Pensávamos ser
só uma daquelas trovoadas que nos amedronta, que nos lembra um deus terrível e
irado a nos alertar, mas que depois dilui-se em chuva purificadora e
refrescante.
Pensávamos que tínhamos o controle
harmônico do sol.
Foi aí que nos debruçamos sobre a
fragilidade das nossas certezas e a desventura do nosso horizonte: a
democracia, tal qual a idealizamos, não só é uma abstração como sua
profundidade é extremamente aquosa. Um vento mais forte e a tempestade brota.
E foi assim que protestos lindamente
válidos viraram reuniões insanas e deprimentes daqueles vultos que antes viviam
pelos lodos do obscurantismo com suas ideias de país troglodita e disforme,
onde apenas os homens brancos heterossexuais possuem direitos. Vultos que
tinham medo de vomitar seus preconceitos na multidão e, hoje, saem como que canonizados
pelo apoio de outros que só enxergam a realidade no espelho quebrado de suas
mentes. E dá-lhe apoio à intervenção militar, gritos de ódio a um governo
(triste, ruim e confuso) eleito democraticamente e dentro da lei; dá-lhe
xingamentos, palavras desconexas e brados por justiça. Tudo muito lindo não
fossem os representantes (deles e nossos) legislativos investigados por “n” desvios,
subornos, mesadas, safadezas. Tramoias! E a mídia sedenta vomitando textos
cínicos e tendenciosos.
E foi assim que irresponsáveis,
pensando no umbigo e na barganha, colocaram um inconsequente na presidência da
Câmara e anos de luta e negociações quase foram para o ralo.
Eu já ajudei a misturar cimento para
a feitura de uma laje e sei de uma coisa: consertar a besteira dos outros é
pior do que construir tudo.
Portanto, o que desejo para este
final de ano é isso: que a tosca e golpista oposição, junto com este governo,
perdido entre o agradar para cicatrizar e o romper para renovar, não foda ainda
mais com o país.
Um melhor 2016 a todos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário