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Quando Apolônia foi libertada, depois de mais de 30 anos de cárcere, não tinha mais forças nem nas pernas nem na crença que a pusessem para correr de encontro à liberdade.
O carcereiro abriu o cadeado, escancarou a porta de ferro e disse "vai, minha filha". Todos olhavam para ela, esperando que saísse em disparada, como um bicho fugindo do caçador. Mas Apolônia não correu. Ela olhou para o carrasco lá no fundo de suas vísceras e implorou para ficar. Estava tão habituada aos seis metros quadrados que temia o mundo lá fora, ameaçador como um engolidor de espadas.
O carcereiro achava que lhe fazia um favor e a pôs para fora a pontapés do mesmo modo como, décadas antes, a havia posto para dentro.
Acostumados à escuridão e secos com passar dos anos, os olhos dela não agüentaram tanta luz de uma só vez e cegaram-se para o mundo.
Todos assistiam ao andar cambaleante da índia cega, encontrada morta dias depois afogada em tanta liberdade.
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O carcereiro abriu o cadeado, escancarou a porta de ferro e disse "vai, minha filha". Todos olhavam para ela, esperando que saísse em disparada, como um bicho fugindo do caçador. Mas Apolônia não correu. Ela olhou para o carrasco lá no fundo de suas vísceras e implorou para ficar. Estava tão habituada aos seis metros quadrados que temia o mundo lá fora, ameaçador como um engolidor de espadas.
O carcereiro achava que lhe fazia um favor e a pôs para fora a pontapés do mesmo modo como, décadas antes, a havia posto para dentro.
Acostumados à escuridão e secos com passar dos anos, os olhos dela não agüentaram tanta luz de uma só vez e cegaram-se para o mundo.
Todos assistiam ao andar cambaleante da índia cega, encontrada morta dias depois afogada em tanta liberdade.
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Um comentário:
gostei um bocado, a arte então tá linda!
beijos.
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