terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Contos pequenos sobre Coisas de nada

Finalmente saiu.
É virtual, mas já é alguma coisa.
Sempre tive vontade de reunir os contos que publiquei aqui, no nosso Resumo da Chuva, e lançá-los em livro. Não sabia como fazer sem desembolsar uma fortuna para isso.
E foi a Saraiva quem deu a solução: livro virtual pela Publique-se (uma espécie de editora virtual da Saraiva).  
Agora, vamos esperar sentados a disposição do meu eu escritor para finalizar a porra do Romance que já dura algum tempo. Acho que o meu eu cachaceiro anda atrapalhando...

Enfim, para quem quiser adquirir, é só clicar aqui, ó:

http://www.livrariasaraiva.com.br/produto/6783967

Abraço a todos!

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Rose e a rosa


Num ônibus rumo a algum bairro abandonado de algum cu do mundo, 06 jovens entram no coletivo vindos do alistamento militar.
Um deles começa uma algazarra, cabeça para fora da janela, assobios, xingamentos, cantadas machistas; os outros rindo, interagindo, panfletários.
O ônibus segue com os seus outros passageiros quietos, raivosos, mas quietos. Alguns, talvez, com medo da gargalhada, do ataque bobo, da cor da pele. Medo da identificação que ele não quer assumir para si, mas que enxerga nos outros: a pobreza aliada à falta de educação.
Certo seria alguém levantar e dar um esporro, avisar sobre os limites ultrapassados, pedir para descerem do coletivo. Ninguém o fez. Rose também não fez.
Certo seria a inclusão, o desentendimento coletivo, o debate. Mas todos preferiram excluir. Deixá-los no seu legado de preto-pobre-marginal: “Eles são eles, nós somos nós e cada qual no seu quadrado”.
Os 06 jovens fizeram o que deles é esperado pelos outros, os outros fizeram o que a sociedade quer que seja feito em casos assim: não corrija, prenda; não elucide, exclua; não eduque, mate.
Quando Rose deu as costas para o acontecimento ela quis preservar-se fisicamente, ela quis evitar confusão. Mas e se todos se metessem? 30 contra 06? Os jovens agrediriam ou seriam obrigados a ouvir o sermão? Rose desceu do coletivo atrás dos jovens e pode ver o semblante da exclusão, do nojo, do medo nos semblantes dos outros pobres e pensou o quanto a perversidade do sistema está em te fazer acreditar que você só tem semelhança com o dominador, nunca com o dominado.
E Rose lembrou a rosa e a rosa lembrou Hiroshima.

Sem cor sem perfume sem rosa sem nada.


segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Bruxarias do mercado em ano eleitoral

Elio Gaspari

O fato de um sujeito ser paranoico não impede que ele esteja sendo seguido. A doutora Dilma reclamou que seu governo sofre uma “guerra psicológica”.

Nada mais natural para um comissariado que vive sob a mentalidade do sítio, julgando-se perseguido pela imprensa, pelos aliados e pelo mercado. Mesmo assim, o paranoico pode estar sendo seguido.

Outro dia a agência de risco Moody’s anunciou que poderá baixar a cotação do Brasil. Isso foi o suficiente para provocar um leve piripaco no mercado financeiro. O fato de a Fitch ter dito o contrário não teve qualquer importância.

As três grandes empresas desse mercado (Standard & Poor’s, Moody’s e Fitch) são uma espécie de oráculo. Por mais que possam ser neutras, a verdade é que com esses anúncios pode-se ganhar um dinheirinho fácil.

Compra-se hoje, vende-se amanhã e embolsa-se algum. Na crise de 2007, elas passaram por um vexame histórico. Lambuzaram bancos quebrados e iludiram a boa fé do público. Essa foi a conclusão a que chegou uma comissão de inquérito do governo americano.

Faz melhor negócio quem acredita nas agências de risco e não presta atenção ao que diz o ministro Guido Mantega, mas coisas estranhas acontecem no mundo das previsões econômicas.

