terça-feira, 29 de junho de 2010

O ex-futuro-vice do Serra

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Descoberta a identidade do candidato a vice do Serra!
Numa decisão ferrenha entre Folha, Globo, Estadão e Avon, venceu o mais fiel!

quinta-feira, 24 de junho de 2010

A tragédia dos locutores

"Uma tragédia que não tem, para os italianos, um final feliz."
- Palavras proferidas por Cleber Machado durante o jogo Itália e Eslováquia.
Na Globo é assim, tragédia tem final feliz, já o Dunga...

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Dunda é o que é. E a Globo?

Deixa eu ver se entendi bem:

Agora que a Globo não conseguiu colocar a Fátima Bernardes dentro do ônibus da Seleção Canarinho, o Casseta & Planeta não conseguiu invadir a concentração e os jornalistas mal educados e seus celulares não conseguiram ficar sem tomar um pitaco na sala de entrevistas... Só agora descobriram que o Dunga é brucutu?

A ESPN vem falando sobre a postura do técnico da seleção há milênios. Nada contra o cara barrar a todos e mandar às favas os últimos, mas que é esquentadinho e fanfarrão, ah, isso ele sempre foi... Não é de agora, não, dona Globo!

Reclamar do Dunga por não acreditar na sua capacidade enquanto técnico é uma coisa. Descer o cacete no Dunga por outros motivos mais, digamos, corporativistas, é outra!

terça-feira, 22 de junho de 2010

Uuiii

Em meio ao clima da Copa do Mundo, uma camisinha feminina antiestupro está sendo distribuída na África do Sul. O preservativo parece um pequeno instrumento de tortura, com diminutos ganchos, semelhantes a dentes, que se prendem ao pênis do agressor. Batizado de Rape-axe, o produto havia sido lançado em 2005. Mais de 30 mil unidades devem ser distribuídas ao longo do evento.
A camisinha estupro é semelhante a uma camisinha feminina convencional, feita de látex. A parte interna do produto, porém, é composta por vários ganchos. Em caso de penetração, eles perfuram a pele do pênis, provocando dor imediata.
Além da dor, o estuprador precisará ir ao médico para remover os ganchos, o que acabará denunciando seu ato criminoso. Se tentar remover a camisinha sozinho, os ganchos penetram ainda mais fundo na pele. A medida é radical, mas a África do Sul tem altos índices de estupro e cerca de 16% da população é portadora do vírus HIV.

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Diz você:

Se essa moda pega aqui no Brasil... Mulheres enfurecidas com maridos cafajestes...

sexta-feira, 18 de junho de 2010


José Saramago morreu
Morreu aos 87 anos, em Lanzarote. Dizem que Portugal era a sua pátria. Mentira. Saramago não tinha pátria nem deus. Escritores como ele são atemporais e universais; não possuem geografia ou teogonia.
Morreu um grande. Um pedaço da Literatura se entristece.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

...essas coisas geniais de Sandra...

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infância no mato
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gosto mais de brincar que ser gente de siso
tenho mais de criança, de nuvem...
enquanto chuva, me faço rega.
terra molhada tem cheiro bom
todo mundo gosta, criança gosta.
deito na grama úmida, adormeço
acordo amanhecida de pétalas, lambida de sol.
na pele guardo o orvalho fresquinho.
no banho de bica a rã fria pula mais alto que minha bunda.
gosto mais dos imbuás, com suas tantas perninhas, fazendo cócegas na palma da mão
e à noite descobrir vaga-lumes, esses espiões camuflados de luz.
subo na árvore mais amiga - árvore amiga é aquela que tem muitos braços abertos dentro do céu -
sempre sonhei com casinha na árvore entre galhos e folhas de olhares brecheiros
mas fiquei contente com o balanço de corda e madeira
e voei sonhando passarinho.
bem sei que algum dia me refloresço criança
até beijar colibris dourados
até mijar margaridas azuis
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um olhar diverso
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Dizem que Ana sempre olhou muito mal.
Que ela simplesmente não via o que quase todo mundo via.
Que seu olhar dispersa das coisas.
E que, entre outras coisas, só via de suspiros pela lua cheia nascendo no horizonte, ou via de chateação pela espinha impertinente nascendo em seu rosto.
Ana sempre enxergou melhor com os ouvidos.
Até parece que nasceu de música.
Poderia ser cantora, violonista, pianista.
Mas não, Ana escolheu as artes plásticas que pedem tanto aos olhos.
Assim Ana habituou esfregar seu olhar nas coisas ao seu redor.
No entanto esse olhar atento durou pouco tempo.
Ana distraída começou a ver com a imaginação, mais ou menos como fazia quando criança e via o que ninguém via.
Ana desenhou delírios e criou seres nunca vistos disso.
Nem tardou e Ana abandonou as artes.
Decidira escrever poesia e seu olhar se voltou para dentro.
Escreveu de sentimentos e sensações, principalmente sensações: "o sentimento vaza como música em minha pele".
Ana descobrira que não só os versos mas cada palavra, em si mesma, comporta sensações.
Carrasco, por exemplo, é uma palavra bem seca provavelmente pelo dígrafo rr seguido de asco.
Burburinho é uma palavra que borbulha e faz cócegas ao pé-do-ouvido.
Enquanto jequitinhonha tem algo de nhoc-nhoc, nhac-nhac.
E alpendre tem uma amplitude inicial mas aconchega no final.
Ana prestava muita atenção às sonoridades das palavras e suas significâncias, daí inventava neologismos.
Alguns dizem que Ana virou poeta porque enxergava muito mal com os olhos (bendita deficiência!).
Ana é de ouvidos, de sensações, imaginânsias e sonholências.
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sexta-feira, 11 de junho de 2010

