quinta-feira, 8 de abril de 2010

Porrada no Cacique!

...É claro que todo mundo sabia que todo mundo sabia, mas não teve jeito. As coisas são feitas assim: a gente fala e fala e fala, mas, no fim, não faz porra nenhuma. É a máxima do neo-qualquer-partido, ou seja, muda-se tudo para não se mudar nada.

Por exemplo, as enchentes no Rio de Janeiro é a previsão descarada do apocalipse em 2012? A maldição do José serrote? Iemanjá vs. Poseidon travando a maior suruba entroplanetária? Chuva excessiva devido a todas as ignorâncias que já fizemos ao planeta? Acredito que, se o homem pode imaginar, logo, há um viés de realidade, depende do ponto (distorcido) de vista. Contudo, penso ser, neste caso, puro estupro social. Chego lá.

Os geólogos de plantão (ou nem geólogos assim, mas seres dotados com um mínimo de raciocínio) disseram que os morros cariocas possuem uma camada muito fina de terra – o resto é rocha –, portanto, qualquer chuvisco persistente é um perigo (ou uma “pica”, como diz o carioca da Baixada). Os governos sabiam? Sabiam, naturalmente. Os governos podiam prever que, algum dia, isso daria em merda? Claro, certamente. Os governos podiam, enfim, barrar a desenfreada população de construir desenfreadamente mais casas, casarões, barrocos (depende do lugar e da classe) nos morros? Sem dúvida alguma! Por que não o fizeram? Bem, veja bem, aí é onde a política rima com titica.

Sem dúvida anda chovendo à beça no Rio de Janeiro, mas quando 100, 200 mortos clamam soterrados na pobreza ou nos destroços, aí mililitros cúbicos não dizem nada além do óbvio: tapamos os olhos e deixamos a tragédia acontecer na expectativa de que a merda só fedesse no próximo governo. Como impedir o crescimento populacional dos pobres nos morros tira votos, nada se faz, como impedir ricos de construírem suas mansões em áreas perigosas pode minar o dinheiro da campanha eleitoral, nada se faz. E de nada em nada vamos nadando no lamaçal que se tornou a nossa “crônica de uma morte anunciada”.

Claro que não podemos jamais esquecer do convênio firmado entre a prefeitura do Rio e a Fundação Cacique Cobra Coral. Como governos jamais deixarão de ser o que são: corruptos, cancerígenos e absurdos, coloco imediatamente a culpa no FDP do cacique que, ao pedir para chover no Rio, não pediu direito, ou pediu em demasia, e Tupã, bêbado, abrindo sem jeito o mapa do Estado, amassando a parte que cabe à Baixada (tudo bem, já estamos acostumados), resolveu mijar toda a Lagoa Rodrigo de Freitas e Niterói. Porrada no Cacique e, sobretudo, no prefeito!

Queria continua com o desabafo irônico de um cidadão perplexo, mas Angra dos Reis continua latente nos corações cariocas e eu já disse tudo o que queria Aqui e Aqui.

Ah!, o Kibe Loco também disse tudo com pouquíssimas (e melhores) palavras.

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LAMENTAÇÃO
Líria Porto
[ in Tanto Mar ]

olhos barrentos
transbordam durante
as enchentes

transformam em charcos
os corpos cansados
de sofrimento

2 comentários:

Flávio Mesquita disse...

Pois é, Marcelo.
A culpa não era de São Pedro. Acho que o termo aditivo do cacique melou...
P.S.: Vou postar no teoria.

Marcelo F. Carvalho disse...

Valeu, Flávio! Uma honra, cara!