18 de abril de 2013
Quem chora somos nós. Chora a nossa pátria, mãe gentil.
Choram Marias e Clarices no solo do Brasil.
E choramos pela miséria a que está reduzido o nosso futebol, sob esta CBF dirigida tal e qual fosse pela dona de um bordel.
Por mais que saibamos que temos talento para virar o jogo, por mais que mantenhamos a esperança equilibrista.
Porque, se o show de todo artista tem de continuar, é constrangedor vislumbrar a cena de terça, quando a tarde caía feito um viaduto na sede da Casa Bêbada do Futebol, trajando luto e sem lembrar de Carlitos, o nosso Mané Garrincha.
Eram 27 cartolas de chapéu-coco, todos com brilho de aluguel.
Todos submissos, menos o que não foi, o presidente da federação mineira, talvez por tentar se equilibrar de sombrinha.
Como se fossem os irmãos do Henfil, os repórteres Leandro Colon, Martín Fernandez e Sérgio Rangel tinham publicado no mesmo dia, nesta Folha, a incrível história do prédio que custava R$ 39 milhões e foi comprado por R$ 70 milhões.
Fora os vazamentos com a voz de Marin humilhando o coletivo dos presidentes das federações estaduais, todos dispostos a fazer cena antes da assembleia para, depois de bons uísques, aprovar tudo por unanimidade. Não sem antes receber cheques entre R$ 100 e R$ 400 mil, para compensar a mesada, que é menos da metade do que recebem os atuais donos da CBF.
Evidente que tudo isso reflete diretamente em nossos campeonatos sem torcida e com audiência em queda e numa seleção que não comove mais o torcedor.
Canastrão, Marin não engana nem com suas lágrimas de crocodilo nem com sua simulada irritação.
Ao dizer que só sairá morto da CBF não lembra Getúlio Vargas, mas Chaves, o mexicano, do seriado da televisão.
Ninguém quer que Marin morra, ou que, aos 80 anos, seja preso.
O que se quer é que ele deixe nosso futebol, volte a desfrutar da vida com tudo o que amealhou nos tempos da ditadura a que serviu --como os documentos do SNI revelam sobre ele, segundo informaram, no UOL, do Grupo Folha, os repórteres Aiuri Rebello e Rodrigo Mattos.
Será demais pedir a cada estrela fria que Marin parta num rabo de foguete, se não para Boca Raton, como o colega que fugiu, mas, tudo bem, para Nova York, onde também tem luxuoso apartamento?
É que o futebol brasileiro anda de luto, chupando manchas torturadas, incapaz daquelas velhas irreverências mil nas noites, e nas tardes, do Brasil.
Chega de viver nas nuvens ou no fundo do poço.
É hora de passar o mata-borrão do céu e acabar com esta dor pungente que não haverá de doer inutilmente, mestres Aldir Blanc e João Bosco.
E que cada passo desta linha, de Ronaldinho a Neymar, seja para machucar o gol do rival, livre, azar, desta cartolagem equilibrista.
Que sufoco. Louco!
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