No final de abril de 2008, Lula decidiu tirar o doutor Henrique Meirelles da presidência do Banco Central, convidou o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, que aceitou. No dia 1º de maio a agência Standard & Poor’s elevou a cotação do Brasil, concedendo-lhe o “investment grade”. Meirelles ficou no BC.

Durante a campanha eleitoral de 2002 o banco JP Morgan rebaixou a cotação do Brasil diante da possibilidade de Lula vencer a eleição presidencial. Nessa época, o Morgan fazia negócios com o gênio Bernard Madoff, que vendia vento, numa fraude de US$ 65 bilhões, a maior da história americana.

Há pouco, o banco concordou em pagar uma indenização de US$ 2,6 bilhões às suas vitimas. Seus diretores não fizeram isso por altruísmo, mas para encerrar um processo que poderia levar alguns deles à cadeia.

Já o banco Goldman Sachs criou em 2002 uma gracinha chamada “Lulômetro”. Era uma bonita equação onde o interessado preencheria as variáveis ao seu gosto e obteria o valor do dólar caso Lula fosse eleito. (A moeda americana ameaçava chegar a R$ 4).

Divide-se a galera da psicologia das previsões em três grupos.

Um quer advertir a clientela para a situação econômica ou os riscos de um resultado eleitoral num determinado país. É esse o seu papel.

Outro, quer influenciar a plateia e faz de bobo a quem acredita na neutralidade de sua previsão.

No terceiro grupo estão aqueles que pouco se interessam pelos resultados econômicos ou eleitorais. Querem apenas ganhar algum.

Na crise do real sobrevalorizado de 1998, um banco americano publicou um artigo propondo que Fernando Henrique Cardoso confiscasse a poupança nacional, como fizera Fernando Collor. (Sugestão idêntica veio do presidente da Argentina, Carlos Menem).

Era maluquice, mas um conhecedor do mercado estudou as cotações dos papéis brasileiros nos dias anteriores e posteriores a essa sugestão e concluiu que um espertalhão poderia ter ganho algo como US$ 5 milhões em poucos dias.

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Eremildo, o idiota, foi ao Maranhão

Eremildo é um idiota e soube pela repórter Andréia Sadi que a governadora Roseana Sarney, donatária do Maranhão, queria abrir uma licitação para adquirir mais de uma tonelada de camarões, 750 quilos de patinhas de caranguejo e um estoque de lagosta fresca. A feira custaria cerca de R$ 1 milhão e abasteceria a despensa da doutora tanto no palácio como em sua casa de praia.

Depois o cretino soube que o governo de Roseana Sarney divulgou uma nota repudiando a divulgação de um vídeo "com apelo sensacionalista". Eremildo convenceu-se que alguém havia filmado as lagostas e patinhas de caranguejo da governadora. Achou que o repúdio era mais do que justo.

Só depois ele soube que o vídeo mostrava presos decapitados numa prisão maranhense. O governo da senhora disse que ocorreu uma "ação criminosa (...) que fere todos os preceitos dos direitos humanos". O idiota ficou com uma dúvida: se o vídeo não tivesse sido divulgado, os direitos humanos dos presos degolados teriam sido preservados?

Eremildo fez umas contas de economia doméstica com a despensa da doutora Roseana. Ela pretendia gastar R$ 1 milhão para abastecer seu palácio e a casa de verão durante um ano. Isso dá uma conta de US$ 418 mil. (Isso para não se falar no caviar para visitantes ilustres.) Como disse a doutora, o Maranhão tem problemas porque "está mais rico", e rico sem caviar é um miserável.

O bilionário Michael Bloomberg foi prefeito de Nova York durante 12 anos e a conta dos almoços e cafés da manhã de seu gabinete ficou em US$ 890 mil, ou US$ 74 mil por ano.

