Um grito feminista frente à opressão do “mundo dos homens
afegãos pós-explosão religiosa” e tudo o que isso possa
significar. A força de duas mulheres e seus destinos miseráveis em
conflito permanente, lutando pela preservação da vida, dos sonhos,
frente às adversidades. O livro é bem consolidado nas duas esposas
(Mariam e Laila) do violento comerciante Rashid e a luta diária com
o tempo, com o desprezo e a violência de uma sociedade assolada pela
intolerância e machismo.
Mariam casa com Rashid, pois sua mãe se matou e a seu pai, que
vivia com outra família e era covarde demais para assumi-la como
filha, morreu logo depois. Ela é vendida para o marido que a
estuprava e batia, machucava corpo e alma sem remorso. Seu grau de
perversidade aumentava a cada ano em que Mariam não lhe dá o filho
tão sonhado.
Laila perde seus pais na guerra afegã e se vê acolhida na casa de
Rashid. Ela está grávida e não vê outra saída se não casar com
o homem que a acolheu.
O sapateiro Rashid é violento com as suas, agora, duas esposas e
não mede esforços para humilhar Mariam. As duas mulheres estão
unidas pelo amor ao filho de Laila e pela cumplicidade, pela dor de
ambas, pela dignidade de duas mulheres que precisam sobreviver.
No dia em que as duas resolvem enfrentar o marido-algoz, o homem,
ofendido pela atitude de igualdade de sexos em um ambiente
completamente machista e violento tem um acesso de fúria e é morto
por Mariam, sua esposa humilhada, que paga com a morte nos tribunais
afegãos o seu ato, mas que liberta Laila para, pelo menos ela, ser
feliz ou tatear o caminho para algo parecido.
É Grande Literatura? Não. Não chega perto. Tem linguagem fluídica e muito lugar-comum no decorrer das páginas, mas é uma bela estória. Bela e atual para os nossos dias de luta.
E eu gostei.
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