Almadilhas da Paixão

Eu assisti pela TV um dia desses, mas não acreditei. Achei, por um curtíssimo instante, tratar-se de um CQC, Pânico, Casseta e Planeta ou alguma abertura do Programa do Jô, mas, acreditem, o "homi" falava sério. Seríssimo!!!
Meu amigo Flávio Lima postou, no seu blogue, a sua impressão, portando, paro de escrever com a recomendação para que vocês cliquem na imagem e deliciem-se com o absurdamente humano, demasiadamente humano.
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quinta-feira, 10 de junho de 2010

A Linguagem e o Poder

A linguagem e a mídia, juntas, tanto podem construir quanto aniquilar o intelecto de quem se presta a consumir, lixo ou luxo.
Deixo duas perspectivas para o debruçamento, para o Flor ou a Náusea.
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O público não é estúpido

http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=593JDB015

Por Venício A. de Lima em 9/6/2010

Reproduzido da Agência Carta Maior, 4/6/2010; título original "Telespectadores e leitores não são estúpidos"

Robert Fisk, premiado jornalista inglês, correspondente no Oriente Médio do The Independent, em discurso no V Fórum Anual da emissora árabe de televisão Al Jazeera (publicado originalmente no site Vi o Mundo e também na Carta Maior) recoloca uma questão fundamental: como jornalistas incorporam acriticamente o que ele chama de "palavras do poder", isto é, palavras e expressões deliberadamente criadas nos laboratórios do poder hegemônico para falsear a realidade que aparentam significar.

O tema, por óbvio, não é novo. No clássico 1984, de George Orwell, a edição que estava sendo preparada do Dicionário da Novilíngua daria à língua a sua forma final não pela invenção de novas palavras, mas, sobretudo, pela destruição de palavras existentes.

Estudos sobre a difusão mundial da idéia de globalização no final do século 20, por exemplo, apontaram para a "violência simbólica" praticada pela introdução de palavras/expressões como flexibilização, governabilidade, nova economia, fragmentação, tolerância zero paralelamente à desqualificação sistemática de conceitos como capitalismo, classe social, dominação, exploração, desigualdade, dentre outros.

O famoso consultor do Partido Republicano e ex-assessor do presidente Bush, Frank I. Luntz, explicou publicamente, em 2003, a eficiência da substituição de palavras/expressões nas campanhas eleitorais e na sustentação da imagem positiva de governos, nos Estados Unidos: "aquecimento global" vira "mudança climática"; um "programa de desmatamento" vira "florestas sustentáveis"; "privatizar" vira "personalizar"; "invasão" vira "guerra contra o terrorismo" – e assim por diante.

Fisk e as palavras do poder

O que o assustador discurso de Fisk constata é como a relação de jornalistas com o poder mundial hegemônico está contaminada pela adoção acrítica de um vocabulário que serve de importante instrumento na construção de uma falsa visão do que ocorre hoje no mundo. Diz ele:

"No contexto Ocidental, a relação entre poder e mídia diz respeito a palavras – é sobre o uso de palavras. É sobre semântica. É sobre o emprego de frases e suas origens. E é sobre o mau uso da História e sobre nossa ignorância da História. Mais e mais, hoje em dia, nós jornalistas nos tornamos prisioneiros da linguagem do poder."

