Tudo no nosso país surreal anda em nuvens densas e incompreensíveis. Às vezes chove, é verdade, mas na maioria dos casos o que acontece é puro dia cinzento, sem chuva ou sol, cinza até a alma.
O Governador do Rio, Sérgio Inho (seria o diminutivo um bom sobrenome para homenagear outros Inhos que foram (des)governadores?), disse para quem quisesse ouvir que gostaria da ajuda do exército nas ruas do seu Estado; disse isso ao ver sepultado um dos seus muitos seguranças, vítima do descaso e da incompetência que virou o poder público no que diz respeito à segurança no Rio de Janeiro.
Andava de táxi esta semana e constatei algo alarmante: são muitas as profissões de risco no nosso país surreal e no nosso Estado de ficção. Ganha disparado, em primeiríssimo lugar, a Polícia Militar (PM), profissão do cinqüenta-cinqüenta (de chegar vivo ou morto a casa). Outros trabalhos lindamente perigosos? Professor (ameaçado quase todo santo dia por “alunos marginais” nas vastas escolas públicas ou mesmo espancado, como foi o caso em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense; isso quando não é morto de fato por uma nota vermelha no boletim do “estudante errado”), taxista, entre outros tantos. Perguntei ao motorista do táxi se a “coisa” anda ruim há muito tempo. Ele disse que não. “O problema é essa nova geração que está nas favelas, dos jovens de agora”, no seu relato, antes se entrava em qualquer reduto no Rio, hoje subir uma favela é “coisa” muito aventureira. Digo que talvez se os batalhões fossem dentro das favelas o problema poderia ser para os traficantes, não para a gente (penso que falei besteira), ele me olha e pergunta sem malícia: “e onde ficariam os bandidos? No asfalto? Junto à elite? Não senhor”. De repente entendo o que não deveria, visualizo o que não me é permitido e fico constrangido diante da terrível conclusão: “perdemos o controle”. Meu taxista dá um leve sorriso de tristeza: “nunca tivemos controle sobre isso. Empurramos com a barriga até onde deu, agora é a vez dos sem-voz”. Nada mais lúcido.
Saio do carro, pago a rodada, entro em casa, nos jornais a decisão extraordinária dos meus nobres deputados: não trabalharão mais às segundas-feiras. Perfeito! Nunca trabalharam mesmo. Aliás, vou dizer para o meu chefe que não trabalharei mais às segundas, afinal, se o meu representante não trabalha, por que eu, o “patrão”, terei que trabalhar? “Por que você é também um sem-voz, só que mais passivo, jamais gritará; liga tanto e batalha tanto para estar dentro da sociedade que nunca compreenderá de fato os que estão à margem”. Chefe sábio o meu.
O Governador do Rio, Sérgio Inho (seria o diminutivo um bom sobrenome para homenagear outros Inhos que foram (des)governadores?), disse para quem quisesse ouvir que gostaria da ajuda do exército nas ruas do seu Estado; disse isso ao ver sepultado um dos seus muitos seguranças, vítima do descaso e da incompetência que virou o poder público no que diz respeito à segurança no Rio de Janeiro.
Andava de táxi esta semana e constatei algo alarmante: são muitas as profissões de risco no nosso país surreal e no nosso Estado de ficção. Ganha disparado, em primeiríssimo lugar, a Polícia Militar (PM), profissão do cinqüenta-cinqüenta (de chegar vivo ou morto a casa). Outros trabalhos lindamente perigosos? Professor (ameaçado quase todo santo dia por “alunos marginais” nas vastas escolas públicas ou mesmo espancado, como foi o caso em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense; isso quando não é morto de fato por uma nota vermelha no boletim do “estudante errado”), taxista, entre outros tantos. Perguntei ao motorista do táxi se a “coisa” anda ruim há muito tempo. Ele disse que não. “O problema é essa nova geração que está nas favelas, dos jovens de agora”, no seu relato, antes se entrava em qualquer reduto no Rio, hoje subir uma favela é “coisa” muito aventureira. Digo que talvez se os batalhões fossem dentro das favelas o problema poderia ser para os traficantes, não para a gente (penso que falei besteira), ele me olha e pergunta sem malícia: “e onde ficariam os bandidos? No asfalto? Junto à elite? Não senhor”. De repente entendo o que não deveria, visualizo o que não me é permitido e fico constrangido diante da terrível conclusão: “perdemos o controle”. Meu taxista dá um leve sorriso de tristeza: “nunca tivemos controle sobre isso. Empurramos com a barriga até onde deu, agora é a vez dos sem-voz”. Nada mais lúcido.
Saio do carro, pago a rodada, entro em casa, nos jornais a decisão extraordinária dos meus nobres deputados: não trabalharão mais às segundas-feiras. Perfeito! Nunca trabalharam mesmo. Aliás, vou dizer para o meu chefe que não trabalharei mais às segundas, afinal, se o meu representante não trabalha, por que eu, o “patrão”, terei que trabalhar? “Por que você é também um sem-voz, só que mais passivo, jamais gritará; liga tanto e batalha tanto para estar dentro da sociedade que nunca compreenderá de fato os que estão à margem”. Chefe sábio o meu.
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