Quando ela nasceu foi um momento difícil. Eu pensava estar preparado, mas nós nunca estamos totalmente preparados, nem para a morte, nem para a vida. Ela era simples, vermelha; soltava uns rangidos, arrotos, o olhar embaçado, cabelos falhos. Ela nasceu e eu não estava preparado. Deixei de ser naquele momento. Eu era todo não-ser. Uma elipse solta pelos cantos do hospital. Eu era o ponto-e-vírgula que ninguém sabe muito bem onde botar. E eu não estava preparado. Acendi todos os cigarros, chorei um pouco, falei pouquíssimo. Tirei fotos, descobri ser deus, fiquei maior que o mundo; era todo o universo. E eu não estava preparado para deixar de ser sol. Deixei de lado a Coroa, virei malkut, absorvi o éter, caí do quinto céu. Quando ela nasceu, sem querer, revelou o óbvio. A eternidade é isso:
Eu me continuar nos átomos de outra pessoa.
Um comentário:
Olá Professor,
QUE FOFA, LINDA, GRACINHA, AH! TUDO DE BOM BOM BOM
PARABÉNS PRA ELA, PRA VOCÊ(S)
fico num entusiasmo só, e nunca deixo de dizer, escrever, criança é o que há de melhor, mesmo mesmo
beijo grande pra vocês, Marcelo
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