quarta-feira, 7 de outubro de 2009


Este Alexandre, professor de História, amante da boa cozinha, resolveu criar este espetáculo de blogue: cozinha e história (porque os dois são saborosos). O nome é: Cozinhando Delícias com Gosto de História. Vale a conferida!
Aliás, para deixar todos com água na boca, aqui vai uma dessas postagens que dá vontade de comer (e estudar)!
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Ao percorrer a Serra das Carrancas, em Minas Gerais, no ano da Independência do Brasil, o naturalista
Auguste Saint-Hilaireassim descreveu as diversas tropas de muares que palmil
havam então aquela região:
"Depois de nós, várias caravanas vieram sucessivamente ab
oletar-se no rancho. Vêm umas do Rio de Janeiro para São João e Barbacena,
carregando sal; vão outras destes arredores para a capital e levam toucinho e queijos. Estes gêneros, que
constituem dois ramos de comércio muito importantes para a comarca de
São João, transportavam-se em cestas de bambus achatados e quadrados: cada cesto contém cinquenta queijos
e dois formam a carga de um burro.(...) O sal é transportado em sacos. Quando c
hegam os tropeiros arrumam as bagagens em ordem e de modo a ocupar o menor lugar possível.(...)"O desconforto não era o único fardo dos tropeiros.As tropas ou eram propriedades das fazendas ou dos
próprios tropeiros, que trabalhavam à frete, subindo e descendo os í
ngremes caminhos da serra. Pelo caminho do Inhomirim, primeira estrada calçada mo Brasil, no início do s
éculo XIX e onde viu todo o ouro das gerais, escorrer em direção à Côrte, assis
tia agora a descida do café para o Porto da Estrela, a margem do Rio Inhomirim, escravos também eram tran
sportados pelos tropeiros.
O feijão do tropeiro, como o arroz do carreteiro, er
a e é a comida de uma gente trabalhadora que fazia suas refeições pela estrada a fora. O próprio indio serv
ira de exemplo com a sua farinha de guerra.O historiador Alípio Goulart, por exemplo, escreveu em Trop
as e tropeiros na formação do Brasil:
" o cozinheiro era outr
a figura importante da tropa (...) logo que a tropa arribava, para o descanso, a atividade desse elemento se desdo
brava, pois os camaradas , mal deixavam os animais no pasto, depois da série de afazeres que lhes competiam,
corriam céleres para o prato de feijão com carne seca e a caneca com café fumegante (...)."
Para seis tropeiros esfomea
dos, de vésperas o cozinheiro da tropa catava e lavava 500 grs. de feijão mulatinho, colocava no caldeirão o qu
e iria ao fogo, devia juntar outros tantos gramas de bacon, outros tantos de toucinh
o de fumeiro. E a carne seca quando tem.

Pesquisa:
PERES, Guilherme. Tropeiros e Viajantes na Baixada Fluminense (Ensaio) - Gráfica Shaovan Ltda. 2000
.

ALVES FILHO,
Ivan. Cozinha Brasileira. Editora Revan.2000
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INGREDIENTES:

1 xícara (chá) de farinha de mandioca
1 Kilo de toucinho para torresmos
1 quilo de linguiça tropeira
1 Kilo de feijão preto
2 ovos cozidos.

Temperos:

3 colheres (chá) de salsinha
3 dentes de alho picados
1 cebola picadinha
sal a gosto

MODO DE PREPARO:

Cozinhar o feijão (não deixar desmanchar). Deixar escorrer o caldo numa peneira. À parte, picar o toucinho, temperar com sal e fritar os torresmos até ficarem amarelinhos. Fritar a linguiça numa panela tampada com um pouco de água. Destampar logo que a água secar, para corar. Em ½ xícara da gordura deixada pelos torresmos ao fritar, refogar os temperos e o feijão cozido sem caldo. Adicionar a farinha e os torresmos. Transferir para uma travessa e enfeitar o feijão tropeiro com rodelas de ovo cozido e contorne com pedaços de linguiça frita. Acompanhe com couve refogada.

8 comentários:

Betho disse...

Ora rapaz, gostei demais de seu blog...Como leitor e cozinheiro(mestre). Vim lhe convidar a participar do 1º Encontro Nacional de Blogueiros em Dezembro na cidade de São Francisco do Sul em SC, serão dois dias de conhecimento, bate papo, exposição de arte e lançamento de livros, já existe um cardápio estipulado, mas quem sabe com a sua particiupação poderiamos(eu e vc) cozinhar para os nossos 88 amigos participantes alguma receita? + informações no blog:http://bethosides.blogspot.com
espero uma resposta.
Forte abraço!
Betho

Alexandre Santos disse...

Valeu camarada, a amizade e o incentivo, aproveito o espaço para convidar nova visita e poder descrever a história de seu prato preferido. Fico aguardando o pedaço de Bolo pelo dia de hoje, felicidades e grata satisfação em ter a amizade. Alexandre Santos.

AB disse...

Já visitei e adorei o blog, Marcelo. Vou inclusive comentar por lá.
Será que tenho chance de aprender algo, ainda que seja fazer torradas???
(Acantha)

Marcelo F. Carvalho disse...

Acantha, tenho uma inveja danada de quem sabe cozinhar, pois adoro cozinha, cerveja, vinho, música e amigos. Acho um barato essas reuniões gastronômicas para celebrar qualquer coisa. Um dia eu também aprendo!
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Que incentivo nada, Alexandre, é reconhecimento mesmo. Teu blogue é tudo de bom!
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Betho, como já disse, adoro cozinha, mas não entendo nada de cozinhar, pena pra mim. Obrigado pela visita ilustre!

Jens disse...

Oi Marcelo.
A segunda parte do post me deixou com água na boca. Como fazer refeições fora de casa é impensável, por razões monetárias, sou um consumidor assíduo de omelete e sanduíche (as únicas coisas que sei fazer na cozinha. Pensando bem tem outras, mas deixa pra lá, em nome da moral e dos bons costumes, hehehe...)
Agora, com licença que vou fazer uma torrada.

Um abraço.

Cris disse...

Oi, Marcelo,

Estava alongada.Reformei a casa e voltei ao prazer de me comunicar pelo meio blogosférico-viciante
hehe...

beijão procê

Ana Muniz disse...

Vou fazer esse final de semana para ti bjos

Ana Muniz disse...

Otimo blog!!!!!!