Eles
se conheceram foi na praia, mesmo, um sol maravilhoso pela manhã e um puta
inferno na hora do almoço. Ele estava com a rapaziada de sempre e pernoitado
como nunca. Você sabe como é: “todo mundo espera alguma coisa de um sábado à
noite” e eles saíram para a noitada como sedentos no deserto em busca de um
oásis. Beberam vodca, vomitaram a bílis, depois beberam duas garrafas de red
label (com letras minúsculas, mesmo! Respeito só a partir dos 12 anos) com
energético – mais porque esta no modismo contemporâneo do que pelo gosto.
Foi
às cinco da manhã que alguém teve a euforia idiota de ir para a praia, tomar
umas cervejas, cochilar na areia, descolar uma boyzinha, bronzear-se. Não dava
tempo de passar na casa de todo mundo, logo, foram à casa do dono do carro,
tomaram um banho rápido, roubaram as bermudas do amigo e dois chinelos, um tênis
e uma sandália; alguém foi descalço. Foda-se, tudo era festa. Romão reclamou
que deram uma bermuda que, nele, parecia um short dos anos 80 enfiado na bunda.
Ninguém ligou para o pobre Romão.
A água, salgadíssima, estava deliciosamente
gelada, o que deu uma ótima sensação de alívio no cansaço e motivação para uma
rodada de cerveja igualmente gelada. Pontes, o motorista, resolveu que deveria desmaiar
um pouco depois de ingerir água e nada de álcool por questões óbvias; Pedro,
que mais se hidratou do que se embebedou, foi quem estava disposto e beber
cerveja e, claro, conhecê-la. Foi assim, simples como qualquer conversa
carioca. Poderia ter sido na noite da Lapa, na manhã de Santa Tereza, no Alto
da Boa Vista, num pagode na Baixada, numa rave em Campo Grande, mas foi numa
praia ensolarada e com uma das personagens pernoitada exibindo uma latinha de
cerveja.
Ela estava
linda naquele biquíni amarelo e com aqueles cabelos queimados nas pontas.
Nossa, que sorriso! Ele olhava para os seios dourados mas sentia mesmo era uma
vibração esquisita, um entrelaçamento de auras. Ele sorriu também e ela gostou
muito do que viu e ouviu. Talvez tenha sentido algo, porém, nunca escancarou;
ele, sim. Ele fala disso sempre – talvez porque, dos dois, seja o mais místico,
desses que acendem incenso e ouvem Chopin para balancear as energias –,
principalmente quando toma umas muitas e outras mais. Ela acha graça e continua
sorrindo aquele sorriso que o magnetizou. Pedro fala disso também. É o amor
dele ou como ele encara isso de amar alguém desse jeito. Ela diz que ele gostou,
mesmo, foram dos seios absolutamente e a vibração de que fala era, na verdade,
a ereção vinda de outras energias, mais pueris do que essa que Pedro declama. Claro,
ela fala isso da boca pra fora, pois fica realmente encabulada com o fato dele
ser tão verdadeiro e de não sentir medo de ser feliz. E Ele não sente medo de
ser feliz.
Eles não
tinham uma música específica, apesar de gostarem “parecidamente” dos estilos. A
música foi decidida num momento de discórdia, numa briga severa que tiveram
depois de muita bebedeira e alcatra mal passada ao alho. Ele diz que eles se
gostam até quando se odeiam e, tanto é verdade, que até música surge. Não, não
é preciso dizer que ela sempre sorri. Ele cantarola para todos saberem qual
música: “Vou pedir pra você voltar. Eu te amo, eu te quero bem”. Claro que com Tim Maia tudo fica melhor.
Ela continua
dizendo que foi culpa dos seios. Ele continua acendendo incenso e falando de
aura.
Eles continuam
juntos.
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