quarta-feira, 30 de abril de 2014

Perspectiva

            Claro que, quando se criou a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), eu continuei achando que não daria certo. Como daria certo se a instituição que a administraria tem o governo do Pedro Álvares aliado à força repressora da classe alta disfarçada de representante da lei e da ordem? Não daria certo.
            E não deu.
            Hoje, sabemos que essa porra é um engodo. Assim como a outra sigla: UPA.
            A UPA tirou os hospitais de circulação e não só é uma merda como não tem internação, não faz comida, não possui exames de alta-complexidade, enfim, engodo. Um esparadrapo para quem está enfartando.
            A polícia age do jeitinho que a “sociedade” quer; ela é um espelho da elite tupiniquim que fala mal do Brasil e vai comprar bugigangas em Miami. Ela tem a concepção e o preconceito dos seus chefes e da sua gente. Ela não enxerga o negro favelado como ladrão por ser polícia. Ela o vê assim porque os brasileiros o veem assim. Para muitos tupiniquins, e maioria da elite hi-tech, bandido bom é bandido morto, mas só se esse bandido for preto e pobre; os desgraçados branquelos da elite, quando fazem merda, merecem uma correção, uns tapinhas na bunda, nunca a pena de morte.
Por que só os pobres merecem morrer?
Porque pimenta no cu dos outros é refresco. Quando o caso é o nosso filho, o buraco é mais embaixo. Aliás, o buraco não existe. Como escreveu Sartre: o inferno são os outros.
Reflexão sobre o porquê das estatísticas apontarem um número assustador de negros mortos na favela é besteira. Ninguém quer fazer. Por que morrem tantos pretos e pobres no Brasil pelas mãos das “autoridades”? Por que tanto ódio?
Aliás, por que ninguém ainda percebeu que o Brasil mata seus filhos desde os tempos mais remotos e isso em nada ou pouco ajudou a solucionar o problema da violência por aqui? Somos um dos países quem mais prendem e mais matam e, no entanto, o efeito disso não diminuiu a estatística.
Investimento e educação: chaves para a diminuição da criminalidade.
Coloque um comprimido e perspectiva na vida de qualquer cidadão e veremos um bandido a menos. Tire a perspectiva da vida de qualquer cidadão e criaremos um monstro odioso.
É um começo simples. Mas o investimento é grande e custa dinheiro. Muito dinheiro.
Não será esse o problema?


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