Os exemplos que apresenta estão, sobretudo, relacionados com a política externa e as ações americana e inglesa no Oriente Médio e incluem expressões como processo de paz, a paz dos bravos, pico de violência, narrativas que competem ou a substituição, sem mais, de ocupação por disputa; de muro por barreira de segurança, de colonização por acampamentos ou postos.

Um estudo sobre a cobertura que a grande mídia nativa tem oferecido da política externa brasileira, sobretudo das recentes tentativas, ao lado do governo turco, de mediar um acordo com o Irã sobre o enriquecimento de urânio para fins pacíficos, certamente revelaria um processo equivalente de adoção acrítica da narrativa do poder mundial hegemônico. Ou não seria isso exatamente o que faz, por exemplo, o jornal O Globo quando chama a atual política externa de "suicídio diplomático"?

Abreviando seu próprio fim

Fisk em seu discurso, todavia, traz uma reflexão fundamental. Diz ele:

"O lado mais perigoso de nosso (jornalistas) uso da semântica de guerra, nosso uso das palavras do poder – embora não seja uma guerra, já que nós nos rendemos – é que isso nos isola de nossos telespectadores e leitores. Eles não são estúpidos. Eles entendem as palavras e, em muitos casos – temo – melhor que nós. Eles sabem que estamos afogando nosso vocabulário na linguagem dos generais e presidentes, das assim-chamadas elites, na arrogância dos experts do Brookings Institute, ou daqueles da Rand Corporation ou o que eu chamo de think tanks."

Talvez seja essa mais uma das razões a explicar a crise continuada da velha mídia, não só entre nós, mas no mundo: nossos telespectadores e leitores não são estúpidos.

A partidarização como estratégia de sobrevivência e a adoção acrítica da narrativa do poder estão acelerando a desconstrução de modelos superados de jornalismo e, inclusive, de modelos de negócios. Insistir neste caminho significa, para a grande mídia, abreviar seu próprio fim.

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A mídia e a tática da demonização

As pesquisas qualitativas dos institutos de pesquisa Datafolha e Ibope são bastante reveladoras de métodos tradicionais da velha mídia.

Até algum tempo atrás, uma das táticas mais bem sucedidas do jogo jornalístico consistia na demonização de personagens. Criavam personagens à altura dos filmes de terror classe B de Hollywood, passando para o leitor a sensação do perigo iminente, do vilão de sete vidas cujo único antídoto era o trabalho corajoso e pertinaz da mídia.

Depois da democratização, viveram esse personagem sucessivamente Orestes Quércia, Paulo Maluf, José Sarney, Fernando Collor, Sérgio Motta. Em caráter regional, Joaquim Roriz. Mais recentemente, Renan Calheiro e José Dirceu.

É só conferir o depoimento do leitor que foi pesquisado pelo IBOPE – com a pergunta sobre o que achava de José Dirceu – e a matéria de hoje da Folha, uma forçada de barra para colocar o nome de Dirceu na campanha.

um jogo tão óbvio que no ataque perpetrado pela Folha contra mim, a editora de Política Vera Magalhães colocou na matéria que, no tal episódio da Eletronet, eu tinha feito a defesa do Dirceu. Quem leu sabe que não houve nada disso, mas incluindo o nome do "maldito", julgava poder prescindir da necessidade de levantar argumentos consistentes sobre a cobertura que dei ao caso - e que comprometia a Folha.

Embora a própria opinião pública considerasse vilão maior, ACM jamais entrou nessa lista. Sempre foi poupado mercê dos grandes favores prestados a grupos de comunicação, quando foi Ministro de Sarney; e também graças às ligações com grupos de influência entre jornalistas – pessoas que, mesmo sem ocupar cargos de direção, lograram montar um séquito de aliados nas diversas redações.

Na ponta do lápis, não há grandes diferenças entre os métodos de alguns capitães de mídia e alguns coronéis políticos.

