Não era apenas a
questão do sexo exalando no copo de chope brahma e na picanha ao alho servida
ao ponto; era todo um contexto que se unia ao kama sutra da noite, diversificada
e, vez-em-quando-sempre, prazerosa. Não era apenas a questão do sexo ou sobre o
final em si mesmo; o que o encantava era toda a biblioteca de Babel e a maneira
de conduzir o caminho das palavras, a resposta da pele ao toque, a mensagem que
o corpo oferece ao oposto no cruzar dos braços e no sorriso que dilata a pupila.
Dentro do seu próprio sistema, especializou-se nos
cardápios dos hotéis do Rio de Janeiro. Sempre solícito e solicitado, sabia de
cor os melhores pratos ou as melhores bebidas para uma pernoite regada a
orgasmo e culinária. Bife a Cavalo? Hotel “X”. Risoto de camarão? “Y” hotel. Peito
de frango grelhado? “A dica é o hotel tal, mas, cuidado!, se não for pegar a
suíte “W”, com preço mais salgado, a refeição pode levar até 02 horas para
ficar pronta!”
As pessoas acessavam o seu blogue atrás de uma dica de,
pasmem, quem dava um maior valor e diversificação ao frigobar. Ele ficou tão
bom no que fazia que os próprios donos de hotéis espalhados pela cidade pediam
conselhos e pagavam pelas preciosas informações. E ele aproveitou cada cortesia
ganha, cada suíte e champanhe estourado nas ancas da parceira do momento.
E assim fez a sua vida de forma momentânea. Sempre na
epiderme do arrepio, um perfume importado na camisa polo Rauph Lauren vermelha;
a calça jeans apertada dando o toque instigado por ele, sempre expondo seu falo
de maneira direcionada. Era um caçador magnífico.
Dizem,
inclusive, que foi assim que morreu: dois tiros na cabeça enquanto comia a
mulher de alguém que não tinha tempo. Entre um camarão e uma vagina, ambos
regados a azeite ou saliva.
Anos
após a sua morte, o blogue continuava sendo acessado; como um gourmet
cafajeste, uma suíte vazia ou uma cantiga de escárnio.
2 comentários:
Marcelão! Nem Nelson escreveria melhor sobre este amado cafajeste! Abraços!
PS: É sempre bom quando (re) vejo os da "minha turma" gastando a pena. Você, o combatente Jens, Loba o ausente Halen...
E você também, Renato! Abraço forte!
Postar um comentário