sábado, 30 de julho de 2016

O teatro dos vampiros

As pessoas andam muito irritadas com o TemerOSO, pois ele assumiu uma postura de dentadura dentro de um copo d'água. Eu gostaria de dizer (escrever) para os revoltados (revoltados não, que online já tem um pessoal aí que só se emputece quando o porteiro demora para abrir o portão da garagem)... Gostaria de falar (digitar) que a culpa não é do vampiro.
Aos vampiros é dado o poder da imortalidade com algumas cláusulas ad vitam aeternam; duas delas dizem respeito ao sol (a luz é proibida, pois leva a sua extinção) e ao alimento (sangue é o seu arroz com feijão e bife com fritas). Logo, deduzir-nos-emos que vampiro é todo aquele que se alimenta do sangue alheio e vive nas trevas.
Podemos divagar sobre os outros vampiros e o seu teatro, podemos dizer que tem muita gente investigada na sua mesa de reuniões, mas podemos dizer que isto é inédito? Ouso mais além-mar: esses seres sentam nesta mesa de forma tão contínua quanto A Lagoa Azul na Sessão da Tarde. A estranheza sempre foi o Van Helsing.
A cúpula do conde trabalha da seguinte forma: intervenção mínima na economia e máxima no popular, ou seja, privatização das empresas e porrada nos pobres. As coisas se organizam no caos. Eles são quase esotéricos. Não é de propósito que eles matam as suas vítimas e fecham-se no clubinho decidindo coisas importantes longe da luz dos holofotes e ao apagar dos refletores; é para a própria sobrevivência da espécie! Não os levem a mal, é pura meritocracia.
As medidas impopulares são um mal necessário, uma isca para atrair outros iguais de outros clãs. É para o bem da raça e estabilidade social. Paz sem voz é paz, sim. Pelo menos é o que dizem os jornais dos vampiros. E todos acreditam depois de um tempo.
As pessoas estão irritadas porque se acostumaram com a falsa impressão de que eles haviam queimado na luz dos direitos das minorias, nos direitos trabalhistas, no diálogo com a justiça, na prisão dos graduados. Ledo engano – eles sempre estiveram lá, sempre por aí, assobiando uma cantiga antiga, milenar, eternizando o seu nome através dos filhos e netos e sobrinhos e cunhados e sangue, muito sangue dos outros. Eles vão e estão aí sempre. Fato.
É que, como os jornais eram e são deles, ficamos com aquele gostinho do barco vagabundo de 5 mil continhos, o triplex em bairro muquirana e esquecemos que vampiro que é vampiro possui apartamento em Paris, em Roma, triplex em ilha, dívida e sonegação de centenas de milhões; e todos dormem calmos com seus bancos de sangue envelhecidos em barris de carvalho.
O TemerOSO? Só uma dentadura num copo d'água esperando uma boquinha. Coitado. Mais um vampiro no teatro.

Mas, e aí? Até quando vamos assistir a essa peça?



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