4ª Parte:
E eu, bem, eu entrei numa banda
que gostava de Hootie and the Blowfish, mas a coisa aconteceu depois, 03 anos
depois de 1995. E foi neste ano em especial que essa coisa de banda se
materializou. Estudava num colégio que tinha nome de um almirante histórico e que primava pela
excelência dos concursos (na prática era só mais um colégio que se gabava de
ter índices de reprovação altíssimos) e possuía professores maravilhosos, como o
China (História) e o Carlos Gil (Literatura), e muitos babacas prepotentes que
nem valem a citação. Carlos Gil foi tão importante na minha vida que a fodeu, literalmente,
fazendo-me desistir da faculdade de Química para abraçar a cadeira de
Literatura, ou seja, abandonei a vontade de ganhar dinheiro para ser feliz e,
hoje, entre um Thomas Mann e um churrasco, um Saramago e uma cerveja gelada,
penso no Gil. Será que um dia serei um
professor como ele? Nunca mais o vi. Pena. Gostaria de dar uma porrada e um
abraço forte nele.
Foi nesse colégio que eu conheci
figuras lindamente inteligentes como o Mitchel (baixista que foi pra Engenharia
Química), o Julio Estrela (violonista que virou Marinheiro), O Leandro (baterista
competente que foi pra Epcar ser cadete do ar) e o meu grande amigo Thiago Sá
(guitarrista dos bons e companheiro de boa safra até hoje e pra toda a vida, um
Irmão). Eu, que nada ‘arranhava’ de instrumento algum, mas sabia escrever, e
esses caras formamos uma banda (o Júlio entrou depois) chamada Carpe Diem (por influência do Gil e do
filme que ele e nós todos adorávamos chamado Sociedade dos Poetas Mortos). O Mitchel que batizou a banda de 03
instrumentistas e 01 letrista (hahahaha). Os ensaios eram todos na casa do
Leandro.
Quando os ensaios passaram para
minha casa, não sabíamos mas estava terminando. Eu já tinha um teclado para
brincar e as letras começaram a ter um esboço melhor. Mas o baixista estava na
UFRJ, o baterista foi ser piloto e o Estrela se debandou pra Marinha. Era o fim
do nosso Carpe Diem e o começo de um outro Carpe Diem de outros (que eu nunca escutei, mas sei que existe por aí).
Eu, reprovadíssimo no almirante prepotente,
fui terminar o Ensino Médio em Processamento de Dados no Instituto Olavo
Bilac, em Nova Iguaçu. Assim que sento na carteira, quem encontro? Um camarada
muito das antigas, do tempo em que eu estudava no Filgueiras, em Nilópolis, e
namorava a famosa garota de cabelo James Dean e fã da Madonna. “Porra cara,
você por aqui!” E numa dessas conversas nostálgicas foi que ele disse que
tocava numa banda (ele e o irmão) e os ensaios eram lá na casa deles. Eram
quatro figuras: 03 trabalhavam na mesma empresa e 01 vizinho. “Vai lá assistir
aos ensaios. Você toca alguma coisa?” Porra, eu arranhava teclado, mas adorava ensaios
de banda de garagem e era perto de casa. Fui.
E tinha, mesmo, um teclado ligado
lá, meio à toa, fazendo parte do cenário. Coisa linda de se ver a estrutura da
banda montada sobre tapetes, no quintal da casa dos irmãos Flávio (meu
camarada) e Rogério Neves. “Você sabe tocar essa?” Era Daniel na Cova dos Leões. Sim!, claro qu`eu sabia! E sabia Ainda é Cedo. E sabia tudo da Legião. Pronto,
estava em outra banda. A melhor banda que eu já participei.
O Flávio me deu uma gravação de
um conjunto com nome estranho. Era Hootie & the Blowfish. “Escuta qu`eu
tenho certeza de que você vai se amarrar; a gente toca umas músicas deles”.
Levei aquele VHS gravado de outro VHS original e passei uns 03 dias com aquilo
dentro do meu vídeo cassete direto. Porra, ele gravou uns três acústicos MTV e
mais dois shows do Hootie. Não deu para fingir indiferença ante a voz daquele
negão cantando Time e aquela banda
tocando sobre tapetes! Simplesmente o Máximo!
E dormíamos todos lá, adotados
pelos pais deles, todos os finais de semana. Era bom pra caralho! O Flávio já
era casado e tinha uma filha linda, o Rogério tava quase lá e o resto não
queria saber de nada. Tocávamos Legião, Hootie, Pearl Jam, Smashing Pumpkins,
Collective Soul e as nossas músicas, claro, que banda de garagem que se preza
tem que encher o saco nas festas com inúmeras músicas próprias. E tínhamos umas
20. Eu adorava. De início nos chamávamos Painel de Controle, mas já existia um conjunto antigo com esse nome (hoje, até forró tem) e, como gostávamos de Painel (a empresa dos 03 que trabalhavam juntos era na área de informática) e eu e o Flávio estudávamos processamento, o nome era uma luva. Achei que se invertêssemos o nome (Leniap), ficaríamos, de alguma forma, com o Painel de Controle. Não colou muito, mas até hoje eu me refiro a ela como Leniap e ainda imagino o espelho colocado no alto, nos fundos da plateia, virado para o palco, revelando o verdadeiro nome da banda (Sandra Camurça já havia perguntado isso).
O Hootie & the Blowfish rola até hoje no meu ipod, a banda tomou outros rumos; eu e meu brother Thiago Sá nos reencontramos musicalmente e fomos parar em outros conjuntos, sempre tocando rock, nos divertindo. Hoje eu teclo apenas esse pobre e ultrapassado computador, ele continua destilando ótimos acordes numa banda excelente que eu já tive o gostinho de participar, época de muito Joe Satriani, Steve Vai.
Bem, mas isso eu deixo pra outro dia. Quem sabe?
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2 comentários:
Não conhecia, mas Hootie & the Blowfish ganhou mais um fã...afinal, como diz a letra: " O amanhã é apenas mais um dia e eu não acredito no tempo..."
Esse entrelaçado de rock com música caipira da Carolina foi um achado! Eu, que era devoto do rock (progressivo ou clássico) das metrópoles, estranhei no começo, mas depois... Escuto até hoje!
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Abraço forte!
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