Uma diferença: Bloomberg, que já era bilionário quando entrou para a política, pagou a fatura com dinheiro do próprio bolso.


domingo, 12 de janeiro de 2014

Um abraço, Professor!


E morreu Moacy Cirne. Poeta maior, um dos fundadores do Poema/Processo, especialista em Histórias-em-quadrinhos, Professor, blogueiro.

Mas o que mais me marcou, num sujeito já tão marcante, foi a sua generosidade.

Generosidade ampla, carinhosa, forte. Publicava meus rabiscos em sua página junto às obras-primas dele como se fosse possível a igualdade. Não era possível. Moacy era grande. Mas eu e meus amigos blogueiros estávamos lá, sendo abraçados, incentivados por esse professor verdadeiro.

Lamento a sua morte, sem dúvida. Mas não posso jamais deixar de celebrar a sua vida!

Um abraço, Professor. Até a próxima!

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

nadas - por Sandra Camurça

Um pé de acácia me espia da janela com seus amarelos de tão verão. Ele me chama pro dia. Parece até que ele sabe que eu sei que preciso ver o dia, o céu, o sol, eu sei… mesmo assim, por enquanto, hiberno em pleno verão. Aprendi a amolecer pedras mas ainda não sei diluir calor em chumaços de algodão. Há quanto tempo, quanto tempo aguento esse suor brabo? Quero um pouco de flores de algodão úmidas, frescas, enroscadas de névoa. Nunca vi isso, são imagens que vêm como um sopro ao desejar algo frio e fofo, algodão e delicado. O vento leva tanta coisa… Quero um vento sopro de algodão que leve, de leve, tudo que me sangra e queima. Quero um vento-gaze, curativo, sem isso só mesmo o cuspe na ferida, a língua que lambe encarnada, o chumaço, a flor… Alcanço a onda azul, um tipo de nuvem que sobe em espiral, orgânica e cremosa, derramo um sopro amanteigado que desfaz a forma, a cor… Vi algodões voando, uma chuva branca fez a tardinha em flocos: sonho de neve no lusco-fusco verão. Já perdi o tempo, todas as horas dormentes, mas guardo os quatro ventos dentro de uma bexiga azul, o azul me diz tanto… Às vezes peço que a bexiga me leve, voo de balão cobalto, baixa mesmo é a pressão do ar derretendo sangue pelas narinas. Vermelho é cor que desbota em rosas, pétalas. Azul quando desbota é céu, mar, aquela velha calça… No Atlântico lesmas marinhas podem ser de diversas cores. Mas são azul-violeta aquelas que amolecem pedras. São tantas, as lesmas, as pedras, as mesmas pedras onde tropecei um dia. Todas elas, lesmas unidas, grudadas em cada pedra iniciam o trabalho de amolecimento, um processo que envolve muco e nódoa, grude e lodo, tudo a favor do amolecimento. Não há mistério, apenas a mesma persistência de quem tira leite de pedra ou a tal “água mole em pedra dura…”. Foi assim que aprendi a grudar em pedras e amolecer sua dureza com muco, suor, saliva. Foi assim também que o calor não me deixou esquecer o algodão em neve, a flor, o azul… No primeiro mês de verão chumaços de algodão evaporam em minhas mãos.



quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Notaspoucas

Almanaque 68 - Sandrix  (retidado de Vandalaviral)

