sábado, 6 de agosto de 2016

A Cidade do Sol – Khaled Hosseini


Um grito feminista frente à opressão do “mundo dos homens afegãos pós-explosão religiosa” e tudo o que isso possa significar. A força de duas mulheres e seus destinos miseráveis em conflito permanente, lutando pela preservação da vida, dos sonhos, frente às adversidades. O livro é bem consolidado nas duas esposas (Mariam e Laila) do violento comerciante Rashid e a luta diária com o tempo, com o desprezo e a violência de uma sociedade assolada pela intolerância e machismo.
Mariam casa com Rashid, pois sua mãe se matou e a seu pai, que vivia com outra família e era covarde demais para assumi-la como filha, morreu logo depois. Ela é vendida para o marido que a estuprava e batia, machucava corpo e alma sem remorso. Seu grau de perversidade aumentava a cada ano em que Mariam não lhe dá o filho tão sonhado.
Laila perde seus pais na guerra afegã e se vê acolhida na casa de Rashid. Ela está grávida e não vê outra saída se não casar com o homem que a acolheu.
O sapateiro Rashid é violento com as suas, agora, duas esposas e não mede esforços para humilhar Mariam. As duas mulheres estão unidas pelo amor ao filho de Laila e pela cumplicidade, pela dor de ambas, pela dignidade de duas mulheres que precisam sobreviver.

No dia em que as duas resolvem enfrentar o marido-algoz, o homem, ofendido pela atitude de igualdade de sexos em um ambiente completamente machista e violento tem um acesso de fúria e é morto por Mariam, sua esposa humilhada, que paga com a morte nos tribunais afegãos o seu ato, mas que liberta Laila para, pelo menos ela, ser feliz ou tatear o caminho para algo parecido.
É Grande Literatura? Não. Não chega perto. Tem linguagem fluídica e muito lugar-comum no decorrer das páginas, mas é uma bela estória. Bela e atual para os nossos dias de luta.
E eu gostei.

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