quarta-feira, 26 de agosto de 2009

JB, PT e o Éter

Um amigo, outro dia, falava da época do grande Jornal do Brasil (anos 60/70/80) e sobre como era um vício ler páginas tão bem escritas, colunistas de renome, bons intelectuais. Peguei a queda do JB (anos 90 e alguma coisa no início dos 2000) até a sua total aniquilação (com o Tanure). Alguns dizem que seu declínio começou bem antes, mas, admitamos, era um tremendo de um Jornal, bem escrito, resolvido, elegante.
Quando meu amigo resolveu assiná-lo, deu-se o início da sua cura por Jornal do Brasil, tamanho o desleixo e a pedância do diário para com os seus assinantes. O Jornal atrasava, não vinha e, aqui acrescento, isto também ocorria na minha época de assinante. Morar na Baixada e assinar este diário era tarefa inglória.
Resumindo, meu amigo conseguiu largar o vício por Jornal do Brasil graças ao próprio JB.
Hoje, lembrando desta conversa, reflito sobre como o meu partido (Partido dos Trabalhadores) anda fazendo um esforço danado para que eu pare com o vício da política, com o vício do partido e mande tudo às favas. Triste observar como um sonho romano transformou-se na dura realidade dos prostíbulos e na negação dos brasileiros. Pena, pena mesmo. Este PT que começou na industrialização de Sampa e tomava as praças com a respiração e o ideário dos platônicos, este que tomava as prefeituras e as transformava em administração digna, voltada para o povo... O que dizer agora?
O governo Lula não é ruim. Na verdade, a administração petista continua acima da média brasileira, mas isso não basta. Não basta termos os índices de desenvolvimento que temos e beijarmos o Collor, o Sarney, o Renan. Lula será um capítulo inteiro nos livros de história, a oposição, para infarto de alguns, terá que engolir isso, Globo, Folha, DEM, principalmente, mas, para nós, os petistas, isso não pode bastar. Não éramos apenas bons administradores, éramos íntegros, ingênuos, lindos. Acordamos? Descobrimo-nos? Somos a encarnação original da Mosca Azul?
Os áureos tempos do JB foram beber em lugares etéreos, mas ainda é possível sonhar a política, ainda é possível sonhar. Não descarrilhamos. Devido às conjunturas e a necessidade de apoio, transformamos o tempo-espaço que tínhamos, mas o trem continua apitando, rumo à serra, nunca ao éter!

2 comentários:

Jens disse...

Oi Marcelo.
Estabelecer de fato - e não apenas no discurso - a ética na política é o grande desafio e ser enfrentado e superado pelo PT. Para isto é bom nos espelharmos em nossos próprios exemplos passados, como Olívio Dutra, presidente do PT-RS. Foi prefeito, governador e ministro de Estado. Mora no mesmo apartamento de dois quartos adquirido pelo BNH num condomínio de classe média média. Abriu mão do salário a que teria direito como ex-governador. Vive com a sua aposentadoria de bancário do Banrisul. É difícil fazer política, especialmente no Brtasil, sem sujar as mãos na merda. Mas é possível. Como disse Trostki, existe a ética deles e a nossa. A nossa necessariamente tem que ser melhor. Somos mais justos, mais solidários e temos também de ser mais íntegros. Está mais do que na hora de resgatar os valores morais que nortearam a fundação do partido.

Um abraço.

AB disse...

Apesar de nunca ter sido petista, me encantam pessoas como você, Marcelo, que ainda acreditam!