domingo, 23 de janeiro de 2011

Do desejo (trecho)

I

Porque há desejo em mim, é tudo cintilância.
Antes, o cotidiano era um pensar alturas
Buscando Aquele Outro decantado
Surdo à minha humana ladradura.
Visgo e suor, pois nunca se faziam.
Hoje, de carne e osso, laborioso, lascivo
Tomas-me o corpo. E que descanso me dás
Depois das lidas. Sonhei penhascos
Quando havia o jardim aqui ao lado.
Pensei subidas onde não havia rastros.
Extasiada, fodo contigo
Ao invés de ganir diante do Nada.

- Hilda Hilst

Esta delícia foi extraída do (excelente) blogue Por um Triz.

2 comentários:

o refúgio disse...

muito bom. tou precisando de um desejo desses...

Jens disse...

Eu também quero cintilar...