brigamos pelo espaço geográfico e existencial, Darwin faz-se presente em cada gen humano, em cada realização. Não queremos que o outro ocupe o lugar que nos pertence (?). Infelizmente, como já escreveu Drummond (em O Morto de Mênfis), o ser humano não se reconhece no seu semelhante, o homem anoitece. Ou ainda, continuando com o poeta mineiro: sua intenção é matar-se na morte do irmão?
É claro que, como o tom é cinza, não cabe dizer se mais escuro ou claro. Há progresso humano em todas as áreas, há sede de justiça em todas as áreas, há, sim, um forte sentimento de mudança, mas como se dá isso? É aí que esbarramos na outra-mesma encruzilhada do homem: se não for coletivo, é realização pessoal, contudo, quando o coletivo é posto em prática?
Se o sucesso de outrem não nos beneficia, para que admirá-lo? Se Jesus não me trouxer a salvação, por que amá-lo? É tudo um jogo de troca? É tudo benefício próprio? Até quando cedemos o lugar no ônibus é para satisfazer o sentimento de moral que carregamos, antes mesmo de satisfazer o próximo? É para nos sentirmos “incluídos”?
As indagações não acabam por aqui, continuam numa próxima oportunidade ou em texto de melhor profissional.
12 comentários:
Seu texto é ótimo, Marcelo. Mas é tanta coisa pra se refletir... Vou dizer uma coisa que pode parecer meio babaca ou ingênua mas acho que o que falta é mais amor no mundo, amor de verdade, que pra mim é o amor desinteressado. Será que existe? As pessoas são tão vaidosas e egocêntricas...
Você já leu "O mal estar na civilização" de Freud? Seu texto me remeteu a ele.
Beijo grande.
Existe sim (Amor) conheço muito gente que sabe amar de verdade. Mas parece que ainda é pouco pra consertar esse Mundo.
Sandra, assim como você, também prefiro optar pela esperança (no homem, sim, por que não?). Estereotipei mesmo o texto para levantar a discusão. Aliás, adorei o amor que você "produziu" no Refúgio!
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Abraço forte!
Putz, Marcelo, quantas indagações. Sinceramente às vezes acho que o homem não nasceu pra ser soldiário, tal as atitudes mesquinhas que presencio (e não me incluo fora desta). Daí testemunho ou pratico um ato de bondade, um gesto de desprendimento e pronto, renasce a esperança no ser humano. Somos assim, inconstantes. Sempre seremos, acredito. O mundo bom e perfeito é uma quimera.
Um abraço.
Apoiado, Jens!
Marcelo, vc é jornalista? Quero agradecer toda sua gentileza nos comentários; a melhor resposta para suas indagações neste texto tão bom, tão lúcido. Abraço grande
Sou não... Infelizmente. Sou apaixonado por jornalismo, mas fiquei apenas com as letras.
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Obrigado pelas palavras carinhosas.
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Abraço forte!
De todos os tiros dados, acho que esse atinge o alvo: "É tudo um jogo de troca?". Respondo por mim: pra bem ou pra mal, é. Um abraço.
Halem, esse jogo de troca fica evidente ou não, mas, infelizmente é o homem.
Obrigado pelo comentário!
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Abraço forte!
Comecei a ler o post e não consegui parar :) Isso deve querer dizer que é um bom texto, no que estou de acordo. Mas talvez as respostas não venham de onde as esperamos, se vierem. Marcelo, se você curte filosofia, dá uma chegada no texto do Deleuze sobre Spinoza, no que ele diz sobre a natureza humana e a ética do cara, que pro século XVII era de uma atualidade incrível.
Beijos!
Ah, MARCELO..Ainda prefiro acreditar "...que o homem, é sempre a melhor medida..."
Adelaide, seguirei o conselho! Obrigado pelas palavras.
Acantha, também prefiro, mas às vezes... Bate um desgosto...
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Abraço forte!
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