quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Como escrever sobre o amor

A mão da mãe manhava

Trêmula, fosca, fatigada

Ao perder a direção, prumo

Do mar do filho curvo

.

Chegou e quase não disse

Sua voz miava quinze

E eu perguntava: quinze anos?

Enganos? Sem planos? Cu?

.

O filho no mundo voava?

Ela, sem chão, mergulhava

Perdendo a procura, o tempo

O nome, a febre, a dor

.

Quem sabe se vive?

A polícia não sabe ou suspeita

Como não sabe ou suspeita

Da Baixada e da chacina.

2 comentários:

Jens disse...

Impressionante que haja amor, em meio a dor e a falta de rumo. Mas a poesia sobrevive e persiste.

Um abraço.

Moacy Cirne disse...

dureza/crueza
baixada/chachina
poesia?/poema?
resistir é preciso

/um abraço/