Bea Galvão
do (excelente) blog Por um Triz
nós.
mas, se desenlace:
linhas
Escrevi em 27 de março de 2010:
Foi ontem, meu pai, lembra? Você se sentava aqui, ao lado da cama, e contava histórias para a gente dormir... Mas acordávamos cada vez mais. Elas estão guardadas em uma parte da memória que não deixa esquecer.
Você se lembra, meu pai, foi ontem: vc me esperava chegar do trabalho, cansada e de madrugada, para, juntos, jantarmos e dividirmos a sobremesa. Se lembra?
E dos vinhos regando diálogos impertinentes, polêmicos pelo simples prazer da retórica, apimentados... sempre entre um queijinho e outro.
Quantas partidas jogamos sem que teu rei tombasse? Quantas histórias inventamos sobre os quadros que nos emocionaram? E os filmes que assistimos, os livros que tanto amamos, em edições que sonhamos, sonhamos...
Se lembra, meu pai, foi ontem: vc e eu, no quintal desta casa, medindo o terreno para a construção de nosso território... Você estava melhor que eu!
Foi tudo ontem! Tão ontem!
Para onde você foi que não aceita meus abraços? Onde está o seu sorriso, que já não me alcança? Onde as janelas tão abertas do seu quarto? Onde o sol?
O computador, os livros, os discos, os projetos: silêncio.
Janelas cerradas. Vinhos calados.
Ourivesaria sem palavras, esperando, ainda, aquele último abraço se prolongar, sem pressa, sem tempo, no não-espaço da estação de metrô... que jamais partirá... jamais partirá... Partirá.
Adeus!
do (excelente) blog Por um Triz
nós.
mas, se desenlace:
linhas
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4 anos. a ausência, agora, tem até cheiro. presença física. a ausência abraça doído. e não acalma nada.
a ausência é como um frasco da memória rachado, que exala o aroma líquido da saudade. e não te deixa esquecer, não aquece nem faz dormir.
pai, a ausência é foda.
Foi ontem, meu pai, lembra? Você se sentava aqui, ao lado da cama, e contava histórias para a gente dormir... Mas acordávamos cada vez mais. Elas estão guardadas em uma parte da memória que não deixa esquecer.
Você se lembra, meu pai, foi ontem: vc me esperava chegar do trabalho, cansada e de madrugada, para, juntos, jantarmos e dividirmos a sobremesa. Se lembra?
E dos vinhos regando diálogos impertinentes, polêmicos pelo simples prazer da retórica, apimentados... sempre entre um queijinho e outro.
Quantas partidas jogamos sem que teu rei tombasse? Quantas histórias inventamos sobre os quadros que nos emocionaram? E os filmes que assistimos, os livros que tanto amamos, em edições que sonhamos, sonhamos...
Se lembra, meu pai, foi ontem: vc e eu, no quintal desta casa, medindo o terreno para a construção de nosso território... Você estava melhor que eu!
Foi tudo ontem! Tão ontem!
Para onde você foi que não aceita meus abraços? Onde está o seu sorriso, que já não me alcança? Onde as janelas tão abertas do seu quarto? Onde o sol?
O computador, os livros, os discos, os projetos: silêncio.
Janelas cerradas. Vinhos calados.
Ourivesaria sem palavras, esperando, ainda, aquele último abraço se prolongar, sem pressa, sem tempo, no não-espaço da estação de metrô... que jamais partirá... jamais partirá... Partirá.
Adeus!
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