Estava passando os olhos mornos pelo jornal amassado e confesso que preciso de um curso de compreensão de texto. Urgente! Os grandes periódicos dizem que o país sofreu o pior superávit dos últimos anos. Ou seja (pra ficar bem explicado), você ganhou na mega-sena 01 milhão de Reais, mas foi o pior presente milionário que alguém já ganhou em anos!
Entendo o que eles queriam dizer: Torcemos contra, mesmo, e que se foda!
Entendo o que eles quiseram que eu entendesse: tragédia descomunal e incompetência governamental, sideral, débil mental.
Entendo (quase) o que aconteceu: nós lucramos, mas foi quase no “talo”, quase não deu. Precisamos melhorar.
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            Apartamento em Ipanema custando 66 milhões de Reais com 600 metros quadrados. O metro quadrado custa R$110.000,00. E você acha que violência é fazer protesto... Tadinho.
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A Petrobrás vai acabar, vai explodir, vai implodir, vai lucrar, vai falir, vai morrer ou tudo não passa de uma armação midiática do tipo: vamos desvalorizar o nome que se o mineiro ganhar a gente fala que dava prejuízo e privatiza? Petrobrás – há 60 anos desmentindo os derrotistas.
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            Os médicos cubanos continuam a despertar ódio na mídia branca e nos que ganham 20 mil por mês. Isso só pode ser medo. Conhece algum médico bom temendo concorrência? Um conhecido, formado, disse que o problema não são eles, mas a infraestrutura inexistente nos cantões do país. Então, tá, devo acreditar que médicos, nas grandes capitais, fazendo atendimento de 15 segundos e faltosos do plantão noturno gerando óbito são múmias implantadas pela esquerda? Quem mora nos grotões sabe o que é o Brasil que a classe média finge não ver (e os médicos fingem que vão). Infraestrutura inexistente é no Brasil todo, capital ou não. O que esses daí não querem é ficar perto da miséria. Ponto.
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            Vamos combinar? nenhum apartamento deveria valer 66 milhões e nem eu ou você deveríamos ter esse dinheiro sobrando para comprar.


quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Kennedy e a deposição de Jango

Por Elio Gaspari

Jango e Kennedy - Arquivo: Fundação Getúlio Vargas

No dia 7 de outubro de 1963, 46 dias antes de ser assassinado, John Kennedy presidiu uma longa reunião na Casa Branca e nela, em poucos segundos, fez a pergunta essencial a Lincoln Gordon, seu embaixador no Brasil: "Você vê a situação indo para onde deveria, acha aconselhável que façamos uma intervenção militar?". Gordon mostrou-lhe que esse era um cenário já discutido, porém improvável.

Um ano antes o presidente americano pusera no seu baralho a carta de um golpe militar para depor João Goulart. A associação de Kennedy ao golpe está amparada nos fatos, mas ao longo do tempo pareceu mais fácil jogar a responsabilidade em Lyndon Johnson, seu detestado sucessor. Desse truque participou até mesmo Jacqueline, sua adorável viúva.

Tudo ficaria mais fácil se Jango tivesse sido derrubado pelos americanos, mas ele foi deposto pelos brasileiros, numa sublevação militar estimulada e apoiada por civis. A Casa Branca, contudo, sagrou a insurreição reconhecendo o novo governo enquanto Jango ainda estava no Brasil, cuidando de suas fazendas, a caminho do Uruguai.

Passados cinquenta anos, numa época em que o aparelho de segurança americano grampeia comunicações pelo mundo afora e mata gente com seus drones, vale recordar outro momento da ditadura brasileira. Em 1971, o presidente Emílio Médici visitou Washington e foi festejado pelo presidente Richard Nixon com a frase "para onde for o Brasil, também irá o resto do continente latino-americano". Discutiram a derrubada do presidente chileno Salvador Allende (ela ocorreria dois anos depois) e o general brasileiro ofereceu-se para ajudar no que fosse possível para derrubar Fidel Castro.

Em agosto de 1970, a embaixada americana em Brasília mentia para o Departamento de Estado informando que a tortura estava sendo substituída por métodos "mais humanitários" de interrogatório. Citava dois casos de mulheres presas em São Paulo. Pura patranha. Ambas haviam sido torturadas no DOI, onde o consulado americano mantivera um pesquisador-visitante. Ademais, endossara uma versão falsa da morte de um preso. (O cônsul no Rio, Clarence Boonstra, desmentia essa informação.) Num depoimento ao Senado americano, o chefe do programa de segurança pública do programa de ajuda ao Brasil disse que não sabia o que era o Codi e não lembrava o que fosse uma "Operação Bandeirante". A fraternidade da diplomacia americana com o DOI rompeu-se com a chegada a São Paulo de um novo cônsul, Frederic Chapin, personagem injustamente esquecido na história do período.

