Por Euza
Do (excelente) blogue Palimpnóia
Tudo me era estranho. Até o gato, espreguiçando no banco e olhando o desfile da vida, não me parecia gato. Queria mesmo era tomar um copo de cólera. Seria uma reação. Há tempos ando assim, como a deixar a vida passar por mim.
Naquele momento, não foi a vida quem passou. Foi um homem. Gordo e surpreendentemente ágil. Passou correndo e seu vento me deslocou. Tropecei nas pernas e nos pensamentos. O momento passou e tudo voltou ao que era antes. Eu, parada. Solidária às pedras. Solitária na falta de inspiração. É preciso inspiração pra seguir a canção. Talvez seja preciso o deslocamento do vento para nos dar a direção. Olhando os rostos mais ou menos conhecidos fui em busca do porto. O ponto.
É prazeroso estabelecer o ponto de partida, é sábio olhar de frente o ponto final. Quase sempre estendemos o momento de escrever o The End. Nos agarramos ao que sonhamos, ao que projetamos. E arrastamos as vírgulas, enfeitamos as reticências. Tudo para fechar as cortinas como nos contos de fadas. Mas nem todo final precisa ser feliz ou parecer feliz. Às vezes ele deve ser assim: lento e silencioso e sem importância. Às vezes ele apenas marca o fim de um tempo. E pendura as lembranças por cores, tamanhos, emoções. Lembranças que, em sépia, se tornarão preciosas e perfeitas e amadas. Palimpnóia
4 comentários:
Marcelo, o Palimpnóia "fechou as portas" definitivamente? É o que parece, não?
Espero que, assim como o 1º susto que eles deram na gente, este também tenha data de validade. Só tem fera ali.
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Abraço forte!
Aiai sei como e dificil juntar essas cabecas para escrever, vide o (ainda) extinto R.C., mas realmente esse e so de feras. Excelente texto!
abrax
RF
Palimpnóia de portas fechadas, Jens de velas baixadas e o Pirata? Por onde andas Marcelo?A resistência blogueira está se esvaindo?
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