No início da série sobre a Veja, mostrei a estratégia da manipulação de escândalos, comparando a uma gôndola de supermercado, na qual o jornal retira o pacote de escândalo conveniente a cada momento, se não tem fabrica, com o intuito de transformar em arma dos seus próprios interesses pessoais. O denuncismo da mídia não obedece a uma lógica de depurar a política e controlar os poderes, mas como ferramenta de seus próprios interesses.

Logo depois, esse jogo se escancarou de maneira inédita com os desdobramentos do caso Satiagraha, no qual a velha mídia fuzilou reputações de juízes, desembargadores, jornalistas, delegados de polícia de forma inédita. E tudo isso em defesa de Daniel Dantas.

Com as características da política brasileira, a indignação seletiva pe desmascarada instantaneamente. Aliançcas são inevitáveis. Lula se alia a Collor e Renan; Serra a Quércia e Maluf; FHC recebe Joaquim Roriz. Ou seja, demônios para todos os gostos e partidos. A velha mídia seleciona apenas os dos adversários, praticando o velho jogo dos tempos das cortinas fechadas. Só que a blogosfera inteira acompanha o jogo de dentro do palco. Algo ridículo.

Por isso mesmo, esse denuncismo tende a perder força a cada momento. E, insistindo nesse jogo aberto – porque escancarado hoje pelas novas mídias – a velha mídia arrisca-se a ser o próximo ator do personagem que ela escolheu: o demônio da hora.

Para os "outros", apenas paz

Por Roy Frenkiel, Jornalista
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É impossível testemunhar a morte de crianças e pessoas inocentes em qualquer parte do mundo pelos motivos banais que tanto causam as suas mortes – a fome, não tratamento de doenças e infecções tratáveis, falta de saneamento básico, guerras e as guerrilhas que consomem, aleatoriamente, partes do planeta – sem chocar-se, sem sentir-se impotente e sem refletir sobre a utilidade da própria vida. Nada é mais santo do que a vida de uma pessoa. Em minha religião abandonada, justamente, pela ilógica condução de uma vida, esta lógica era majoritariamente clara. O Rebbe de Lubawitch, Menahem Mendel Schneirson, dizia que “a voz de uma criança chorando deve atingir a todos os ouvidos.” A Torá apenas requer o auto-sacrifício se o pedido em troca de uma vida judaica seja o de outra vida, ou o cometimento de abusos sexuais, ou a negação do próprio judaísmo. Atualmente, faria de tudo para salvar minha própria até mesmo se tivesse de negar, momentaneamente, meu judaísmo. Minha vida, ou a de qualquer pessoa, sempre vale mais do que um único instante.

Crianças são sempre intocáveis, e cidadãos comuns em busca de crescimento individual e social não merecem guerras mórbidas, nem mesmo se “torcerem” mais para um povo do que para o outro. Meu acordo com esse lado tão mal-usado na verbatim internacional, o “humanitário”, é que não concordo, e jamais concordarei, com uma única morte em qualquer conflito ou banalidade que aflijam esse mundo. Contra bombas, tiros, mísseis e explosões, fome, preconceito e corrupções sociais sou radical.

Mas também sou israelense. Cresci em Israel, onde fui educado, onde estudei, onde acostumei meu paladar à comida, tanto a local quanto a internacional, onde pendurei meu primeiro piercing, rezei pela primeira vez, chorei mágoas de amores pela primeira vez, desencontrei e encontrei e desencontrei de novo o Deus Hebreu pela primeira vez, e fugi das obrigações do exército com essa desculpa pela primeira vez. Lá tinha os membros mais antigos de minha familia, as raízes de três de nossas gerações, alguns de meus credores prediletos, meu sorvete preferido, as paisagens das quais mais sinto falta, as discotecas nas quais mais “curti” a noite e, em resumo, muitas de minhas melhores lembranças se deram em Israel.

Aqui sofro um dilema cognitivo pessoal. Por um lado, não posso não reagir pró Israel. Quando ocorreu o atentado em uma discoteca no centro de Tel Aviv em 2001, assisti pela televisão no apartamento a poucos quilômetros do local. Conheço ao menos dois conhecidos de conhecidos que morreram pelas balas e bombas dos árabes do “outro lado” da fronteira. Não posso não sentir, inicialmente, uma raiva letal do “outro”. Porém, já que não sou um troglodita, minha raiva nunca quis explodir pelo rifle que alguns de meus colegas, amigos de infância e irmão tiveram de carregar por três anos. O engraçado é que nenhum desses amigos eram ou são trogloditas, e nenhum deles pendurou o rifle porque sentia raiva. A maioria de nós esboçava essa raiva no mundo secular de minha infância mais jocosa do que seriamente. Era quase engraçado pensar no árabe como o inimigo “rashá” (perverso).

