Dona Maria tem 77 anos e já não consegue reter quase nada na memória: faz a mesma pergunta diversas vezes; não toma banho porque pensa que já tomou ou toma vários porque esquece que já tomou; adora sorvete mas não lembra que saboreou um há minutos atrás. Raquel, sua filha, a leva para passear de vez em quando mas ao voltar Dona Maria já nem se lembra que saíra de casa. Raquel se questiona sobre o sentido de levá-la para passear :
- De que vale uma manhã de lazer se ela não consegue lembrar depois? A vida tem sentido sem lembranças?
Naquela manhã de primavera Raquel levara sua mãe ao parque, pensou nela apreciando o viço das plantas e o colorido das flores. Aquela manhã Dona Maria já esquecera mas à tardinha cantava uma canção enquanto regava suas plantas na varanda. Raquel a observou comovida e sorriu: pensou que de alguma forma Dona Maria registrara o passeio, se não na memória, em seu corpo, na memória dos sentidos.
www.dimensaosalvadora.blogspot.com
12 comentários:
Amo a Sandra, minha irmã internética, Marcelo. Poeta doce, poeta amarga, poeta encanto!
"A vida tem sentido sem lembranças?" Brrr, esta foi direto no coração. Por sorte, existe a memória dos sentidos.
No mais, é a Sandrix que aprendemos a amar: lúcida, poética, transbordando ternura.
Um abraço.
Olá, navegando encontrei a ternura das flores e do ocaso da vida. Belo os passeios. Paz e amor.
"De que vale uma manhã de lazer se ela não consegue lembrar depois?"
Isso me toca muito. De verdade.
É um dos maiores medos que temos: o de não lembrar, ou pior: não ser lembrado.
Passando para dar um oi.
Fernando Palma
http://fernandopalma.blogspot.com
Acantha, também acho a Sandra uma explosão criativa.
__________________
Jens, essa frase também me pegou, fora essa: "Dona Maria registrara o passeio, se não na memória, em seu corpo, na memória dos sentidos".
Putz, vai escrever bem assim na China!
__________________
Analuiza, linda presença a sua, obrigado por vir.
_________________
Fernando, quanto tempo, menino! Já tinha desistido de acessar o seu blogue... Grata surpresa saber que voltaste a postar novamente!
Marcelo, querido, dia desses estava comentando com o outro Marcelo (Pirata) sobre o seu talento e sensibilidade pra escrever mas que você pouco publica seus textos delicados e poéticos. Sei que a vida muitas vezes não nos dá trégua mas faça um esforço, se possível, você tem fãs que muito te estimam e admiram, viu?
Grata pela publicação do texto.
Beijos
Oi, Marcelo,
Ee texto da Sandra já tinha feito um estraga aquí no peito. Ela é sensível demais. Parabéns pela publicação.
Beijo.
Sandra, eu tento, mas a falta de tempo é constante. Obrigado pelas palavras!
__________________
Cris, Sandra faz desconstruções-reconstruções em nós.
E por onde você anda, Marcelo?
Olá Professor,
A Sandrinha foi muito sensível, fiquei arrepiada com esta
"Dona Maria registrara o passeio, se não na memória, em seu corpo, na memória dos sentidos".
Você um pescador de bom gosto
Em super tempo, sua filhota Clarice, moço que fofa, fofura, criança é o que há de melhor.
beijo prati Professor Marcelo
inté mais
Ô Professor,
o 'foi', não foi bem usado.
A Sandrinha é uma Dona Moça altamente sensível e linda.
beijo
Acantha, eu volto! hehehe...
___________________
Vais! Grande Vais! Obrigado pelas palavras. Como diz o Capitão Pirata: "minha casa, sua casa".
Postar um comentário