A cumplicidade do governo americano com o regime brasileiro terminou em 1977, quando assumiu o presidente Jimmy Carter. (Um ano depois da demissão do general Ednardo D'Avila Mello pelo presidente Ernesto Geisel por causa da morte de um preso no DOI de São Paulo.) Empunhando a bandeira dos direitos humanos, Carter afastou-se das ditaduras latino-americanas. Com essa reviravolta, os Estados Unidos fizeram melhor que os franceses, que mandaram ao Brasil como adido militar o general que se intitularia "maestro" da tortura na Argélia, ou que os ingleses, que forneceram a tecnologia de celas especiais para o DOI do Rio. Nelas, som e silêncio, calor e frio, alternavam-se para desestruturar os presos.


terça-feira, 7 de janeiro de 2014

You say goodbye and I say hello

Monet

Ali estava ele, fumando a sua maconha de final de tarde e produzindo as idéias mais incríveis, e que jamais serão colocadas em prática, do mundo! Sorria como que hipnotizado por Vênus e, pau rijo, imaginava-se na contra-capa de Sgt. Peppers, fazendo careta para um misto de todos os rostos e divindades; do diabo a Francisco de Assis, de Frank Sinatra a David Bowie. Estava ele cantando Let There Be More, arruinando aquele solo sensacional de guitarra com as suas gargalhadas ambíguas... Estava ele cantando e dançando alguma coisa que aprendeu com o seu tio no meio de uma forte bebedeira de ambos, com garrafa de Jack Daniel´s quebrada na grama e uma reserva especialíssima de Johnnie Walker Platinum já pela metade... Estava ele ali, definitivo. Dessa vez, flutuava sozinho, um camel fechado sobre a mesa junto a outro Johnnie Walker, este, de rótulo preto, e o baseado entre os dedos. Let There Be More deu espaço para achegada de A Pillow of Winds e tudo virou leveza e criação.

And deep beneath the ground the early morning sounds
And I go down
Sleepy time when I lie with my love by my side


Seu ipod de repente parou e a coletânea que fizera com as suas preferidas desapareceu. Bateria - nunca se lembrava de carregar o aparelho. Saiu da varanda para finalmente escutar a campainha que dilongueava sem parar. Era ela. Olhos nos olhos e tudo virou uma espécie de tela cuja tinta fresca ainda realizava o destino de preencher os poros do algodão da tela, Ela disse alguma coisa sobre “Como vai? Eu precisava vir falar umas coisas, mas já esqueci o que era.” Ele sorriu porque ela merecia mais que ele e, na absoluta soberba criativa, ofereceu o seu baseado e um beijo com muito amor. Ela aceitou e foram temas que se locupletaram tamanha riqueza sexual dos dois quando juntos, radiantes e chapados. “Coloca uma música e me oferece o teu uísque, meu amor. Um copo só, eu reparto com você”. Ele fez o que ela pediu. Levantou do chão e abriu o laptop, conectou na caixa de som do estéreo na sala e deixou If God Will Send His Angels encostar nas paredes e escorrer pelo tapete. Ela perguntou se não havia alguma coisa do Coltrane, do Davis, da Bessie. Ele disse que só tinha Beatles e ofereceu gelo. “Prefiro beber a Cowboy, mas aceito um pouco de Beatles.
Ele despejou Hello, Goodbye e ela percebeu que ele dizia Eu te Amo.
“Eu não vou mais embora”. E foi tudo o que ela disse.

I say high, you say low
You say why and I say I don't know

Oh no
You say goodbye and I say hello
(hello, goodbye, hello, goodbye)