Não, não foi
fácil. Quando terminou o filme, senti um certo desconforto e irritação. Achava
ter perdido o meu precioso tempo. Filme lento com ênfase nas situações
evolutivas de aprendizagem, cálculo ou conflito do alienígena Johansson.
Não, não foi
fácil, mas depois veio aquele incômodo que me norteou por algum tempo depois da
projeção. Sensação de ter perdido alguma coisa, alguma chave que deixava cair
entre a dúvida do tédio e a incerteza da obra produzida.
Não, meus
amigos, Sob a Pele (Under the Skin) não é um filme com a deusa Scarlett
Johansson nua. É, antes, o oposto disso. A nudez ali não tem sintonia com o
erotismo. Há muito mais sensualidade e pornografia no seu andar sedutor,
conduzindo as suas “presas” para o inevitável destino, aliado ao seu olhar
hipnotizador e sorriso de esfinge Mona Lisa, do que o seu corpo despido. O
corpo, quando confrontado no espelho, serve, apenas, para a amálgama entre a
imagem e o alienígena. É o outro cultuando a nós, tentando ser-nos, como uma
celebridade que, no olimpo, precisa dos mortais para poder existir. Copula com
eles. É a atração da estrela e o seu povo.
E depois de
andar no nosso meio e se alimentar de nós mesmos, eis que o processo evolutivo
o impulsiona para a trágica humanização. E é quando, justamente, aprende a nos
amar que, confrontada no espelho, encontra a morte pelas mãos desumanas e
cheias de instinto.
Sob a Pele é
sobre a nossa sociedade cultuadora, sobre nossos espelhos e sobre o outro (que
caminha sobre a água) que nós queríamos ser (ou confrontar).
Bom ou ruim,
causa reflexão. Só não sei se vi um filmaço.
Under the
Skin – 2013 – Direção:
Jonathan Glazer
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