Óbvio que, em época de eleição, como diz a música da Rita Lee, “tudo vira bosta”. Mas é bom lembrar que mídia toma posição partidária, cidadãos o tomam e o mundo se divide em milhões de candidatos. Esta é a parte boa da democracia. E eu acredito que, em se tratando de democracia, qualquer parte já é boa, independente da escrotidão.
Um certo candidato disse que certo partido tem ligação com narcotráfico. Uma revista de grande circulação reproduziu a declaração (e isto é o certo a ser feito; jornalismo é jornalismo doa a quem doer) e, não satisfeita em apenas reproduzir, taxou no título: “’Fulano’ acertou no alvo”, dando a entender que tal declaração procede (Sem investigação e má-fé, chamamos isso de jornalismo marrom ou jornalismo arbitrário, panfletário, ideológico ou de merda, mesmo).
Nessa época agitada, de ânimos aflorados e correntes enlouquecidas, é bom serenarmos na reflexão: mídia partidária não informa, faz ibope.
Claro que não posso deixar de publicar outra pontinha de coluna do jornalista Carlos Brickmann, no Observatório da Imprensa:
Aconteceu de novo: uma funcionária negra do governo americano fez uma série de declarações, sem nada ofensivo. Um maluco dos grupos Tea Party, nacionalistas de direita e adversários da imigração, editou as declarações, conseguindo montar uma frase racista: a funcionária teria dito que jamais contrataria um branco. A montagem repercutiu na Fox News, e o presidente Barack Obama decidiu de bate-pronto: demitiu a funcionária. Agora já se sabe que houve montagem e Obama está sem saber o que fazer. É complicado: a comunicação se tornou muito mais rápida, a difusão de notícias é quase instantânea, mas a checagem continua necessariamente lenta. Notícia errada difundida rapidamente significa que mais pessoas serão atingidas mais depressa por informações não confiáveis.
Um comentário:
Marcelo, você discute duas coisas importantíssimas aqui: valor democrático e responsabilidade da imprensa.
Concordo contigo: "tudo vira bosta" (aliás, acho essa música do Moacir Franco, gravada pela Rita Lee, sensacional). Mas, se desejamos democracia, tem que aturar o cheiro.
E é lamentável (e preocupante) que o funcionário público mais importante do mundo (o presidente do EUA) não tenha uma assessoria de mídia que consiga filtrar e investigar fatos como esse.
Um abraço.
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