sábado, 18 de setembro de 2010

Recital da Primavera

Antes de começar minha malfadada opinião, devo lembrar algo importantíssimo: eu sou petista. Às vezes isso não é motivo para orgulho, é certo, ou, como escreveu uma banda chamada Maria Bacana: “tem dias que a vida parece coca-cola sem gás”. Porém, quando olho para o lado de fora e vejo a nossa sinistra oposição, não há como sentir uma vontade fodida de surfar na “onda vermelha” (confira aqui).

Não sei se a oposição já se tocou ou foi a mídia que tapou os olhos, mas há muito que denuncismo atabalhoado às portas de uma eleição não muda nada. Também não sei se a credibilidade de determinados setores midiáticos virou pó ou se a invasão da pluralidade midiática, seja com o acesso democrático da internet nas grandes metrópoles, seja com a explosão dos veículos de comunicação alternativos, foi fator determinante para que a voz discordante viesse à tona. A verdade é que, neste país, hoje, assim como em qualquer lugar civilizado, se há uma corrente a favor, há outra contra. Princípio básico da democracia (clique aqui).

É claro que, ao contrário de países mais “acostumados” com a Questão Democrática, o Brasil possui apenas um conglomerado de jornais objetivando um só ideal: o lucro gerado com a criação de presidentes fantoches que, como servos, apenas executam ações dos que realmente mandam na porra toda (interesse oligárquico). Os jornalões são assim e não poderia ser diferente. Com a crise em determinadas áreas da mídia (jornais e revistas de papel ou canais de televisão), ter um governo que socorra tais veículos é imprescindível. Governos que tapam os olhos para acordos ilegais e entrada de capital estrangeiro em área restrita aos investidores nacionais é de grande valia. Empresas de jornalismo precisam de lucro para continuarem existindo. Óbvio que um governo mais simpático aos seus interesses gera, necessariamente, uma amálgama ideal: deveriam estar separados para o bem da democracia e da notícia isenta, contudo...

Não há nada de errado em se noticiar escândalos, principalmente os ligados ao governo, mas os fazer de forma leviana às vésperas de uma eleição presidencial é nojento. Alguns escândalos, tratados como “saindo do forno” nada mais são do que notícia engavetada de dois anos, prontos para um momento como esse (leia-se: prontos para ajudar o candidato ideal). Os títulos das capas da Folha são uma prova cabal de que a grande mídia anda sedenta e não é por jornalismo (confira aqui).

O problema é que, hoje, para cada capa da Veja, da Folha, e etc., há uma página de blogue destoando, posicionando-se contra ou a favor. Para cada comentário do Sr. Homer Simpson, há um vídeo blogue contrário. E claro, o brasileiro parece ter, com o tempo, gostado mais de falar de política, mesmo quando diz besteira, diz política, isto é essencial.

Não sei se a minha candidata é a melhor. Será, ao que tudo indica, a presidenta do meu país e terá o meu voto. As questões mais importantes não foram colocadas pelos grandes veículos de comunicação. Este papel está nas mãos dos pequenos, mas inúmeros, zines, blogues, jornalecos, sítios, rádio pirata, etc. Está incomodando e rompendo uma barreira intransponível em 1989. Talvez estejamos vivendo um acontecimento histórico dentro das nossas mídias e, ainda, não tenhamos atentado para isso. É uma revolução gradativa, lenta. Mas uma revolução, sem dúvida. Estamos vendo as pessoas fazendo a leitura de escolher o próprio candidato. Isto significa que estamos lendo (não livros, mas lendo a trajetória e interpretando um caminho). Não significa que estejamos escolhendo o melhor para nossas vidas, mas estamos escolhendo. Repito: princípio básico da democracia.

E quando aprendemos a ler, evitamos que alguém leia no nosso lugar.

Um comentário:

Meneau (o insuportável) disse...

Cara, não sou petista, mas preciso reconhecer que a tal "bala de prata" de que a Dilma falou não foi encontrada pela oposição nem pela chamada "grande imprensa".

Um abraço.