O
meu governador predileto, o Ilustríssimo Sr. Band-aid, acaba de ordenar a
retirada pacífica dos índios da Aldeia Maracanã. O local pertence ao Estado,
logo, o governador se sentiu no direito de cagar sobre o túmulo do amante de
índios, Darcy Ribeiro, e mijar na cabeça dos vagabundos que apoiam a causa
indígena. A verdade é que de Cabral em Cabral, o índio vai tomando pau.
A
retirada pacífica contou com a tropa de choque da polícia, famosos pela
sutileza e capacidade de negociação espartana, e os instrumentos de dispersão
de sempre: gás, spray de pimenta, bombas de efeito moral e imoral, escudos, capacetes reluzentes e a
determinação de manter tudo em seu lugar. Esqueceram das armas de fogo... Dizem que foi
porque o índio entende muito mais de fogo que o homem branco e, mais
importante, as armas foram emprestadas para o pessoal da UPP da Cidade de Deus
atirar em motociclista que atendia ao celular. Outros contam que a polícia de
Sampa também pediu algumas pistolas a fim de entrar nas favelas com luvas
cirúrgicas. Mas isso tudo é o que dizem... Porque eu não vejo, não escuto, não
falo e, há muito, nem cigarro eu tô acendendo.
O
que eu gosto, mesmo, desta expulsão dos índios da sua própria casa é o motivo
nobre. Nobre, fofo e compensador: a construção de um estacionamento para os
gringos que assistirão aos jogos da Copa do Mundo no Maracanã. Bem, diante
desta justificativa e da ordem da FIFA, eu devo admitir que estou declinado a
apoiar o merdelê (vai que sobra alguma “farpela” pra mim?). Em terra de cego
quem tem olho é cu.
Vão
pegar esses índios todos e realocarem em um dos 03 locais possíveis. Ah!, não
falaram pra vocês? Os locais ainda não foram construídos, não. Claro, foda-se,
depois eles veem isso. O importante é colocá-los num hotel de quinta, até os
barracos serem construídos, e, depois, quem gostar fica esperando a construção
do novo museu – que deve levar uns outros 500 anos ou milhões, ainda não se
decidiu – e quem não gostar, bem, foda-se outra vez, nós pagamos o ônibus e os
mandamos de volta para a puta-que-os-pariu.
Enfim,
é isso. Uma vergonha este meu Rio e este meu companheiro Band-aid, mas de
vergonha em vergonha a galinha enche o papo! Ou melhor, a FIFA enche a bola,
enquanto nós comemos a grama.
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