segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Lula e o golpe que está por vir (será?)

Ultimamente, escritores e jornalistas (que também são escritores, ou não são, mas formam a opinião), alguns é claro, mobilizam-se para alardear o que parece ser uma conspiração da mídia para derrubar o nosso querido presidente da república. Ora, não é de hoje e nem é tão difícil aceitar que Lula está sentado na cadeira que sempre foi daqueles que “cansam” com muita facilidade. Muitos setores do poder fabricado ou tradicional vêem com olhos chapados e inconformados a bunda de um pobre semi-analfabeto esquentar o acento que sempre foi “deles”, desde o descobrimento.

Obviamente, a oposição, que jamais soube ser – ou foi de fato – oposição enquanto o Brasil foi Brasil, articula jogos de garoto birrento e indignações sofríveis por trás dos bastidores. Lançam campanha de segunda categoria e posam como os verdadeiros heróis da democracia e verdadeiros defensores da moral e dos bons costumes brasileiros, como se compra de votos, caixa dois e muita, mas muita safadeza fosse coisa apenas do Governo vigente. Quer saber, “cansei” desse tipo pereba vulgarmente conhecido como oposição.

Assim como cansa muito ficar assistindo ao presidente falar de golpe, rememorando 1964, entre outras coisas.

Cansa muito escutar que a mídia é golpista e faz tudo para derrubar o presidente Lula. Quer saber? Ela faz, sim, está revoltada e perdida ao mesmo tempo com um dado perigoso e nunca visto antes por aqui: apesar de tudo de positivo e infinitamente negativo que este governo já produziu, protegeu ou vomitou, os índices de aprovação do Sr. Silva não caem, continuam em patamares elevadíssimos. A mídia e a “elite” estão atônitas, não conseguem colocar ódio na cabeça do povo, incitando a sair às ruas contra o chefe maior. Ao contrário de Collor, é fato que tal desfecho está longe de ser colorido para certos setores do entretenimento, da manipulação. Parece mais que esta parte da elite está cansada, não do governo Lula, mas das próprias tentativas fracassadas de derrubar o pobre da cadeira dos ricos.

Contudo, a questão é que, além da “mídia golpista”, um outro ser contribui assiduamente para que o sonho das “elites” vire realidade, este ser tem nome e sobrenome e se chama Governo Lula. Como bem apregoou Augusto Nunes (coluna Sete Dias) domingo, no Jornal do Brasil: “Um piloto não pode sumir, sobretudo a travessia de zonas de turbulência.” Na França, um ônibus com poloneses bateu e todos morreram. Em poucas horas estavam todos lá, o Primeiro-Ministro, o Ministro dos Transportes e quem mais pudesse chegar e consternar-se com tal tragédia. Aqui, nosso piloto maior demorou três dias para dar uma declaração bisonha sobre a tragédia envolvendo o Airbus da TAM, fingiu ser novidade o caos aéreo e saiu muito mal na foto quando disse, em tom de crítica e intolerância, ter dois ouvidos, sendo que um era para escutar vaias (referência às vaias que recebeu na abertura do Pan). As vaias são manifestações democráticas e, às vezes, nem possuem um caráter verdadeiro ou relevante. Não abrir os jogos como estava protocolado por causa das vaias é que desmentem a declaração torpe e sem noção da frase acima. Agora vem com L. Paulo Conde para cuidar da energia? Por quê? Queria um gestor e não um eletricista? Bem, então por que não nomear um gestor ao invés de um arquiteto ligado ao governo Garotinho?

Também vejo com muita desconfiança a relação da mídia, principalmente os grandes jornais e a disposição demasiada de falar mal do nosso presidente. Mas a questão que circunda minha mente maltratada é: e se ele, o nosso querido Lula, se desse ao respeito?

4 comentários:

Jens disse...

Marcelo:
Não creio que se trate de uma questão de dar-se ao respeito. Mesmo que Lula fale menos, não escorregue na gramática e não resvale em observações politicamente incorretas, nem assim vai deixar de ser alvo diário do escárnio da imprensa golpista e seus sequazes. Trata-se de um ódio de classe. Em 1964, a esquerda também não acreditava no golpe. Deu no que deu.

AB disse...

"...dizem que pau que nasce torto..." Conhece a música, MARCELO?? Bj.

Meneau (o insuportável) disse...

Se há "clima" de golpe, não sei dizer. O que eu sei é que "nunca na história desse país" bancos ganharam tanto. Ferram a mim, brasileiro comum assalariado, mas se eles têm tanto lucro, garanto que seus associados, empresários diversos ou, num só termo, a chamada "elite" também ganha muito. Se assim é, para que golpe? E se há golpe em curso, é dever dos apoiadores (deputados, senadores,gente de 1ºescalão) do presidente darem nome aos bois e dizerem claramente: "Fulano faz parte do golpe, e Sicrano também"

Mudando de assunto: a nomeação do Conde não é pra contentar o PMDB, faminto por cargos? Esse fisiologismo, que hoje ganha o nome de "governabilidade" não foi sempre condenado pelo presidente e seu partido? Eu não cansei; não posso me dar a esse luxo. Tenho contas pra pagar.
Tô esperando um bolsa-qualquer-coisa pra auxiliar na despesa... Um abraço.

dade amorim disse...

Também acredito que, ainda que Lula não fizesse esse papel de bobo, a mídia iria cair de pau em cima dele. Também acho de que bobo ele não tem nada, e até acho possível que as estatísticas que mostram o alto grau de aprovação de seu governo e de sua pessoa sejam manipuladas pra ajudar as pessoas a acreditarem que voamos em céu de brigadeiro (que meda!).
Mas uma coisa é verdade: nunca vi um governo tão ambíguo e desconcertante como esse de Lula. Ele consegue sempre deixar dúvidas no ar. E olha que os argumentos contra são mais poderosos que nunca.