Frequentei a cidade de Ashdod, uma das afligidas pelos mísseis esporádicos da Faixa de Gaza, especialmente quando religioso quase que diariamente depois da intifada decorrente da visita de Ariel Sharon aos locais santos nos subúrbios da Velha Jerusalém para ambos muçulmanos e judeus. Já peguei caronas com o medo de ser sequestrado por algum “terrorista” árabe. Já tomei cerveja com árabes cristãos na cidade de Jaffo, satélite de Tel-Aviv. Meu médico, como a da maioria das pessoas do meu bairro, era árabe cristão. Via árabes e judeus regularmente no cenário israelense, e fora dele tive o privilégio de conhecer habitantes tanto de Gaza quanto do Leste de Jerusalém. A maioria desses encontros foi agradável e produtiva.

O dilema se aprofundou quando contemplei os dois lados da história da existência de Israel, sendo que suas ramificações teóricas são incontáveis, tão infinitas quanto as versões populares. Por um tempo, pelo afastamento da religião judaica e pelo sentimento de traição que tinha por Israel quando conheci de seus mal-feitos, concluía que precisava defender a causa palestina (já iniciava a chamar tanto judeus quanto árabes de palestinos) mais do que a israelense. A maioria dos pensadores liberais que alimentavam meu conhecimento pensavam como eu àquela época, como alguém que defende os mais fracos dos mais fortes, uma causa clara para um jovem cheio de ideologias.

Mas ao longo dos anos li relatos complexos de historiadores como Eric Hobsbawm e Howard Zinn, que mesmo judeus criticavam a expansão territorial, as táticas militares, o processo das Forças Armadas Israelenses e sua lógica governamental. Me deparei com dezenas de grupos fundados por judeus e árabes igualmente que lutam pela paz no Oriente Médio, mais especificamente pela concretização do Estado Duplo, a solução prescrita pelas Nações Unidas antes dos conflitos dos anos cinquenta e sessenta. Lentamente, amadureci minha cisma contra Israel e percebi que o movimento pró-paz em Israel é enorme, tão maior ainda entre judeus residindo no Exílio do que entre árabes regionais.

Ao me aprofundar nas causas palestinas, descobri que muitos intelectuais (um de meus mentores mais queridos é muçulmano) árabes pensavam como eu, que qualquer morte, em qualquer parte da fronteira, é inaceitável, e que o Golias Israel é um mero David cheio de acnes perante as potências islâmicas, árabes, persas e kurdas desse planeta moderno, sendo que estas precisariam apenas unir-se (ironicamente, ontem Mahmoud Abbas pediu a união dos grupos árabes Fattah e Hamas contra Israel, diplomaticamente falando, dizem eles, mas eu não creio) e mesmo quando se comporta como David, os conflitos sociais que se deterioraram ao longo dos anos tem vida própria, e não há nada que possa apaziguar isso em passe de mágica, sem processo lento e sacrifícios sérios de ambos lados.

Também encontrei, para meu pesar, muitos grupos políticos e sociais, como muitos indivíduos que, em seu não-reconhecimento do Estado de Israel, legitimam a morte de quantos judeus e israelenses forem necessários para recuperar a Palestina. Nos últimos anos, especialmente da América Latina e, no meu caso, essencialmente do Brasil, é esse o coro predominante. Cartuns mostrando Netanyahu como terrorista sanguinário (como se o comportamento bélico de Israel fosse apenas maldade pura, mesmo que essas mesmas pessoas justificam a luta armada dos árabes), matérias que não contam toda a verdade, e um verdadeiro esquema midiático que apenas expõe a dicotomia da intolerância das ambiguidades. É fatídico, em minha mente, que Israel nunca soube usar a mídia como os árabes. Além disso, em Israel encontramos poucos mártires, a maioria não admite morrer em nome de uma causa. Os “observadores” ignoram o óbvio mais escandaloso. Quantos lideres religiosos e governamentais não prometeram a aniquilação (holocausto) de todos os judeus no mundo? Quantos não juraram que os judeus em Israel deveriam ser “atirados ao mar”?

