quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Darcy revisitado

Deu em O Globo (portal): “A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovou na quarta-feira um projeto que inclui na Constituição o direito à jornada integral no Ensino Fundamental (...). O Texto aprovado na Câmara estabelece que também terão direito ao ensino integral alunos fora da idade regular.”
A medida, se aprovada, retomará o caminho estuprado por uma sucessão de governos neolibertinos que defenestraram os pensadores-educadores da Educação e criará, outra vez, mecanismos eficazes para reter a criança o máximo de tempo na escola. Sabemos bem o que é uma criança desamparada pelos pais e sociedade na rua, não é mesmo?
O Ministro da Educação, apesar de ver com bons olhos a iniciativa, revelou que precisará de 20 bilhões a mais nos cofres para bancar o custeio do projeto, isso sem contar com o investimento em infraestrutura. Contudo, sabendo dos benefícios reais e a longo prazo que isso trará, e sabendo que a corrupção sistemática do país joga na lama, todo ano, algo semelhante, 20 bilhões é uma ninharia.
O Governo Federal, na verdade, já trabalha há tempos nesse sentido com programas como o Mais Educação (que, a bem da verdade, é a jornada integral), o projeto Segundo Tempo (de Educação Física), etc.
Agora, a minha pergunta: quando, no começo dos anos 80, Darcy Ribeiro implantou o mesmíssimo projeto, junto com Brizola, todos esses que, agora, aprovaram o Que-Todo-Mundo-Sabe-Ser-O-Certo, desceram o cacete nos CIEPs e na fórmula da educação integral. 25 anos depois descobriram que a fórmula é a correta? Covardes e hipócritas! 20 e poucos anos de educação integral no Rio de Janeiro, não fosse esquartejado pelo Sr. Moreira Franco, e estaríamos na 3ª geração de bons alunos com bom direcionamento curricular-escolar.
Sabemos que, enquanto projeto, isso levará anos para se tornar efetivamente algo concreto, mas só o sopro nessa direção já me enche de alguma alegria.

* Colaborou J. L. Quintanilha

4 comentários:

Jens disse...

Vamos torcer para que o projeto se torne realidade, Marcelo (o problema é se o demo-tucanato empalmar o poder federal - neste caso, podemos esquecer).
Concordo contigo: 20 bilhões é uma ninharia. Educação é investimento. Seria o caso de criar uma CPMF destinada especificamente para a Educação, sem desvios posteriores.

Um abraço.

Anônimo disse...

Marcelo, eu concordo que há recursos suficientes. Esta história de orçamento apertado nunca me convenceu. Só acho que escolas em tempo integral são instutuições muito importantes para permanecerem somente sob a responsabilidade de professores. Escola em tempo integral, com certeza. Mas se entendemos que elas ampliarão seu papel sociocultural, é preciso que também sejam aparelhadas com melhores e mais qualificados recursos humanos: psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, agentes de saúde e outros profissionais devem integrar o quadro de funcionários dessas instituições. Quanto ao "reconhecimento", 25 anos depois, do acerto da política educacional de Brizola, é só mais um triste exemplo de que essa classe política brinca com coisa séria, quando o proponente não faz parte da camarilha de plantão que está no phoder (como diria o Pirata Z.). Um abraço.

Renato Couto disse...

AH!O Darcy! Fiz um post faz tempo, que vc. generosamente comentou. Na época, minha mãe trabalhava na educação e ficou perplexa (além de se tornar brizolista de carteirinha), depois de ver nascerem tantos projetos para educação, pelos quais, ela sonhava fazia tempo...mas veio outro "tempo" e levou Brizola, levou Darcy.AH!Como diz aquela música: "Esses discos voadores me apavoram demais..."

Cris disse...

Oi, Marcelo,

Demora pra cair a ficha desse pessoal que mexe com a educação, não???Claro, fui educada.

beijão.