quarta-feira, 11 de julho de 2007

Mais Fausto Wolff

Essa eu tirei de uma crônica do Fausto Wolff intitulada As 1002 noites, O Lobo (http://www.olobo.net/):
"Quando Sartre esteve no Brasil, o chefe de reportagem do Diário da Noite mandou o único repórter que falava francês decentemente para entrevistá-lo. O rapaz que não era exatamente brilhante, bolou uma frase de efeito. No meio da entrevista coletiva no Hotel Glória perguntou em francês sem acento:- O senhor acha que o existencialismo sobreviverá? Sartre olhou para o moço por um meio minuto, quase eternidade, e perguntou:- A quê?Todos os presentes caíram na gargalhada e o jovem repórter retirou-se envergonhado para voltar correndo cinco minutos depois Fez caminho entre os representantes da imprensa e quando estava bem na frente de Sartre, disse em alto e bom som:- O senhor sabe que a sua mulher trepa com um repórter de Chicago chamado Nelson Algreen? E era verdade."
O ser humano é isso mesmo? Pois é. E como melhoramos? Voltando a ser a barata dA Paixão Segundo G.H ou deixando de sê-la, fugindo dA Metamorfose?
Outras do Fausto, só que agora, de uma crônica (que eu reduzi) chamada Folheando o diário antes do embarque, Jornal do Brasil, 19/5/2007:
  • "Só sei que nada sei, mas às vezes me surpreendo sabendo coisas que não poderia saber absolutamente."
  • "Não se pode nem falar em democracia enquanto o Estado - não importa qual - não garantir casa, comida, hospital, escola, trabalho, transporte e educação a todos os cidadãos. Qualquer outra coisa é escravidão."
  • "Deus não está preocupado comigo e nem eu com ele. Se ele existir, espero que trate da sua vida e não seja um canalha. Eu trato da minha e procuro me comportar como um homem de bem. Faço isso por mim e não por ele, que não sei se existe. Ser como sou tem me dado alegrias e tristezas, mas isso nada tem a ver nem com Deus nem com o Diabo."
  • "Escrever bem é importante mas não é essencial. Essencial é a sinceridade. Pelo menos tentar ser sincero de todo o coração. Isso, em si só, já é um estilo. Um livro que não é o autor não serve para nada."
  • "Não é fácil para mim compreender o sucesso das religiões cristãs quando tenho certeza de que o último cristão verdadeiro morreu na cruz."

2 comentários:

Jens disse...

Fausto Wolff é um dos melhores e mais íntegros jornalistas deste país. É sempre um prazer ler o que escreve, sempre nos acrescenta alguma coisa, por mínima que seja.
***
O que dizer de uma frase como esta: "Ser como sou tem me dado alegrias e tristezas, mas isso nada tem a ver nem com Deus nem com o Diabo."? Isto é reconher-se humano, falível, e assumir a responsabilidade sobre sua vida. Porra, queria eu ter escrito isto.
***
Valeu a postagem, Marcelo. Um abraço e um bom findi.

Vais disse...

Olá Professor Marcelo,

Grata pelo comentário, eles são bem-vindos no recanto.

Essa última do Fausto, sobre os cristãos, é danada de verdadeira.

muito bom
hasta