É difícil expressar qualquer fato desacompanhado da noção de que as vias que comunicam deturpam fatos e reconstróem estórias. Mesmo assim, não é difícil perceber que o preconceito existe nos dois lados, tanto quanto há, dos dois lados, pessoas que lutam pela paz. Alguns argumentariam que um dos dois lados tem governo melhor, ou aliados melhores, mas julgo que esse impasse é impossível de se resolver e subjetivo demais para sequer trazer à mesa. Israel tem lados extremamente corruptos em seu governo e exército. Assim, no entanto, é a realidade das organizações palestinas, e dos países árabes, persas e kurdos que os cercam. O Irã tem governo menos corrupto, por acaso? Agora, após a tragédia da frotilha turca (que, segundo seus líderes tinha como prioridade furar o bloqueio de Gaza, e não levar os mantimentos conforme prometido, já que para tanto aceitariam o que foi sabidamente oferecido, entregar os mantimentos ao exército israelense) Irã é de santos e anjos imaculados e bem intencionados, incrivelmente, e mais incrivelmente muitos compram, sentimentalmente, essa ideia.

A questão que mais dificulta meu dilema é: Podemos justificar mortes israelenses ao invés de árabes ou vice-versa? Temos como exigir de Israel uma postura mais pacífica sem que essa exigência seja direcionada aos seus vizinhos do “outro lado” da fronteira? Temos como exigir do Hamas, Fattah ou qualquer outra entidade árabe ou palestina que párem de reagir violentamente às condições violentas que fomentam suas causas? E exigir a honestidade dos corruptos não é um anátema?

O ódio que venho testemunhando contra Israel de pessoas que nunca sequer estiveram no Oriente Médio para saber como vivem os “dois” lados é contra-produtivo e injustificável. Estagna qualquer espécie de reação diplomática pacífica. A utilização da mídia é a arma mais potente, e logo por isso as pessoas escolhem em qual meia-verdade acreditar. Para que escolher uma meia verdade? Não é melhor ser realista, pensar em um projeto concreto para a facilitação de um processo pacífico na região, e esperar para julgar os exatos malfeitores quando/se a verdade ressurgir? Do que tantos tem medo? Que Netanyahu sáia impune? Ora essa, Bush saiu impune, Idi Dada Amin, Pinochet, e os generalíssimos brasileiros saíram impunes. O que importa é paz e como chegar lá. Alguém tem sugestões?

A realidade no Oriente Médio não se equipara, nem remotamente, à realidade dos Estados Unidos quando decidiu no fim do século 19 que tinha um destino a cumprir como dono indisputável das Américas e de todo território que fosse de seu interesse. A vida local é dozada de incertezas, mesmo que um dos povos esteja socialmente mais avançado do que o outro. Pois eu, como judeu, como israelense e como amante de Israel, não quero que Israel desapareça. Como neto de sobreviventes do holocausto sei o que significa não ter uma pátria nesse mundo de ideologias passageiras. Não mais me importa, do ponto de vista prático, se foi injusta a colonização israelense, ela já é, já existe, é um estado, tanto quanto Gaza quer ser e deveria já ser considerado, ao que seria um estado “inimigo de seu vizinho” por enquanto, ou seja, não avançaria, assim como está, nenhuma causa para a paz. Quero apenas que essa repartição seja justa e segura de agora em diante, que o Estado Duplo venha a existir, e que a convivência pacífica seja legitimamente viável. No mais, quando morrem crianças, o que tenho a fazer é apenas chorar. Consigo dormir ao fim da noite apenas porque penso que nessa tristeza pelo sangue de inocentes derramados, não desejo a morte de “outro” ninguém.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Quanto mais belo, mais caro, certo?

Monet
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É melhor admitir de cara para não “pagar mico” depois: nada entendo sobre a estética fundamental do disco voador, muito menos sobre pintura. Apenas gosto. Monet, Renoir e, meu xodó, Cândido Portinari, são meus ultra-preferidos. Acho que A Mão e Procura de Poesia (poemas do pintor das palavras, Carlos Drummond) absorve bem a questão, tanto da pintura quanto da poesia.

Portinari

Renoir
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Contudo, apesar de não entender nada de pintura (e por isso mesmo!) peço ajuda: por que este quadro (abaixo) custa tudo isso?

Andy Warhol
9 a 12 milhões de Euros!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!